Pois a visão aguarda
um tempo designado;
ela fala do fim e não falhará.
Ainda que demore, espere-a;
porque ela certamente virá
e não se atrasará.Na manhã seguinte, um sentimento de saudade profunda invadia meu peito, como se uma parte de mim estivesse faltando. O peso da ausência era quase palpável, mas tentei afastar esses pensamentos. Eu sabia que teria um dia longo pela frente, cheio de responsabilidades e novos desafios.
O evento do dia anterior com o conselho ainda estava fresco em minha mente. Foi quando meu dom despertou, uma experiência avassaladora que ainda me deixava perplexa. Ian havia sido bem enfático após o ocorrido: eu precisava treinar antes de me aventurar em qualquer missão. Suas palavras ainda ecoavam na minha cabeça, um lembrete da importância do que estava por vir. Esperei pacientemente que Ian batesse à minha porta, sentindo uma mistura de ansiedade e excitação pelo que estava por vir. Estava pronta para aprender, para crescer, e para descobrir mais sobre o meu dom e o mundo que agora fazia parte da minha vida.
Quando bateram à minha porta, meu coração acelerou de expectativa. Esperei ver o familiar par de olhos verdes de Ian, mas em vez disso, encontrei Estela parada de braços cruzados. A decepção foi imediata. Ela nem sequer se deu ao trabalho de me dar um bom dia.
— Siga-me. — Ordenou, sem cerimônia. Sua voz era firme e sem espaço para questionamentos. Eu não tinha escolha a não ser obedecer.
Caminhamos por corredores estreitos e iluminados apenas pelo brilho tênue de lâmpadas antigas, até chegarmos a uma porta diferente das outras. Quando Estela a abriu, fiquei surpresa com o que vi. A sala era ampla e bem iluminada, um contraste marcante com os corredores escuros. O chão era coberto por um tatame impecavelmente limpo, que exalava um leve aroma de borracha nova misturado com um toque de madeira polida. As paredes eram revestidas com painéis de madeira escura, dando à sala uma atmosfera acolhedora, mas ao mesmo tempo séria. Em um dos cantos, havia um conjunto de armas de treino – espadas de madeira, lanças e bastões – cuidadosamente organizadas em suportes de metal. No lado oposto, espelhos ocupavam toda a extensão da parede, refletindo a luz natural que entrava por grandes janelas altas. A iluminação natural, junto com algumas lâmpadas penduradas no teto, criava um ambiente perfeito para treinamento intenso.
No centro da sala, havia marcas no tatame indicando áreas de combate e pontos de treinamento específicos. Pude perceber que cada detalhe ali era projetado para maximizar a eficácia do treinamento. No entanto, antes que qualquer ação pudesse começar, ela sentou no tatame e pediu que eu sentasse ao seu lado.
— Antes de iniciarmos, eu quero me apresentar formalmente, eu sou Estela e sou uma das oficiais dos Vulpes, estou na ala de guerra, isso significa que quando somos atacados de alguma forma eu que sou chamada.
— Atacados? — Arqueei a sobrancelha realmente em dúvida.
— Temos inimigos, Ária, não é um trabalho fácil o que nós fazemos, existem nós os volpes e existem outros que vão contra a ordem do mestre, acreditam que as pessoas podem traçar destinos diferentes, tentam despertá-las e as fazem se tornarem rebeldes, diferem da sua natureza. — O tom da sua voz era duro, tinha raiva ali. — Ele se intrometem demais, acabam com o nosso planejamento de anos. Apesar de termos dons, ainda assim não somos imortais, vivemos sim alguns anos a mais do que um ser humano comum, mas nosso corpo padece, sentimos dor, se nossa cabeça for cortada, não nascerá outra no lugar. Além deles, temos também mais inimigos na outra dimensão, que só conseguimos ver com muito, muito, muito treino, eles são sorrateiros e gostam de nos pegar desprevenidos, ficamos visíveis para eles quando usamos o nosso dom.
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DESPERTOS - A ESCOLHA
FantasyÁria é uma menina comum que vive sua vida sendo constantemente influenciada pelos outros. Sua rotina muda drasticamente quando conhece um homem misterioso que lhe concede acesso ao mundo espiritual e o poder da visão. Com essa habilidade, Ária pode...