[9]

188 18 11
                                    

Fernanda

Desci os andares em silêncio. Pitel havia ficado com Daniel enquanto ele a acalmava. Maycon era um passado doloroso pra todos nós, e o motivo era ter machucado Pitel de uma forma brutal. Foi colocado por nosso pai para cuidar de nós, assim como Daniel efetuou o trabalho com responsabilidade. Mas Maycon não.. Maycon se aproveitou da situação e curta idade de Pitel pra abusá-la e satisfazer seu prazer.

Adentrei a cozinha enquanto trazia em mãos o maldito e viciante copo de whisky irlandês. Buda me olhou confuso. Apenas acenei e ele entendeu que Pitel estava tendo uma crise, deixando o que tinha de fazer e indo atrás da esposa.

Alane tinha uma expressão confusa no rosto, mas não questionou pois talvez achasse que fosse ser invasiva.

Notei que ela já havia criado uma intimidade com Laura, que claramente era mais interativa e consequentemente menos tímida que Marcelo. Vi que a morena buscava chamar a atenção de Marcelo, puxando assuntos que ele gostava ou até tentando se adaptar ao que ele buscava demostrar aos poucos.

Eles eram totalmente diferentes de mim por mais que ficássemos o dia todo grudados. Eram super compreensivos e entendiam quando eu não podia estar por perto. Foram criadas apenas por mim, sua tia e tio e Daniel. E ao longo da criação isso facilitou para que eles me compreendessem de todas as maneiras me apoiando dos seus jeitos únicos e infantis, mas dando o máximo quando podiam.

Beijei o rosto de Marcelo e de Laura assim que me aproximei, Alane sorriu de canto com a interação e se manteve em silêncio. Marcelo estava sentado ao seu lado enquanto fazia atividade de alguma matéria escolar básica, já Laura era mais terrível e pouco se importava com os deveres. Era sempre um problemão pra que ela fizesse o que tinha que ser feito. E por algum milagre,ela havia cooperado com Alane e finalizado antes que o irmão.

A morena ajudava Marcelo com toda paciência do mundo e eu me vi surpresa.

Fiz a volta na bancada e me aproximei de Alane que se mantinha em pé enquanto analisava Marcelo escrever algo. Toquei sua cintura com delicadeza e ela repousou sua mão livre sobre a minha. Um olhar rápido me foi lançado e um sorriso fraco escapou dos seus lábios.

Ela parecia gostar quando eu demonstrava coisas simples que pra mim eram intensas e profundas. Já que sentimentos nunca foi muito o meu forte desde que Giovanna partiu.

-Mamãe... - Marcelo disse disperso fechando o livro. - Você vai trabalhar hoje? - ele questionou com seu timbre doce e extremamente infantil.

Assenti em silêncio. E por mais que ambos me compreendessem, ainda era uma situação chata pra mim e pra eles, todas as vezes que tinha que deixá-los.

-Vou viajar, mas prometo que vou voltar rápido.

-Você sempre diz isso e volta depois de dias. - Laura que agora tinha umn feche de luz refletindo em seus olhos castanhos, debochou da situação.

-Quando foi que você ficou assim- questionei séria e ela revirou os olhos. - olha pra mim.

Ela me encarou.

Daniel que descia as escadas pareceu Ouvir parte da conversa e comentou um"ela é como você, Fernanda".

-Eu sei que é ruim, mas eu estou aqui quando posso, não estou? - questionei e ela assentiu

-Só que preferimos que não vá. - Marcelo ao seu lado concordou me encarando. - Sabemos que precisa, mas gostamos quando está em casa.

Respirei fundo e eles sorriram de canto.

-Entendemos, ok? - ela concluiu por fim ao ver minha expressão frustrada.

Alane analisava tudo com um sorriso lindo nos lábios enquanto alternava o olhar entre nós três.

Lá marfia • FerlaneOnde histórias criam vida. Descubra agora