Estar viva nesses dias é insuportável. O frio castiga os ossos, doloridos pela sua ausência. O mundo está cinza, o sol apagou. Perâmbulo pela casa assombrada de onde não quero sair, onde não quero ficar. Você está em todos os cantos, mas não está em nenhum lugar. O vazio dói como uma implosão no meu peito cada vez que me lembro do que não vai voltar. Separo suas coisas numa caixa, durmo abraçada na última peça de roupa que ainda tem seu cheiro. Sinto sua falta nas menores coisas, nas maiores coisas, em todas elas. Preciso tirar isso do meu peito, palavras desordenadas numa página em branco. De novo, comecei a chorar.