carta 06

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Se eu não me engano, esta deve ser a carta de número seis. Seis meses nos quais eu lhe observo, fascinado por cada pequeno detalhe seu. Durante esse tempo, meu coração aprendeu a bater mais forte sempre que você está por perto. Hoje, porém, algo diferente aconteceu, algo que mexeu profundamente comigo.

Descobri que você começará a lecionar na escola onde eu trabalho. Essa notícia poderia ser maravilhosa, a realização de um sonho, se não fosse por um fato que vi hoje à tarde. Eu estava voltando para casa quando vi você entrar no seu apartamento, acompanhado de outro homem.

Meu coração parou por um momento, e uma onda de insegurança e ciúme tomou conta de mim.

Inicialmente, tentei me acalmar, dizendo a mim mesmo que ele poderia ser apenas um amigo. Mas logo minha mente começou a criar cenários alternativos, e se aquele homem for a sua Julieta? Essa possibilidade me deixou abalado, meu querido Romeu.

A ideia de você estar com outra pessoa é algo que me machuca profundamente, mais do que eu gostaria de admitir.

As férias se iniciam em breve, e estarei mais em casa. Planejo usar esse tempo para pintar quadros, uma atividade que sempre me trouxe paz e clareza.

Talvez, através das cores e formas, eu consiga processar todos esses sentimentos confusos que tenho por você. Cada pincelada será uma tentativa de capturar a beleza dos momentos que compartilhamos, por mais breves que tenham sido, por mais rasos que tenham sido.

Pintar me permite revisitar nossas interações, relembrar o som da sua voz, o brilho dos seus olhos, e até mesmo aquele breve sorriso que você me deu no elevador. Cada tela será um reflexo do amor que sinto por você, um amor que é ao mesmo tempo um fardo e uma fonte de inspiração.

Estou tentando ser racional, mas o coração tem suas próprias razões, não é? Vejo-me dividido entre a esperança de que você possa ser meu e o medo de que você já pertença a outro. É uma batalha constante dentro de mim, um turbilhão de emoções que nem sempre sei como controlar.

Nas noites silenciosas, quando o mundo dorme, eu fico acordado, pensando em você. Será que algum dia terei a coragem de revelar meus sentimentos? Será que um dia terei a chance de ser mais do que um observador silencioso? Essas perguntas ecoam em minha mente, sem respostas, apenas mais dúvidas.

Meu Romeu, espero que estas férias me deem a oportunidade de encontrar um pouco de paz. Que eu possa pintar e, quem sabe, através da arte, encontrar um caminho para lidar com tudo isso.

Continuarei a escrever, a desabafar nestas cartas, na esperança de que um dia elas possam chegar até você.

Com todo meu carinho,
Girassol

Cartas para o meu Romeu. | SopeOnde histórias criam vida. Descubra agora