Uma Quarta Diferente! part.2

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Quando estávamos voltando pra casa, eu pensava em muitas coisas. Pensei em como eu nunca tinha escutado falar sobre o Recanto da Juara, sobre a história de vida dela, como Renata e ela se conheceram, por que chamavam a Rê de Priii, muitos questionamentos, muitos pensamentos. Mas o que realmente não saía da minha cabeça tinha a ver com o André.

Eu ainda não falei muito sobre ele nesse dia, então aqui vai. Dentro do Uber, enquanto íamos para o local que Renata nos levou, ele estava se comportando de uma forma diferente do normal. Não ria muito, não falava muito, não estava sendo ele. Uma vez me disseram que eu tenho o dom de saber quando uma pessoa não está bem, ela não está 100% naquela noite. Mas eu não estava me sentindo confortável para falar com ele, não naquele momento. Pela primeira vez, a gente parecia não ter mais a mesma intimidade que tínhamos antes. Quando chegamos, eu acalmei ele no elevador, e seguimos normalmente. Durante o show, ele se transformou em quem ele era normalmente. O meu amigo, o meu melhor amigo. Eu percebi a diferença de tratamento mesmo ele mudando em um curto período de tempo.

Quando a gente foi para o camarim da Juara, eu percebi que estava sentindo novamente a mesma sensação, a de que ele não estava sendo mais quem ele era. E isso me incomoda de uma forma. Mas eu fingi que não percebi e continuei agindo normalmente com ele.

Quando a gente estava voltando para casa, eu só pensava nisso. Como um ser humano pode mexer tanto com a gente assim?! Ele abalou as minhas estruturas. E eu só estava com medo de uma coisa.

Antes de sermos amigos, eu sentia uma atração por ele. Afinal de contas, André é um homem bonito. Mas isso caiu por terra quando a gente se tornou amigos. Então eu nunca mais tive nenhum interesse nele. Mas naquela noite, eu tive a sensação de estar perdendo a amizade dele. Nossa! Que sensação estranha. Eu não conseguia pensar na minha vida depois que ele não fosse mais o mesmo comigo. Mas eu estava bêbado, tudo isso poderia ser só o efeito do álcool.

Chegamos em casa.

Mesmo o dia amanhecendo e nós super bêbados, abrimos uma garrafa de vinho. Eu realmente não me lembro do que aconteceu nesse momento. Consequentemente dormimos no chão mesmo, um por cima do outro. Eu não me lembro dos últimos momentos, mas em 3 meses aquela foi a noite mais legal que eu vivi.

Uma hora da tarde eu me levantei daquela loucura toda e percebi que nada do que eu tinha que fazer antes de ir ao teatro estava feito, meu rosto estava triste de feio, minha voz de um fumante, meu corpo todo dolorido. Eu me sentei e pensei: e agora?

Aos poucos os meninos foram se levantando e a gente foi atrás da nossa dignidade para ir trabalhar. Às 16:00 da tarde, a gente ainda estava fazendo a comida para "almoçar" isso tudo porque tínhamos que estar assinando nossa chegada no teatro às 18:00.

Deu tudo certo, chegamos a tempo no teatro, fizemos a peça na medida do possível, demos entrevista, recebemos fãs, tiramos fotos, tudo como sempre.

Terminamos a nossa semana com a nossa mesma rotina de sempre. Mas os pensamentos que tive no Uber ainda estavam presentes na minha cabeça. Ah! A essa altura do campeonato, André já estava de boa comigo. O que me fez achar que eu realmente estava louco naquele dia. Mas eu ainda queria saber muitas coisas a respeito de tudo o que a gente viveu naquela quarta muito louca.

Na segunda (dia da nossa folga) de manhã, Renata e eu costumávamos ir para a academia enquanto André corria. Na ida, eu não aguentei mais e tive que perguntar como Renata tinha conhecido Juara, por que chamavam ela de Priii, quem era a Juara e por que ela chamava a Juju (apelido que eu dei pra ela) de Mamma.

Eu esperava uma resposta que já fosse me esclarecer e tirar as dúvidas que tinha ali no carro mesmo, mas o que ela me respondeu foi:

- Amigo, essa história é longa demais, mais tarde eu te conto.

Eu acho que nunca tinha ficado tão ansioso como eu fiquei naquele dia. Eu fazia os exercícios todos pensando no que esperar de uma história tão peculiar como essa. E me peguei pensando também no porquê ela nunca tinha me contado sobre isso. E aí reparei que a gente nunca tinha conversado sobre as nossas vidas, nossa infância, o nosso passado. A minha amizade com a Renata era apenas baseada no momento presente, particularmente eu acho isso muito bom, a gente nunca depositou no outro nenhum tipo de angústia que carregamos do nosso passado. Mas por outro lado, somos amigos, porra. Amigos são pra essas coisas.

Quanto mais o tempo passava - e ele passava muito devagar - mais eu ficava curioso, mais eu queria saber o que Renata iria me contar. Eu já não estava tendo paz.

Naquele dia, quando a gente saiu da academia, Renata foi fazer aula de dança e eu fiquei em casa. Fiquei em casa pensando na história que eu iria ouvir de Renata naquela noite. Passou um tempo. Renata chega em casa, eu só esperei ela tomar banho para perguntar a ela o que foi tudo aquilo na quarta-feira.

- Vem, amigo, senta aqui na cama que eu vou te contar tudinho.

Deixa do Amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora