A Sala Secreta

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Os três correram rapidamente seguindo as instruções de Kylie, que parecia saber o que estava fazendo. Kylie havia descoberto que tinha mais um andar abaixo do deles. O laboratório era enorme, cerca de 200 metros quadrados no primeiro e segundo andar. A menina sabia que seu pai procuraria por eles até o fim, então a garota se livrou de todas as plantas do laboratório para que ele nunca soubesse que havia um outro andar, que de fato, Gabriel não conhecia muito o laboratório, apenas aonde ele fazia testes com seus pacientes.

- Venham, por aqui. – chamou Kylie, mostrando para eles um corredor longo e escuro.

- E você? – perguntou Nove.

- Eu não vou. Apenas vim ajudar vocês...

- Mas nem pensar, você vem junto sim. – Nove puxou Kylie pela mão e os três caminharam em direção ao corredor escuro e comprido.

- Eu achava que sairíamos desse lugar, e não adentrar mais afundo nele.

- Só por um tempo... meu pai irá procurar pela gente, e quando ele desistir, a gente foge. – disse a mais velha.

- Olhe, me desculpe, mas esse não era o plano que eu e a Nove tínhamos. Vai saber se você quer nos trancar aqui e você mesmo nos entregar. – o garoto estava começando a se revoltar com a mais velha, pois sabia muito bem que ela totalmente o oposto de Nove.

- Escuta aqui, garoto. Se você acha que vais vir aqui, convencer a minha irmã e fugir com ela pra longe, você está totalmente enganado! – Kylie o encarou sério, se alterando para cima do mesmo.

- Quero tirar ela daqui e levar ela para bem longe sim, melhor do que a deixar presa sendo cúmplice de seu cárcere privado e também por maus tratos.

- Eu não estou sendo cúmplice, seu idiota. Eu estou tentando ajudar ela e isso está incluindo a salvar a sua pele também.

- Não está claro que ela não precisa de você? Esses anos todos ela tentando fazer você se tornar uma pessoa melhor e é assim que a agradece? Apenas ajudando ela agora que não precisa da sua ajuda.

- Dá para parar vocês dois? – Nove falou, mas nenhum dos dois deram ouvidos.

- Melhor tarde do que nunca. – disse Kylie.
- Mas com certeza ela preferiria o nunca, vindo de você , vai lá saber o quê você é capaz de fazer. – ele se aproximou da mais velha, encarando ela com os olhos flamejantes de ódio.

- Pode ter certeza que ela irá preferir receber uma ajuda vindo de uma irmã do que vindo de um estranho como você.

- Gente, para! Por favor! – novamente a mais nova pediu, mas eles não deram ouvidos.

- Recebeu tanto a ajuda de uma irmã que se não fosse pelo estranho aqui ela estaria morta! – a frase que o mais alto disse, fez as duas se entreolharem. Kylie sabia que o ruivo estava falando a verdade. Ela era sim cruel a esse nível.

- Por favor, parem... – a mais nova pediu, olhando nos olhos de Mattheo.

- Nove, por favor, me escuta. Vamos sair daqui, ela só está nos enganando. – Mattheo pegou nas mãos de Nove delicadamente.

- Está tudo bem, Mattheo. Vai ser só por um tempo, não é, Kylie? – Nove olha para a sua irmã esperançosa de que ela esteja falando a verdade sobre ajudar eles a escaparem.

- É claro! Aliás, eu vou estar junto com vocês, a minha pele também está em jogo. – ela olha sarcástica para Mattheo, que deixa com o sangue fervendo de ódio da mesma.

- Só não te mato porque não quero magoar a Nove. Mas saiba que comigo a sós você não vai tão longe. – Mattheo continua seu caminho pelo corredor escuro, dando as costas para as duas.

- É o quê veremos... – cochicha Kylie.
- Vem, vamos achar a sala secreta. – disse Nove, segurando nas mãos de Kylie.

Kylie os levou para uma sala verdadeiramente secreta. Havia uma estante de livros no corredor, assim que foi puxado um dos livros, a estante se moveu, dando visão a uma porta. Kylie tinha a chave, e o que ninguém se questionou no momento foi; por que ela tem a chave?

Os três entraram na sala e deram de cara com um tipo de casa... tipo igual aonde Greta e Gabriel viviam, mas as decorações e os quartos eram em cômodos diferentes. A sala era enorme e conjugada a cozinha, os móveis estavam meio empoeirados mas pelo menos tem ali tudo o que realmente tem em uma casa. Havia água, luz e também gás. Nove olhou o local com os olhos brilhando de alegria e foi em direção a pia.

- Como não descobrimos isso antes? É incrível!

- Realmente, uma casa em um laboratório... – disse Mattheo olhando cada detalhe.

- Eu vou verificar as roupas, o quê é mais importante... – Kylie se retirou da cozinha e foi em direção a uma das portas de fundo, onde seria um armazém cheio de coisas que possivelmente venha a faltar.

- Está com fome? – perguntou Nove.

- E ainda pergunta? Estou com fome desde o dia em que cheguei. – ele solta uma risada brincalhona, mas seu estômago realmente doía de fome.

- Não sei exatamente o quê fazer... Não sei o que você curte. – Nove saiu vasculhando os armários em busca de algo para comer.

- Olha, até que tem bastante coisas que eu não como, mas gostaria de experimentar se for com você. – ele sorriu.

- O que acha de uma macarronada? Vi que tem molhos aqui, eu posso fazer um pouco para nós. – Nove pegou os ingredientes e colocou-os na pia.

- Tudo bem eu te ajudo, pequena. – Mattheo sorriu novamente.

Kylie voltou para a cozinha dizendo que achou algumas peças de roupas, mas que não eram o suficiente para as duas irmãs, o que significava que elas teriam que estar lavando as roupas direto e estar revezando o uso entre elas. Kylie também achou algumas para Mattheo, que com certeza eram mais roupas intimas, calças e bermudas. Como o ruivo é alto, algumas blusas ficaram pequenas nele, então tinha por optar a ficar sem. Nove ficou vermelha quando Mattheo tirou sua roupa, colocando para lavar e ficando sem camisa perto da mesma, principalmente quando ela não conseguiu pegar um copo que estava no alto, mas o ruivo fez esse favor a ela.

- O que é isso? – perguntou nove, com uma mão segurando seu copo de água e a outra dentro da caixa de coisas que Kylie havia trazido. A mais nova retirou um pequeno aparelho retangular de dentro da caixa.

- Oh, isso se parece com um dos que a minha mãe tem em casa. – disse Mattheo.

- Você sabe pra que isso serve? – perguntou Kylie.

- Acho que isso seria um tipo de relógio, e no canto fica a data do dia. – Nove entregou o relógio para Mattheo, que ligou o mesmo e por um milagre, não precisou configurá-lo. – Agora são oito e quarenta da noite e... hoje é dia 04 de abril. Estranho, não precisou configurar, o que pode ser bom também.

- Uau! – disse Kylie, surpresa.

- Meu Deus! Mas já? – Nove começou a rir de nervoso.

- O quê? O que foi? – perguntou Mattheo, confuso.

- Nada. – disse Nove, sorridente.

- Amanhã é o aniversário da Nove, finalmente vai fazer seus 18 anos. – disse Kylie, fazendo Nove a encarar do tipo 'cale a boca'.

- Então amanhã você está ficando velhinha... – sorriu Mattheo, bagunçando os cabelos de Nove.

- Nem vem, o avô daqui é você. – ela sorriu brincalhona.

The Laboratory (Part I)Onde histórias criam vida. Descubra agora