Capítulo 8

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- A gente devia pensar numa forma de contar pro namorado dela. – Eu e Dante estávamos sentados tomando milk-shake no shopping.

Ele deu uma longa sugada no canudo, colocou o copo ao lado do corpo e bufou.

- Não sei... Você vai prejudicá-la a troco de quê? – Dante podia ter todos os defeitos do mundo, mas ele era sensato.

Coisa que eu nunca fui.

Impulsiva, porém calculista.

Fria, porém vingativa.

Essa era eu.

- Eu tenho um sentimento muito forte de vingança desde a escola. – Dante se virou em direção a mim, eu continuava parada de frente, sem coragem de encará-lo brincando com a ponta da embalagem da bebida.

Ele passou os dedos pelos meus cabelos e eu não me movi nem um centímetro.

- O que ela fez com você? – Ele questionou, seus olhos verdes me olhavam com certa profundidade que me faziam sentir os meus braços se arrepiarem.

- Ela, junto com os amigos dela, me faziam beijar meninos que também sofriam bullying e apostavam dinheiro nisso. – Nessa hora os carinhos no meu cabelo pararam e Dante somente apoiou a cabeça na mão, ainda me olhando fixamente.

Eu sabia de tudo isso, porque eu conseguia vê-lo pela visão periférica.

- Caramba... Teve mais coisa? – Fiz que sim com a cabeça, mas me levantei naquele momento, finalmente olhando-o diretamente.

- Sim, mas eu não quero falar disso agora. Vamos? – Estendi a minha mão que não estava segurando o milk-shake e ele fez o mesmo, se levantando e dando as mãos pra mim.

***

- Você tem que pensar bem no que fazer, se não vão descobrir a invasão e vai me foder.

Assenti positivamente e comecei a escrever num caderninho as ideias que eu estava tendo, riscando algumas como "criar um perfil fake com prints das conversas", que aí ia ficar claro que a gente invadiu.

Dante e eu estávamos na minha casa, a gente estava pensando no melhor jeito de fazer um exposed da Jéssica.

Isso contava tempo, Dante usava seu notebook para agir umas coisas do trabalho enquanto eu escrevia as coisas.

- Me deixa ver isso aqui. - Ele puxou meu caderninho e começou a ver umas ideias. O que mais havia me chamado a atenção naquela situação é que ele havia se compadecido de mim e de tudo o que eu estava fazendo por meio daquele pequeno resquício de confissão.

- Essa ideia aqui é muito boa. – Ele disse com um sorrisão enorme no rosto. Me esgueirei pra ver do que ele estava falando e ele dizia exatamente de uma ideia que eu havia escrito recentemente

Consistia na gente ver em qual lugar ela estava com o menino e tirar fotos e mandar pro namorado dela por um número pré-pago.

- Sim, é sim. – Eu disse, levemente abobalhada, haviam três ou quatro páginas de um caderninho pequeno em espiral só de ideias, mas aquela em si era especial.

- Vejamos o que temos pra hoje. – Ele disse enquanto mudava a tela do computador, acessando as conversas mais recentes do Whatsapp dela.

Ele começa a mexer no computador e a teclar rápido, como sempre, aquilo me assustava um pouco, mas já era o padrão dele.

- Bom, eles vão se encontrar hoje numa festa lá na Lapa. – Me levantei num salto e comecei a bater palminhas.

- A Ludmilla mandou avisar que é hoje. – Ele riu, sem graça.

Stalker - ATO I [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora