Capítulo 17

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Eu me movimento pela cozinha arrumando os talheres sobre o guardanapo, o chá gelado de menta já no canto do jogo americano. Estou quase pronta.

Esta tentativa de fazer o jantar está saindo um milhão de vezes melhor que a anterior. Provavelmente porque eu abandonei a receita de filé de costela e tentei algo mais... a cara da Alane.

Cachorro-quente com batatas fritas. Mas dos sofisticados, com um toque de Alane.

Arrumo cuidadosamente o prato de acompanhamento dela, colocando oito pequenos ramequins vazio nele ao redor de uma tigela um pouco maior cheia de pipoca. Então eu os encho: um com mostarda amarela, um com pedacinhos de bacon e outros com ketchup, molho barbecue, dois tipos diferentes de picles, queijo ralado e cebola em cubinhos.

Por debaixo dos ramequins, adiciono um grande pedaço de salsão. Como eu esperava, o prato se transforma em uma flor de condimentos. Eu o levo até a mesa e o posiciono com cuidado.
Quero que ela se sinta confortável esta noite. Quero que ela saiba que eu a vejo. Da forma que ela sempre me vê.

Essa não vai ser uma história triste.

Eu coloco os cachorros-quentes e as batatas fritas no prato, tomando cuidado para eles não se tocarem, bem na hora que a campainha toca.

Vou para a cozinha, tentando acalmar meus nervos. Por que estou tão nervosa? Nós sempre ficamos tão confortável juntas.

Dou de longe uma rápida olhada no meu reflexo no micro-ondas, meu vestido azul solto, que cobre só um pouco dos meus joelhos.

Eu abro a porta e vejo Alane em pé sobre o nosso capacho, vestindo jeans e seu cardigã amarelo, seu cabelo preso num coque.

― Oi ― ela diz baixo. Ela me entrega um punhado de flores. Eu dou uma examinada rápida, tentando adivinhar o que ela quer me dizer com isso.

Eu olho para o conjunto de pétalas brancas e pequeninas, mas não dou a sorte de saber o nome. Tudo que sei é que são aqueles ramos de flores cheios, que parecem buquês, geralmente plantados em frente a casa de avós.

― O que essas significam?

― São hortênsias ― ela diz, pegando a alça da bolsa com uma mão e esticando a outra para tocar um dos buquês floridos. ― Querem dizer... gratidão.

― Bom, eu estou cheia de gratidão pelas flores ― eu digo, sentindo vergonha de mim mesma. Tem como eu ser mais sem graça?

Por sorte, ela ri e entra, tirando os sapatos.

― Com fome? ― Pergunto.

Ela assente e vira o rosto para a cozinha, farejando.

― O cheiro é bom.

Há algo parecido demais com alívio no rosto dela.

― Espero que o gosto esteja bom ― eu digo enquanto seguimos o aroma acolhedor de comida pelo corredor.

Quando entramos na cozinha, ela observa a mesa posta com cuidado, os guardanapos dobrados, as velas que tirei da última prateleira no armário do corredor. A mão dela se estica para pegar o prato com a flor de condimentos e um sorriso finalmente aparece nos seus lábios.

― Porque cada um merece seu próprio espaço ― digo e ela cora ao sentar.

Há uma pausa desconfortável, uma tensão nova entre nós. Uma eletricidade quente. Ela sente também? Eu tento ignorar a sensação e manter a minha voz leve ao sugerir atacarmos a comida.

Eu pego meu cachorro-quente e dou uma grande mordida. Isso alivia um pouco a tensão e logo Alane está rindo e provando todos os diferentes condimentos com pequenas mordidas.

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⏰ Última atualização: Jul 07 ⏰

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