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Eu ainda odiava Porto Real. A cidade mantinha o mesmo cheiro desagradável e as pessoas repulsivas de sempre. Nada de novo até aí.

Desde que cheguei aqui, o medo não me abandonava. Medo de que Rhaenyra aparecesse ou que alguém me reconhecesse. Medo constante.

Desejava poder voltar para Vilavelha e viver pacificamente com meu filho em nossa aconchegante e confortável casa, sem me preocupar com nada. Mas já era tarde demais. Laenor havia me informado que Aemond já estava em casa, e seu filho não queria voltar tão cedo.

Por outro lado, meu trabalho era rápido e fácil. Eu apenas precisava resolver e cuidar de alguns documentos e, então, poderia fugir novamente para Campina. Também reencontrei Samantha Tarly, que trabalhava na universidade, e foi bom colocar a conversa em dia.

Estava contando os segundos para o expediente acabar e, então, poder ir até os Strong ver Mond. Havíamos marcado uma noite de pizza e filmes bobos. Já podia imaginar Aemond e Jace abraçados, sussurrando entre si, Joff e Luke brigando por comida, Harwin criticando nosso gosto enquanto eu e Laenor defendíamos nossas comédias românticas.

Seria perfeito.

Estava no escritório do meu pai, revisando a contabilidade, enquanto esperava Sam com nosso café. Minha amiga se ofereceu para buscar comida para nós duas.

De forma repentina, ela apareceu na porta, pálida. Levantei-me bruscamente, já tomada pelo medo, que só aumentou quando ela falou:

— Rhaenyra está aqui.

Arregalei os olhos, sentindo meu coração acelerar e a respiração falhar, tomada por um desespero que parecia não ter fim. Rhaenyra? Não, não, não!

Ela não pode estar aqui. Não posso vê-la.

Como um rato covarde, comecei a correr em direção ao estacionamento, sem pensar muito. Não posso revê-la. Ainda não.

A simples ideia de encarar aqueles olhos únicos que assombraram meus sonhos novamente me fazia tremer. Acompanhei a vida de Rhaenyra pelas redes sociais secretamente, vi como ela está linda e poderosa como nunca antes. Eu não resistiria a ela.

Quando estava quase alcançando o represeiro, vi algo de tirar o fôlego, aquilo que fiz de tudo para evitar: Aemond e Rhaenyra no mesmo lugar.

Minha respiração engatou, por alguns segundos meu coração parou e não consegui me mover.

O que Mond está fazendo aqui com ela?

Eles não podem, não podem! Deuses, não.

Meu pai encarava a cena com um brilho anormal nos olhos que eu conhecia muito bem. Ficou claro para mim que ele organizou isso. Não tenho dúvidas de que até minha visita a Porto Real foi manipulada.

Como eu fui burra!

— AEMOND!

Eu me vi gritando antes de conseguir pensar em qualquer coisa, atraindo a atenção de todos. Meu pai apenas sorriu e se virou, satisfeito com sua manipulação.

Olhando Rhaenyra nos olhos, pude ver a realização e o choque em seu olhar. Ela sabia.

Apertei o braço de Aemond assim que ele chegou perto de mim, tremendo. Seu aroma exalava medo e receio, e ele parecia tão confuso quanto a outra mãe.

— Mamãe, me desculpa — a voz chorosa de meu filho me forçou a controlar para não descontar a raiva nele.

— Saia daqui!

Foi a única coisa que consegui dizer para ele, que correu para um corredor aleatório. Quando Rhaenyra perguntou a idade dele, tive certeza de que não havia mais volta.

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