Mantive-me em silêncio durante todo o trajeto até a Mansão Hightower. Minha mãe dirigia calmamente, alternando o olhar entre a estrada e eu, sempre que acreditava que não a estava observando.
A imagem daquela mulher não saía da minha mente: cabelos prateados, olhos azuis, nariz aquilino e maçãs do rosto levemente salientes. O queixo fino e firme era tão parecido com o meu que não restavam dúvidas - ela era minha mãe.
A mulher que parecia tão espantada quanto emocionada era, sem dúvida, minha mãe, a alfa que engravidou Alicent e, posteriormente, ficou noiva de outra pessoa. A mesma que me abandonou.
— Como você foi parar lá?
A voz de Alicent finalmente se fez ouvir, rígida e fria. Ela estava furiosa comigo.
— Queria ver você — ignorei seu tom indignado e voltei meu olhar para a janela, observando a cidade passar. — Fugi da casa do tio e paguei um táxi para me levar.
Na verdade, Jacaerys me levou, mas não queria comprometer a imagem dele e causar problemas. Já tinha causado danos suficientes por hoje.
— Eu te falei para ficar longe! — ela gritou, batendo com força no volante. Sua exaltação me fez virar para ela, irritado. — Foi um erro te trazer para Porto Real, eu devia ter previsto que você faria algo estúpido!
Isso doeu, profundamente.
— Sou um erro, mãe? Não pode me culpar por querer apenas passear. Não foi minha culpa que você se esqueceu de usar camisinha e sua namorada estúpida te abandonou grávida — ela silenciou e senti uma satisfação amarga ao perceber que minhas palavras a atingiram.
Observei seu aperto no volante aumentar, seus dedos ficando brancos, seu aroma tornando-se mais forte e cítrico. Ela estava furiosa agora.
— Talvez eu devesse ter te abortado! Teria sido muito melhor viver sem um peso como você!
— Sim! Eu ficaria agradecido por não ter nascido filho de uma mãe solteira e infeliz — como ela pode falar isso? Não foi minha culpa que Rhaenyra a engravidou e abandonou. Na verdade, fui eu quem sofreu. — Porque a morte seria melhor do que viver escondido, isolado e sozinho naquela cidadezinha em Oldtown!
Mal percebi quando paramos em frente à Casa Hightower, onde meu avô nos aguardava no portão, sorrindo ao ver nossa briga.
Mamãe rosnou de raiva, mas não lhe dei oportunidade de falar. Antes que pudesse abrir a boca, comecei a gritar.
— Você não tem ideia de como é crescer sem uma parte de você, sem um dos seus pais. É a pior coisa que alguém pode passar — é assustador, frustrante e desesperador. — Preferiria ter morrido do que crescer assim. É a pior coisa do mundo, a pior coisa que uma mãe pode fazer ao filho!
Não é justo que eu tenha crescido sem uma mãe alfa, sozinho em Oldtown, preso. Alicent não tem ideia de como é não ter uma figura alfa em sua vida, como é ter aniversários incompletos. Não sabe como dói jogar fora os presentes que você faz na escola para o dia do pai alfa. Ela não conhece os olhares de pena, curiosidade e até nojo que recebo, nem o meu anseio por uma família feliz e completa.
Eu era apenas uma criança, merecia isso. Por que não podia ter isso?
De repente, ela ficou em silêncio, a raiva desapareceu de seu aroma, restando apenas miséria. Não me importei com seus sentimentos. Saí do carro rapidamente e bati a porta com força.
Otto apenas abriu espaço para que eu pudesse entrar, com satisfação. Eu devia brigar com ele também, mas não tinha mais forças para isso.
Assim que entrei na luxuosa mansão Hightower, uma empregada beta me guiou até meu quarto em silêncio.
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Uma Lembrança de Você
FantasyAlicent Hightower filha do diretor da Red Keep University era uma ômega bonita e querida, mesmo tendo milhares de alfas caídos aos seus pés, ela só tinha olhos para sua namorada e amiga de infância. Rhaenyra Targaryen, única filha da infame família...