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Alicent encarou Otto durante todo o jantar, mas seu pai parecia determinado a ignorá-la, focando apenas em sua refeição.

Ela tinha certeza de que fora ele quem arranjara uma vaga de emprego na Red Keep. Afinal, ele era o diretor. O motivo era claro: ficar próximo de Rhaenyra. Otto queria que Aemond fosse o herdeiro de Rhaenyra; desejava que Aemond Hightower se tornasse Aemond Targaryen. Contudo, com os Velaryon presentes e Daemon por perto, isso se tornava um problema. Alicent se lembrava de como Daemon olhara para seu filho e não queria aquelas pessoas ao redor de Aemond.

Ela olhou para o filho, que já terminara de comer e agora mexia no celular. Péssima ideia.

— Aemond, guarde o telefone — ordenou Otto com uma voz cortante, lançando um olhar furioso ao neto. — Não mexa nessas coisas à mesa! — Aemond arregalou os olhos e escondeu o celular rapidamente.

— Aemond, vá para o seu quarto, imediatamente — interviu Alicent, antes que o filho pudesse argumentar. — Preciso conversar com seu avô. — Aemond olhou entre ela e Otto, mas obedeceu e retirou-se em silêncio.

Quando ele finalmente estava fora de vista, Alicent se voltou para o pai.

— Não pense que pode me prender nesta cidade e usar meu filho para suas ambições — disse ela, encarando-o. — Vamos embora em três dias; pegarei o próximo voo para Oldtown.

— Sua imbecil! — disparou Otto, a testa contraída em uma carranca. — Aemond é o único filho da herdeira dos Targaryen. A TargCorp é dele por direito.

— Meu filho não será usado como um peão em seus jogos maquiavélicos! Aemond nem quer isso.

Na verdade, Alicent não sabia ao certo o que Aemond queria; eles nunca haviam discutido sobre sua herança materna.

Otto bufou, impaciente, e olhou para a filha com desdém, o que a ofendeu profundamente.

— Aemond não quer isso... Ou é você? — O tom acusatório de Otto fez o coração de Alicent acelerar. — Você se lembra como ele desejava estudar na Red Keep na adolescência e como ficou decepcionado quando você não permitiu.

Sim, ela se lembrava. A tristeza de Aemond a abalara profundamente, e a culpa a perseguira por meses, até ela se convencer de que era o melhor para ele... para ambos.

— Aemond é ambicioso, competente e astuto. Ele é perfeito para o papel, e tenho certeza absoluta de que sonha em ser um líder influente — afirmou Otto, listando as qualidades óbvias do neto. — Ele é tudo o que eu queria como filho, mas, infelizmente, os deuses me enviaram você e seu irmão.

Aquelas palavras a magoaram profundamente. Otto esboçou um sorriso, e o silêncio que se seguiu fez Alicent refletir sobre as possibilidades de permanecer ali, trabalhando na Universidade Red Keep. Seria uma honra, e ela ainda estaria perto de Aemond.

— Pense, Alicent. Você não quer que Aemond se afaste de Rhaenyra novamente, quer? Eles estão se dando tão bem...

As palavras de Otto, banhadas de doçura, a convenceram. Alicent estava ciente de sua manipulação, mas desta vez funcionou.

Ela se levantou abruptamente da cadeira, que caiu ao chão, e marchou até o quarto de Aemond sem olhar para trás. Quando entrou, encontrou o filho deitado, que a observou com curiosidade.

— Sobre o que conversaram?

Alicent respirou fundo antes de responder.

— Você gostaria de viver aqui? — Aemond arregalou os olhos surpreso, uma luz de esperança atravessando seu olhar.

— Eu estudaria na Red Keep? Se sim, eu adoraria viver aqui. — O coração de Alicent apertou ao ouvir a adoração na voz do filho; ele realmente desejava aquilo...

Tudo bem, Alicent, está tudo bem, ela disse a si mesma. Se Aemond estiver feliz, você pode fazer isso, mas antes precisa conversar com Rhaenyra.

 Se Aemond estiver feliz, você pode fazer isso, mas antes precisa conversar com Rhaenyra

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Rhaenyra ficou em silêncio enquanto ouvia atentamente tudo o que Alicent tinha a dizer. Após o desastroso jantar, Alicent a contatou e marcou um encontro para tomar café na manhã seguinte em um restaurante. Alicent compartilhou suas preocupações com os Velaryon, a proposta de emprego e a possibilidade de morar em King's Landing. Alicent jurava ter sentido um lampejo de felicidade no rosto de Rhaenyra ao mencionar o último tópico.

Ela não mencionou a questão da sucessão da empresa; esse não era um assunto dela.

— Seria maravilhoso tê-los morando por perto — Rhaenyra sorriu gentilmente, fazendo o estômago de Alicent revirar. — E nosso filho se sairia muito bem estudando na Red Keep.

Ele seria incrível. E, como filho dos Targaryen, seria ainda melhor.

— Tenho medo do que eles possam fazer contra Aemond — o olhar de Rhaenyra endureceu ao perceber a quem Alicent se referia. — Não quero que causem mais sofrimento ao meu menino.

— Eu não vou permitir — disse a alfa, pegando a mão de Alicent com firmeza. — Vou proteger você e Aemond, eu prometo.

Alicent ficou encantada com a determinação de Rhaenyra. Observou seus olhos azuis e jurou ver uma faísca de fogo. Fogo de dragão.

Ela não podia negar, era pelo bem de Aemond, seu filho.

— Acho que seria bom para ele passar mais tempo com a mãe — Rhaenyra sorriu ainda mais, e Alicent notou o brilho de felicidade em seus olhos.

— Ele está começando a gostar de você...

Rhaenyra riu alto e sinceramente.

— Isso é ótimo! Eu também adoraria passar mais tempo com Aemond — disse ela, otimista. — Também podemos resolver a questão do sobrenome.

Alicent arqueou uma sobrancelha, franzindo a testa em confusão. Percebendo isso, Rhaenyra começou a explicar.

— Bem, como mãe de Aemond, gostaria de adotá-lo legalmente. Quero que meu nome esteja na certidão de nascimento dele — Alicent ficou sem palavras, olhando para a alfa, atônita. — Quero que ele tenha meu sobrenome, Alicent.

Rhaenyra queria se tornar mãe de Aemond, o que atingiu Alicent como um soco. Finalmente, ela percebeu que sua vida não se resumiria apenas a encontros familiares.

Porra, porra, porra!

— Rhaenyra... Isso... — As palavras ficaram presas na garganta de Alicent. Ela observou a alfa lhe dando tempo para pensar. — Você precisa conversar com Aemond sobre isso. — Sem pensar duas vezes, Alicent jogou a responsabilidade no colo de Aemond. Ele teria que lidar com isso mais tarde.

Desculpe, meu filho.

— Está tudo bem. Agora que vocês vão morar aqui, poderemos conversar muito — Rhaenyra riu da confusão de Alicent. Ficaram alguns segundos em silêncio, apenas se olhando, até que Rhaenyra quebrou o momento, desta vez nervosa. — E podemos nos concentrar em nós duas...

Alicent desejou que Rhaenyra não tivesse dito aquilo, porque ela também queria se concentrar nas duas.

Mas já era tarde demais.

Eu não posso, tenho um filho para criar, um trabalho para me preocupar, tenho que vigiar os Velaryon e... e... tenho muitas coisas na cabeça.

— Não existe "nós", Rhaenyra.

Notas

Desculpe pelo atraso, mil desculpas. Muita coisa na cabeça 🩷

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