{16}

682 80 20
                                    

Estava devastada. Eu disse coisas horríveis a Aemond, desejando sua morte e proferindo mentiras. Queria pedir desculpas, mas ele saiu correndo antes que eu tivesse a chance. Eu estava furiosa, nervosa e confusa por causa de Rhaenyra, e... eu arruinei tudo.

Ele é meu filho, minha única família, e eu o machuquei profundamente. Nem me dei ao trabalho de confrontar meu pai; simplesmente o ignorei e me retirei para o meu quarto, onde chorei. Mais tarde, bati à porta de Aemond, mas ele não respondeu nem deu sinal de vida. Temei que ele tivesse fugido novamente, mas logo soube que ele ameaçara uma empregada para que lhe trouxesse a refeição sem contar a ninguém.

Isso aconteceu há dois dias.

Mesmo depois de todo esse tempo, ainda estou à porta de Aemond implorando por perdão. Já perdi a conta de quantas vezes tentei falar com ele, mas fui ignorada. E não o culpo; fui fraca e incapaz de controlar minha língua. Mais uma vez, foi tudo culpa minha.

Otto parecia satisfeito, caminhando pela mansão com um sorriso estranho no rosto. Sempre que me via, exibia um ar de superioridade e se afastava como um pavão. Estava prestes a comprar uma passagem para Oldotow e fugir novamente com Aemond quando recebi uma ligação.

Era um número desconhecido, mas algo em mim já sabia quem era. Coloquei o telefone no ouvido e, inocentemente, sorri.

— Alicent? — Rhaenyra falou, nervosa, mas contente, assim como eu. Como ela conseguiu meu número não me importava; conhecendo os Targaryen, era melhor não saber.

— Rhaenyra... — sussurrei como a garota apaixonada que ficava pendurada no telefone há tantos anos, até me recompor. — O que... Como você... O que você quer?

Me amaldiçoei por gaguejar como uma idiota e não conseguir terminar uma frase. Ouvi ela resmungar algumas coisas do outro lado.

— Eu... bem, eu liguei por causa de Aemond. — não me diga, mas o que exatamente? —  Eu queria conversar com ele, com o nosso filho.

Nosso filho.

Meu estômago revirou ao ouvir essas palavras, enquanto uma onda de felicidade me invadia, rapidamente mascarada. Era uma expressão nova vinda de sua boca, mas agradável de ouvir. Mordi o lábio ao pensar no mau humor de Aemond, quase certa de que ele atacaria Rhaenyra assim que a visse.

— Como assim?

— Ah, podemos comer algo juntos! Que tal? — Isso parecia perfeito, muito casual para duas mulheres que acabaram de se reencontrar com um filho.

— Rhaenyra, Aemond não reagiu muito bem. Não sei se é uma boa ideia.

Falei com hesitação, pensando na ideia de ter Aemond e Rhaenyra juntos no mesmo lugar. Eu não queria apressá-lo; talvez fosse muito para meu Mond.

— Eu sei, eu sei, mas podemos tentar! Só um encontro, Alicent, para podermos nos acertar.

Sempre insistente, você nunca aceitava um "não" sem antes lutar por um "sim". Lembro-me de quando você perseguiu a professora Mordane por toda a cidade para ela aumentar sua nota e, quando não conseguiu, entrou de penetra no casamento da filha dela em outra cidade.

Isso pode até ser considerado crime, se pensarmos bem.

E Aemond é absurdamente igual.

Mas talvez fosse a hora; Aemond precisava conhecer sua mãe. Seria o melhor para todos. Derrotada, fiz um barulho de concordância e sorri enquanto ouvia a agitação de Rhaenyra.

Ela quase esqueceu que ainda tínhamos muitos problemas legais para resolver.

Quase.

Depois que toda a comemoração chegou ao fim, Rhaenyra falou, ofegante, rápida e radiante:

Uma Lembrança de Você Onde histórias criam vida. Descubra agora