9- Noite das garotas

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Oi, oi, oi!!! Boa leitura amores ♥️

Anderson estava tentando compôr as músicas de acordo com o roteiro de gravações que tinha sido repassado a ele, para manter tudo no prazo. Sabia que as gravações ainda não tinham começado, mas estavam próximas. Não que as músicas precisassem estar prontas com urgência, mas ele sempre se cobrou muito em seu próprio trabalho e não quer atrasar nada.

Os atores ainda estavam ensaiando quase a semana toda e alterações no roteiro eram feitas o tempo todo. Os ensaios com a parte musical e a gravação dessas cenas seriam a última coisa a ser feita, graças ao atraso gerado pelo antigo cantor que largou o trabalho. Aquilo tinha bagunçado muito o cronograma de produção. Eles ainda trabalhariam naquilo por bastante tempo, já que Daniel queria que aquele filme fosse perfeito. Tinham um orçamento grande e um prazo longo, mas cada segundo seria usado para aperfeiçoar ainda mais a produção.

Justamente por isso, estava tentando seguir uma ordem na composição, e já tinha organizado uma planilha para garantir isso. Mas às vezes, quando se é artista e a inspiração vem, é preciso agarrar o momento.

Já era tarde da noite, em pleno domingo. Ele estava assistindo um filme dirigido por Daniel a alguns anos atrás e era acompanhado por seus gatos e uma grande bacia de pipocas doces. Sua mente, inevitavelmente, acabou voltando para a manhã anterior, quando ele e Elídio se encontraram por acaso. Gostava de pensar nele.

Eram amigos agora.

Repassou toda a conversa em sua mente, feliz com cada sútil detalhe, e quando se deu conta que tinha parado de prestar atenção no filme, pausou-o.

Certo, Elídio invadia seus pensamentos cada vez mais. Isso estava mais complicado de entender do que imaginava. Ou ele que estava muito mais atraído por Sanna do que imaginava.

Não tinha certeza do porque, mas sentia a impressão de que Elídio tinha uma energia melancólica o envolvendo. Talvez Bizzocchi sentisse isso porque é artista, e é isso que os artistas fazem. Eles interpretam sentimentos com a facilidade que se é ler um texto infantil. E o canalizam em arte.

E ele não faz ideia de quem teve a coragem de quebrar o coração de alguém tão fascinante como Elídio, para fazer com que ele seja desacreditado no amor, mas Anderson sente o quão profundo aquilo parece ser. Parando para pensar, talvez seja essa uma das coisas que façam ele se atrair tanto por aquele homem. Por que ele parece complexo, com sentimentos profundos que poucos conseguem compreender. Anderson quer ser uma dessas pessoas que consegue entendê-lo. Sente que isso é quase um dever, sendo ele uma pessoa que trabalha tanto com o sentimentalismo em suas canções.

De alguma forma, esses pensamentos malucos começaram a virar uma música. Foi espontâneo demais. Ele pegou uma folha qualquer e um lápis meio gasto, e enquanto Sofia o observava com olhos felinos curiosos, começou a rabiscar versos perdidos.

Tentou visualizar em sua mente a cena em que a música seria cantada, misturando o que vinha a sua cabeça com aquilo que já era pré-definido pelo roteiro: o interesse romântico do protagonista parado em uma porta. Clima pesado e desconfortável, que Anderson sabia bem que seria representado pelo estilo da fotografia do filme. Cores frias, espaços tão vazios como o emocional do personagem. Daniel queria essa cena completamente dramática, pois seria um momento crucial no filme, que influencia na decisão final do protagonista.

O garoto começaria a cantar para seu amado, com lágrimas nos olhos. Era uma letra triste, cantada próxima ao fim do filme.

Em alguns minutos, já tinha alguns rascunhos de que gostava bastante. Lótus, sua outra gatinha, tentava brincar com o lápis de Anderson enquanto ele pensava nos próximos versos. Logo, metade da música tinha sido escrita e Lótus havia roído a ponta do lápis.

 A física do amor ♪ (anidio • barbixas!)Onde histórias criam vida. Descubra agora