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PESADELO

Andava pelas ruas da favela, sentindo os olhares dos moradores cravados em mim. Era como se o medo deles fosse uma sombra, sempre presente. O sangue de Deco ainda manchava minha camisa, lembrando a todos o que acontece com traidores. Os sussurros e olhares nervosos me cercavam, mas eu seguia em frente.

Era bom que soubessem o que esperar em caso de virem com trairagem.

A favela estava quieta. As luzes fracas iluminavam as vielas, e o som distante de música se misturava com o murmúrio das conversas baixas. Eu sabia que minha presença ali era uma mensagem clara: ninguém mexe com a organização e sai impune.

Cheguei ao carro e abri a porta, pronto pra ir embora. Foi quando ouvi a voz de Larissa.

— Ei, Pesadelo! — ela chamou, se aproximando com um olhar sugestivo. — Ouvi dizer que teve um problema com o Deco. Talvez eu possa te ajudar a relaxar, esfriar a cabeça do jeito que só eu sei.

Ela se aproximou ainda mais, passando as unhas pelo meu peito, tentando seduzir. Senti uma onda de irritação crescer dentro de mim. Larissa não sabia mesmo a hora de parar.

Agarrei o braço dela com brutalidade, tirando suas mãos do meu corpo. Meu olhar era frio e impiedoso.

— Sempre te ajudei a relaxar, amorzinho. Por que agora não quer mais a minha ajuda?

Suspirou, olhando para ela com um misto de irritação e cansaço.

— Perdi mesmo a porra da moral, Larissa? Tá me cobrando alguma coisa agora?

Soltei o braço dela com rispidez e disse:

— Tô ficando sem paciência contigo, Larissa. — falei, cada palavra carregada de ameaça. — Se eu quisesse esfriar a cabeça contigo, eu mesmo te procurava, caralho. O que não é o caso.

Ela me olhou, surpresa e assustada. Larissa sempre achou que podia jogar comigo, mas eu não estava no clima pra joguinhos.

— Agora sai daqui antes que eu perca de vez a paciência. — soltei o braço dela, empurrando ela pra longe. — Tô fodido de problema e você vem me pertubar, porra. Dá um tempo!

Larissa deu alguns passos pra trás.

— Eu sempre gostei de você, amorzi...

— Foda-se! Já mandei vazar. — falei. — Não vai ter próxima, tô avisando, viu!

Ela sabia que eu não estava brincando. Sem dizer mais nada, se virou e saiu apressada.

Eu entrei no carro, fechando a porta com força. Precisava chegar em casa, descansar um pouco antes de planejar os próximos passos contra o Russo.

Liguei o carro e acelerei pelas ruas da favela, deixando pra trás os olhares e sussurros. O caminho até minha casa era curto, mas cada segundo parecia eterno.

Precisava de um momento de paz, de silêncio, antes da próxima batalha.

Cheguei em casa e entrei, fechando a porta atrás de mim. O silêncio da minha casa era um alívio bem-vindo. Tirei a camisa manchada de sangue e joguei no chão, indo direto pro banheiro.

A água quente do chuveiro lavou não só o sangue, mas também a tensão acumulada.

Saí do banho e vesti uma roupa limpa, me sentindo um pouco mais calmo. A água quente tinha ajudado a aliviar um pouco da tensão acumulada no corpo.

Me olhei no espelho por um instante, observando as manchas de sangue que ainda permaneciam nas minhas mãos, mesmo depois de tanto esfregar.

— Essa porra não sai nunca? — murmurei para mim mesmo, olhando para as minhas duas mãos.

Seduzida pelo Dono do Morro [Série Donos do Morro #1]Onde histórias criam vida. Descubra agora