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ARTHUR (PESADELO)

Estava escuro. Meu corpo doía e eu não conseguia abrir os olhos, mas podia ouvir vozes ao meu redor.

— Ele não vai aguentar aqui. O posto não tem estrutura para alguém no estado dele.

— Vocês tem que dar um jeito, doutor. — PH respondeu. — Ele tem que ficar aqui.

Tentei me mexer, mas não conseguia. Eu sabia que a situação era grave, mas não podia fazer nada além de escutar.

— Se ele não for transferido para um hospital maior, pode ter complicações. — o médico insistiu, sua voz ficando mais baixa, quase como se estivesse implorando.

— A gente entende, doutor. — Marreta interveio, a voz cheia de urgência. — Mas não temos como levar ele pra um hospital fora do morro. O que tiver que ser feito, precisa ser aqui mesmo. Dá teu jeito, tá ouvindo?

Tentei focar na conversa, mas minha mente oscilava entre a realidade e a inconsciência.

— Eu não tenho o equipamento necessário. — o médico falou, quase em desespero.

— Então faz a lista, que a gente traz, porra! — a voz de Maicon era fria. — A gente providencia tudo, mas ele não sai daqui.

O silêncio se instalou por um momento.

Sabia que o médico estava com medo, mas ele não tinha outra opção. Eles não permitiriam que eu fosse transferido. Era perigoso demais.

— Tudo bem. — o médico finalmente cedeu. — Eu vou fazer fazer uma lista do que vamos precisar para cuidar dele.

A escuridão começou a se aprofundar novamente. Ouvi PH e Marreta discutindo entre si, seus murmúrios.

— Ele vai ficar bem, né? — ouvi PH perguntar, a preocupação clara em sua voz.

— Ele tem que ficar. — Marreta respondeu, sem certeza. — O cara é forte. Ele já passou por coisa pior.

Queria acreditar nisso. Queria acreditar que eu era invencível, mas a dor me lembrava do quanto eu era humano.

— Maicon, temos que manter a segurança aqui. — a voz de PH estava tensa. — Não podemos deixar que ninguém saiba que ele tá aqui e desse jeito.

— Já providenciei isso. — Maicon respondeu com firmeza.

Suas palavras me trouxeram um pouco de conforto. Sabia que eles fariam o que fosse necessário para me manter seguro. Eu confiava neles mais do que em qualquer outra pessoa. Mas a luta estava longe de acabar, e eu podia sentir a escuridão me puxando de volta.

Aos poucos, as vozes foram se tornando um borrão, se misturando com o zumbido distante das máquinas e a respiração pesada ao meu redor. Meu corpo estava exausto.

Finalmente, o cansaço venceu. Meus sentidos se apagaram, e caí em um sono profundo.

***

Uma semana depois...

Consegui abrir os olhos lentamente. O quarto ao meu redor estava em silêncio, iluminado apenas pela luz fraca que entrava pela janela.

Seduzida pelo Dono do Morro [Série Donos do Morro #1]Onde histórias criam vida. Descubra agora