Capítulo 29

52.5K 3K 284
                                    

Saí apressada do novo apartamento da minha mãe, com as gotas de chuva começando a engrossar. As palavras duras e o olhar gelado do meu padrasto ainda ecoavam na minha mente. Meus olhos ardiam, uma mistura de raiva e tristeza. A chuva caía intensamente, acompanhando o turbilhão de emoções dentro de mim. Levantei a mão trêmula e acenei para o primeiro táxi que vi.

Dentro do táxi, o som da chuva batendo no vidro parecia amplificar o caos na minha mente. A cada relâmpago, meu corpo dava um pequeno salto, como se estivesse em constante alerta. Eu me sentia sufocada, a respiração pesada, enquanto as lágrimas se misturavam com a chuva que molhava meu rosto. Minhas mãos tremiam freneticamente, apertando e soltando o tecido da bolsa no meu colo, buscando um alívio que não vinha.

Chegando em casa, paguei o motorista com mãos trêmulas e desci do táxi sem me importar com a chuva que molhava meu cabelo e roupas. Corri até a porta de casa, entrei e subi as escadas rapidamente, o peso do encontro recente ainda me esmagando. Sentia como se estivesse sendo sufocada, o ar cada vez mais difícil de puxar. A respiração estava rápida e superficial, quase como se fosse engolida por um buraco negro de pânico.

Entrei em meu quarto e fui direto para o banheiro, trancando a porta atrás de mim. Encostei-me na porta e deslizei até o chão, minhas pernas incapazes de me sustentar mais. Os soluços vinham em ondas, minha respiração ficando ainda mais irregular. Cada batida do coração parecia um soco, minhas mãos tremendo incontrolavelmente. Sentia um aperto no peito, como se o mundo estivesse desmoronando ao meu redor. Meu corpo todo tremia, e as lágrimas corriam livremente pelo meu rosto, misturando-se ao suor frio que brotava da minha pele.

[...]

Após meia hora de intensa batalha comigo mesma, a crise começou a ceder. Levantei-me lentamente, os músculos do corpo doendo como se tivesse corrido uma maratona. Abri o chuveiro e deixei a água quente cair sobre meu corpo, sentindo a tensão se dissipar lentamente. A água escorria pelos meus cabelos e rosto, levando embora a sensação de desespero. Fechei os olhos, permitindo que o calor da água me acalmasse. Lavei o rosto, tentando afastar os pensamentos sombrios.

Depois do banho, senti-me um pouco melhor, embora ainda estivesse exausta. Enxuguei-me com cuidado e vesti uma blusa branca macia, seguida por uma calça de moletom cinza clara que quase parecia branca. Coloquei um casaco de tricô bege por cima da blusa, sentindo o tecido aconchegante contra minha pele. Nos pés, optei pela minha pantufa rosa clarinha confortáveis. Olhei-me no espelho por um momento, vendo o reflexo de uma pessoa cansada, mas determinada a encontrar algum consolo naquela noite difícil.

Sentei-me na cama, tentando encontrar algum semblante de paz, quando uma tempestade se intensificou lá fora. A chuva caía com força, acompanhada de ventanias e trovões que pareciam estar caindo ao meu lado. Cada trovão fazia meu coração disparar um pouco mais.

De repente, ouvi alguém bater na porta. Meu coração acelerou de novo

Quem seria o doido que estaria do lado de fora da minha casa com o mundo desabando em água?

   —O que você está fazendo aqui nessa tempestade?! -Pergunto assim que abro a porta e me deparo com Vinnie em minha frente

   —Esqueci minha carteira aqui -Ele diz simples, com as mãos no bolso

Dou espaço para o loiro entrar

Bem que eu havia visto uma carteira no chão mesmo, mas pensei que era a minha, então nem tinha me tocado

   —Você tá bem Alles? Não tá com uma cara nada boa -Ele ri

   —eh.. na medida do possível -minto

Vinnie me olha com desconfiança, ele sabia que eu estava mentindo

   —Tá legal! Aproveita e fala pro Dylan isso também, já que envolve ele.. minha mãe e o pai dele voltaram e estão noivos e querem que eu e Dylan se mudamos para o apartamento dela -falei tudo de uma vez

Vinnie me olha surpreso

   —Puta que pariu -ele ri surpreso- você não vai né?! Eu vou falar pra Dylan sim, mas eu te garanto que ele não vai se mudar não, ele está quase que morando no casarão.

   —Não, estou bem aqui! -digo

Vinnie murmura alguma coisa, deve ter pensado alto

Subo com ele para meu quarto para procurar sua carteira

—Aqui! -Entrego

Estava em cima da pia de meu banheiro, deve ter deixado ali quando foi se juntar ao banho comigo

Coloco a cortina da minha varanda um pouco de lado e vejo a forte tempestade, algumas ruas mais adiante da minha já estavam sem luz, mas, o disjuntor dos bairros mais pra baixo da minha casa são mais fracos, então eu espero que não acabe a luz aqui

—Só passei pra pegar minha carteira. -Vinnie diz simples descendo as escadas

Abro a porta para ele

Não é que eu esteja com medo da chuva... mas os trovões estão altos demais, a chuva só piora e engrossa a cada minuto

Eu ainda estava um pouco trêmula pela crise de antes, ela não passou totalmente; com essa tempestade terrível, eu estava com medo de acabar a luz ou coisa do tipo

—Você precisa ir mesmo..?


Votem e comentem se estão gostando, eu aceito sugestões de melhorias!

ObsessionOnde histórias criam vida. Descubra agora