Capítulo 62

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Era quinta-feira à noite, e o clima frio parecia ter invadido meu quarto. Eu estava assistindo um filme, tentando relaxar um pouco, quando meu celular vibrou ao meu lado. Era Kio.

—Oi, Yas! Em dez minutos, passo aí para te pegar. Vamos pro casarão, temos uma reunião lá com o Vinnie e o pessoal. -ele falou com a voz suave de sempre. Suspirei, sentindo uma mistura de curiosidade e ansiedade. Sabia que essas reuniões sempre significavam algo grande.

Levantei-me da cama, trocando meu pijama por uma calça preta e um moletom branco. O conforto era minha prioridade, afinal, essas reuniões sempre duravam horas. Desci as escadas até a porta da entrada e esperei por Kio. Não demorou muito até que eu visse as luzes do carro dele brilhando na frente da minha casa.

—Eai, gata! Pronta?! -Ele abriu a porta do carro com aquele sorriso fofo de sempre

—Estou Sim! Mas afinal, sobre o que é essa reunião?!-respondi, tentando esconder o frio na barriga.

—Reggie vai explicar tudo certinho, mas não se preocupa, não é nada demais! -ele disse sorridente

O caminho até o casarão foi tranquilo, mas assim que chegamos, notei algo diferente. A casa estava cheia. Muito mais cheia do que o habitual. Membros da gangue de Vinnie estavam por todos os lados, conversando, fumando, rindo alto. O cheiro forte de maconha no ar fez meu nariz coçar, mas tentei não parecer tão incomodada.

Kio, sempre atento, me guiou pela multidão até uma enorme mesa de jantar, que parecia ser o ponto de encontro para todos. Quando nos aproximamos, senti todos os olhares sobre mim, o que me deixou ainda mais envergonhada. Sentei-me em uma das cadeiras, tentando não fazer contato visual com ninguém. Foi aí que vi Vinnie e Reggie entrando no ambiente.

Sobre a mesa, vi plantas de algum edifício que não reconheci de imediato e dois mapas detalhado da rota.

Vinnie ficou em pé ao meu lado, o que me trouxe um pouco de alívio. Ele não disse nada, mas sua presença firme era reconfortante em meio a tantos rostos desconhecidos. Reggie começou a falar, mas minha mente ainda estava focada na quantidade de gente ali, no quanto aquilo parecia maior do que eu imaginava.

Reggie ajeitou alguns papéis que estavam sobre a mesa e soltou um longo suspiro, como se estivesse prestes a dar uma aula. Ele me olhou diretamente, depois para Vinnie, e começou a explicar.

   —Escuta bem, Yas, Vinnie. Não é tão complicado, mas tem que ser convincente pra karalho. Lá no cassino, vocês dois vão precisar agir como se fossem um casal de verdade. Nada de timidez, Yas. Quero vocês de mãos dadas o tempo todo, mão na sua cintura, abraçar, dar beijos... aquelas merdas que vocês fizeram no leilão, só que dessa vez com mais intensidade.

Senti meu rosto esquentar ao ouvir aquilo, e Kio, que estava ao meu lado, deu uma risadinha. Claro que ele ia achar graça da situação, como sempre. Vinnie, por outro lado, apenas sorriu de lado, como se isso não fosse novidade nenhuma.

   —E nada de fazer só o básico, ok? Lá vai estar cheio de magnatas, mafiosos... gente filha da puta que percebe até a mínima hesitação. Se alguém desconfiar que vocês não estão realmente juntos, vai ser um problema do karalho. Então, caprichem no teatro. Quero ver vocês trocando olhares, sorrisos, carícias. Qualquer merda que esses caras fazem quando estão com suas namoradas.

Reggie pausou por um momento, olhando para nós como se quisesse garantir que cada palavra estava sendo absorvida.

   —O mais importante é: vocês precisam parecer perfeitos, sem nenhuma dúvida de que são um casal apaixonado. Isso vai manter a atenção em vocês e longe do que a gente vai estar fazendo. Entendido?!

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