Capítulo 82

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Pov — Vincent Hacker

PUTA QUE PARIU, QUE MERDA QUE EU FIZ?!

Olhei para o espelho, mas não conseguia reconhecer o cara que refletia ali. Olhos fundos, cabelo bagunçado, e uma expressão de desespero que parecia se aprofundar a cada dia que passava. O peso na minha cabeça era insuportável, e a única coisa que eu queria era sumir.

   —SEU IDIOTA!! POR QUE VOCÊ FEZ ISSO?! -eu gritei para mim mesmo, socando a parede com toda a força que eu tinha. A dor se espalhou pela minha mão, mas não era nada comparado à dor que eu sentia dentro de mim.

Você realmente deixou tudo isso acabar assim?!

Era como se cada lembrança da Yasmim fosse uma facada no peito. Porra, eu a deixei ir embora. A deixei nas mãos de outra pessoa enquanto eu fazia merda, enquanto me deixava levar pelo orgulho e pela raiva.

   —EU SOU UM MERDA!! UM EGOÍSTA DO KARALHO!!! -Eu me xingava, cada palavra carregada de uma frustração que não tinha fim. Eu estava tão bravo comigo mesmo, tão envergonhado. Como pude ser tão burro? A única coisa que eu queria era falar com ela, pedir desculpas, mas sabia que isso era impossível agora. O que eu poderia dizer? "Desculpa por ser um babaca"? Como isso resolveria?

O que eu mais temia não era a possibilidade de não ter Yasmim de volta, mas sim que, em algum momento, ela olhasse para trás e se lembrasse de mim apenas com raiva e desprezo. A ideia de que eu poderia ter se tornado uma lembrança ruim me consumia.
  Eu não sou o cara que ela merece. Eu sou um lixo que não conseguiu cuidar da pessoa que amava. Eu só espero que ela consiga seguir em frente, mesmo que isso signifique ficar longe de mim.

Tranquei a porta do meu quarto e deixei que as lágrimas escorressem pelo meu rosto.

Eu não sou assim. Eu não deveria estar aqui, me afundando em drogas, tentando apagar a única pessoa que realmente importava pra mim.

Eu tentei esquecer, mas toda vez que eu fecho os olhos, era ela que eu via. Seu sorriso, seu jeito de me olhar, tudo me perseguia.

Por que eu não consigo seguir em frente?

Eu vivia trancado aqui, perdendo dias e noites. Não comia, não dormia, e a única coisa que eu tinha era a fúria e a autocomiseração.

—Você destruiu tudo!!! -eu gritava para mim mesmo, me batendo em uma mistura de raiva e desespero.

Eu precisava dela. Eu precisava dela de volta. Mas eu era um covarde. O medo de enfrentar as consequências das minhas ações me paralisava.

   —Merda, merda, merda! -Eu me arrastei para o chão, com a cabeça entre as mãos, enquanto as lágrimas escorriam sem parar.- O que eu fiz, Yas? Eu sou um monstro...

[...]

No dia em que tudo acabou, a noite se arrastou como um pesadelo interminável. O que eu deveria ter feito era correr atrás dela, segurá-la e pedir que ficasse. Mas eu deixei a Yasmim ir. E agora, todas aquelas palavras ditas em um momento de raiva ecoavam na minha mente, como um eco de uma decisão terrível que eu não poderia desfazer. O silêncio do quarto só era interrompido pelo barulho da minha respiração pesada, enquanto tentava encontrar uma maneira de apagar aquela lembrança.

Quando a manhã finalmente chegou, Jacob apareceu com uma ideia que eu sabia que era um desastre esperando para acontecer.

   —Vamos fazer uma festa na sua casa, cara! Isso vai te ajudar! -ele disse, como se uma festa pudesse resolver o que eu tinha quebrado. Mas não era assim que funcionava.

   —Não. -eu respondi, a voz embargada, mas ele não desistiu.

Ele estava convencido de que a Patrícia e a Joana eram a solução. A primeira se ofereceu para passar um dia comigo, para "me consolar". Mas isso foi a última coisa que eu queria. O que eu precisava era da Yasmim, não da Patrícia.

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