Eu senti meu corpo inteiro tremendo, o coração batendo tão forte que parecia prestes a explodir. As palavras que meus amigos deixaram escapar martelavam na minha cabeça, se misturando a um turbilhão de raiva e dor. Eu não conseguia processar aquilo. Como era possível que isso tivesse acontecido? E o pior, eu não me lembrava de nada.
Saí correndo da sala, cega de pânico, e mal percebi quando trombei com Dylan na porta. O choque foi inevitável. Ele me segurou antes que eu caísse, me puxando para um abraço apertado, como se quisesse me proteger de tudo, como se aquilo pudesse apagar a culpa que ele carregava por não ter conseguido impedir o que aconteceu.
Mas eu não queria proteção. Eu queria me soltar, fugir, desaparecer. A sensação de estar presa, de não conseguir respirar, só aumentava a fúria que crescia dentro de mim.
—ME SOLTA! -gritei, a voz rouca e carregada de ódio.- ME SOLTA, PORRA!! EU QUERO SAIR DAQUI!
—Yas, por favor, fica calma. Eu tô aqui, você não tá sozinha. -Dylan me segurava com força, tentando me acalmar.
Mas as palavras dele não faziam sentido pra mim naquele momento. Eu estava cega de raiva, de dor. O que ele dizia não tinha importância, porque ele não conseguia entender o que eu estava sentindo!
—VOCÊ NÃO ENTENDE NADA! -gritei, tentando me soltar dos braços dele.- VOCÊ NÃO SABE O QUE EU TÔ SENTINDO!!
Eu bati nele com as mãos, socando seu peito, os ombros, qualquer parte que conseguia alcançar. As lágrimas escorriam pelo meu rosto, mas não eram de tristeza, eram de pura frustração e fúria.
—EU ODEIO ISSO, EU ODEIO ESSA CASA! ME DEIXA SAIR! -chorei, a voz falhando entre os gritos.- EU SÓ QUERO SUMIR, MERDA!
Dylan continuava me segurando, firme, mesmo com os golpes e os xingamentos. Ele sabia que eu precisava colocar aquilo pra fora, mas isso não tornava a situação menos dolorosa pra ele. A culpa que sentia só aumentava ao ver o estado em que eu estava.
—Eu sei que tá doendo, Yas, mas por favor, fica comigo. -A voz dele estava embargada, quase implorando.
—EU NÃO CONSIGO! -gritei, me debatendo ainda mais forte, o desespero me consumindo por inteiro.- ME SOLTA, KARALHO! EU PRECISO SAIR DAQUI!!
Eu precisava sair da casa, eu precisava de ar!
Mas, em vez de melhorar, tudo só piorava. Eu sentia uma falta de ar absurda, como se o ar tivesse sido arrancado dos meus pulmões. Meu coração batia tão rápido que parecia que ia parar a qualquer momento. A sensação de sufocamento me fez entrar em pânico de vez, e eu me debatia com ainda mais força, a visão turva pelas lágrimas e pelo medo que tomava conta de mim.
Tudo ao meu redor era um caos, e eu me sentia à beira de um colapso.
Mas que porra é essa que eu tô sentindo?! Eu nunca senti isso tão forte dessa forma antes. Essa sensação é terrível!!
O desespero, a raiva, a dor... tudo se misturava dentro de mim, como uma tempestade que eu não conseguia controlar. Meu corpo tremia, e a falta de ar parecia me sufocar ainda mais. Eu precisava sair dali, fugir, mas Dylan me segurava com força, e cada vez que eu tentava me soltar, ele me apertava mais.
Foi então que Vinnie, Kio e Bryce entraram na sala, suas expressões tão cheias de pavor quanto eu me sentia. Vinnie parecia o mais desesperado de todos, a agonia estampada em seu rosto ao me ver naquele estado. Eu sabia que ele tinha esse problema com a raiva, as crises dele eram frequentes, então ele entendia exatamente o que eu estava passando. Mas isso só piorava as coisas pra mim.
Ele sabia... ele sabe o que é sentir isso, e ainda assim não me contou nada!
—Yas, por favor, se acalma! -Vinnie implorou, a voz carregada de angústia.
Me acalmar? Como eles querem que eu me acalme?!
A raiva dentro de mim crescia ainda mais ao ouvir aquelas palavras. Eu comecei a me debater com mais força nos braços de Dylan, tentando me soltar.
—FICA LONGE DE MIM! -gritei para Vinnie, as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.- COMO VOCÊ PÔDE NÃO ME CONTAR NADA?!
Kio e Bryce tentavam falar comigo também, mas as vozes deles eram apenas um ruído distante. Vinnie deu um passo em minha direção, mas eu me afastei o máximo que pude, me encolhendo ainda mais nos braços de Dylan. Ele estava tão desesperado quanto eu, eu podia ver isso. Ele sabia o que eu estava sentindo porque ele mesmo já passou por isso tantas vezes. Mas, em vez de me ajudar, só tornava tudo pior.
—NÃO CHEGA PERTO DE MIM! -gritei, meu corpo tensionado, a dor e a raiva se misturando em uma tempestade incontrolável. Vinnie parecia tão ferido quanto eu, mas eu não conseguia parar.
Por que isso tá acontecendo? Por que eu não consigo parar de sentir essa raiva toda?!
Vinnie tentou falar mais uma vez, mas eu não queria ouvir. Eu não conseguia ouvir. Eu só queria que aquilo acabasse, que essa dor insuportável desaparecesse, e que todos me deixassem em paz.
Fechei os olhos com força, tentando bloquear tudo ao meu redor. Coloquei as mãos no rosto, tentando esconder as lágrimas, o desespero, o que eu estava sentindo. Não queria que ninguém me visse assim de novo. Fazia anos que eu não sentia esse pânico, essa raiva avassaladora. Era como se todo o controle que eu pensava ter sobre mim mesma tivesse se esvaído num piscar de olhos. Eu perdi o controle.
Eu não posso deixar isso acontecer novamente... Não de novo.
Mas, antes que eu pudesse me afundar ainda mais nesse turbilhão de sentimentos, senti meu corpo ser envolvido por um abraço forte e caloroso. Reconheci o perfume no mesmo instante. Era Vinnie. Meu coração, que até então batia descontroladamente, deu uma guinada. Eu ainda estava furiosa com ele, mas aquele abraço... havia algo de familiar, de reconfortante, que quase me fez desabar.
Dylan, percebendo a mudança, me soltou devagar e se afastou. Ouvi o clique da porta sendo trancada, mas meus olhos continuavam fechados, minhas mãos ainda pressionando meu rosto. Eu ainda estava lutando contra aquele mar de emoções, o pânico ainda pulsava em minhas veias, e meu corpo reagia instintivamente, tentando se soltar dos braços de Vinnie.
—Por favor, me solta, Vinnie... -murmurei, minha voz fraca, quase um sussurro, mas carregada de uma resistência teimosa. Ainda que parte de mim quisesse aquele conforto, a outra parte, ferida e traída, não queria nada além de distância.
—Yas, por favor... -a voz dele era baixa, quebrada, enquanto ele apertava mais o abraço.- Me desculpa... me desculpa por não ter te contado antes. Eu não sabia como... eu não sabia o que fazer. Eu nunca passei por isso antes... nunca tive que lidar com algo assim.
O tom dele era de puro arrependimento, e cada palavra que ele dizia parecia perfurar o pouco de defesa que eu ainda tinha. Senti minha resistência começar a ceder, mas a raiva ainda estava ali.
—Você deveria ter me contado... -sussurrei, as palavras saindo entrecortadas por soluços.- Eu descobri da pior forma, Vinnie...
Vinnie começou a tremer, e eu percebi que ele estava tão abalado quanto eu.
—Eu sei, Yas, eu sei... -ele repetia, a voz dele embargada. -Eu fui um covarde. Eu só não sabia como te dizer... Eu tinha medo de te machucar ainda mais. Mas acabei fazendo tudo errado, porra!
Eu continuei me debatendo por um tempo, mas meus movimentos foram ficando mais fracos. O pânico que me dominava lentamente começou a dar lugar ao cansaço. Minha respiração, que estava acelerada e irregular, foi aos poucos se acalmando. Ainda doía, ainda estava tudo confuso, mas, envolta naquele abraço apertado, algo dentro de mim começou a se aquietar.
Vinnie continuava a murmurar desculpas, o som da voz dele um consolo estranho, mas presente.
Eu odeio ele por não ter me contado... mas ao mesmo tempo, eu não consigo odiar ele por completo.
A mistura de sentimentos dentro de mim era confusa, mas naquele momento, me deixei levar pela exaustão que tomava conta do meu corpo.
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Obsession
Fanfiction"Você é minha querendo ou não, Alles!!" ⚠️VAI CONTER NESSA HISTÓRIA ⚠️ •Drogas ilícitas; •Abuso sexual; •Agressões físicas e verbais; •Palavras de baixo calão; •Hot (Sexo); (Leiam com responsabilidade! essa fanfic vai ser pesada em alguns momentos...