Capítulo 50

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Quando os meninos se retiraram da sala, deixando-nos a sós, eu tentei me concentrar na respiração, mas minha mente estava à mil. Meu peito subia e descia rápido, cada batida do coração ressoando nos meus ouvidos como se estivesse em um túnel. Ainda tremendo, me forcei a sentar no sofá, sentindo minhas pernas fracas, e Vinnie logo se aproximou, sentando ao meu lado. Ele estava visivelmente desesperado, as mãos tremendo enquanto passava nervosamente os dedos pelo cabelo.

Com os cotovelos apoiados nas pernas, enterrei o rosto nas mãos, tentando encontrar alguma força para segurar as lágrimas que ameaçavam cair. Meu corpo inteiro tremia, os músculos tensos e exaustos, enquanto minha respiração permanecia desregulada, como se eu não conseguisse puxar o ar suficiente para me acalmar. Cada tentativa de respirar fundo parecia falhar, o ar entrando em meus pulmões de forma curta e rápida, como se algo estivesse pressionando meu peito.

O mundo ao meu redor parecia desfocado, como se nada além da minha própria dor existisse naquele momento. A voz de Vinnie ainda ecoava na minha cabeça, mas tudo o que conseguia sentir era o peso esmagador do cansaço, o desejo de que tudo aquilo desaparecesse, pelo menos por um segundo.

Meus dedos tremiam contra a minha pele, e a sensação de impotência apenas aumentava a angústia. Queria gritar, chorar, fazer qualquer coisa para aliviar a pressão que me sufocava, mas tudo o que consegui fazer foi ficar ali, encolhida, tentando desesperadamente encontrar alguma forma de me recompor.

As palavras de Vinnie continuavam flutuando na minha mente, mas estavam distantes, abafadas pela confusão que tomava conta de mim. Mesmo com ele sentado ao meu lado, pedindo desculpas, tentando justificar o que havia acontecido, tudo parecia tão... fora de alcance.

   —Porra, Yas, eu... eu estraguei tudo! -ele começou, a voz trêmula, carregada de arrependimento.- Eu juro, eu só... entrei em pânico. Quando soube que você foi sequestrada, perdi a cabeça. Eu não sabia como te contar isso depois que você acordou... Não sabia como lidar com essa merda toda.

Fechei os olhos, tentando organizar os pensamentos. Cada palavra dele era como um soco no estômago, não pela raiva, mas pela dor de tudo o que tinha acontecido. As imagens do que passei ainda estavam frescas, os flashbacks estavam finalmente vindo à tona, me relembrando daquela maldita noite de horrores. Uma mistura de terror e impotência que parecia sufocar cada tentativa de me acalmar.

   —Eu queria te proteger, karalho. -ele continuou, a voz mais baixa, quase um sussurro.- Mas fui um puto de um idiota de merda!! acabei te machucando ainda mais, sem querer. Me desculpa, Yasmim... me desculpa de verdade.

Abri os olhos e olhei para ele. Vinnie parecia menor do que o normal, a expressão abatida, os olhos desesperados buscando alguma forma de redenção. Eu podia ver o medo neles, não só por tudo o que tinha acontecido, mas pelo que poderia acontecer entre nós agora. Ele parecia à beira de um colapso, mas ainda assim, tentava manter a calma por mim.

   —Se não fosse por minha culpa, aqueles filhos da puta não teriam te pegado! -ele continuou, a voz rouca.- E agora essa merda toda... eu só queria que você soubesse que eu faria qualquer coisa pra te proteger, mesmo quando sou um idiota completo. Eu te amo, Yas. Mais do que qualquer coisa. Foda-se o resto.

Senti as lágrimas começarem a se formar novamente, mas segurei-as com força. Eu queria acreditar nele, queria desesperadamente que tudo isso fosse apenas um pesadelo do qual eu acordaria. Mas a dor era real, e as palavras dele, por mais sinceras que fossem, não apagariam o que aconteceu.

   —Eu só... preciso de um tempo, Vinnie. -consegui sussurrar, minha voz quase se quebrando.- Pra processar tudo.

Vinnie assentiu lentamente, concordando com o meu pedido de tempo. Em silêncio, ele me puxou para um abraço apertado, envolvendo-me com seus braços fortes. No instante em que nossos corpos se encontraram, senti um alívio, uma pequena pausa na angústia que me consumia. Era como se todo o peso que eu carregava se tornasse um pouco mais suportável com ele ali, segurando-me.

Por dois meses, estive longe, mantendo distância por causa do "relacionamento" que me prendia. E durante esse tempo, eu senti falta dele, da sua presença que sempre me trouxe um pouco de paz em meio ao caos. Ele era meu porto seguro, uma das única pessoa que conseguia me acalmar quando tudo ao redor parecia desmoronar. Agora, nos braços dele, aquele sentimento de segurança voltou, mesmo que só por um momento.

Ficamos assim por um bom tempo, em silêncio, apenas sentindo a presença um do outro. Aos poucos, minha respiração começou a se acalmar, acompanhando o ritmo lento do peito dele subindo e descendo. Eu respirei fundo, deixando que o perfume familiar dele invadisse minhas narinas, uma sensação que eu não sabia o quanto tinha sentido falta até agora.

   —É a primeira vez que você me chama de Yas.. -Minha voz saiu suave, quase um sussurro.- Achei bonitinho! -Sem me soltar, murmurei, com um sorriso fraco

Ele não disse nada, mas riu, senti o braço dele me apertar um pouco mais, como se, naquele gesto, ele estivesse me dizendo que estava ali, que sempre estaria, mesmo que as palavras não fossem ditas. E por um instante, aquele simples "Yas" parecia ser o bastante

—Você quer falar sobre o que aconteceu? -Vinnie me solta de seus braços e me encara seriamente- mas só se você quiser e tiver preparada, eu não vou te forçar a nada, é claro! -O loiro fala desesperado, como se tivesse falado alguma besteira e quisesse concertar a tempo.

—As lembranças estão vindo à tona, que pesadelo.. -coço meus olhos cansada- não me lembro de muita coisa, mas lembro-me de estar no aniversário de minha mãe dançando com Aaron, eu tinha ficado muito cansada, afinal, eu nunca tinha dançado tanto na minha vida -ri fraco- pedi para ele pegar uma bebida pra mim e me sentei em uma das cadeiras que estava junto das mesas dos convidados, mas quando eu olhei em direção da mesa de bebidas, vi Oliver entregando alguma coisa para Aaron.. -Hacker arqueia uma sobrancelha- eu não conseguia ver o que era, estava muito escuro. Aaron me entregou a bebida, mas sei lá, ela estava com um gosto estranho, meio diferente, sabe? Ai eu comecei a passar mal e apaguei. -uni todas as forças que eu tinha para contar tudo isso, a cada palavra que eu soltava, as lembranças reapareciam, me fazendo reviver esse inferno

—Não consegue se lembrar de mais nada?

—Não.. por que? Aconteceu alguma outra coisa?! Onde Aaron está? -meu coração acelera e começo a olhar para os lados com medo

—Ei, ei.. se acalma -Vinnie segura minhas mãos, me fazendo olhar para ele- Aaron e Rowe estão mortos, você não vai mais passar por isso novamente, Alles. Eu te prometo.

—M-mortos..? -sinto meu corpo inteiro gelar, olho assustada para Vinnie




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