Capítulo 2: Segunda Chance

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LEO

A chuva fina continuava caindo, transformando a noite em um borrão de luzes distorcidas pelas poças na rua. Eu estava sentado na varanda, com o livro ainda fechado no colo, incapaz de me concentrar em qualquer coisa. A única imagem que invadia meus pensamentos era a dela: Zara Monroe. Como eu não percebi antes? A voz... o rosto... tudo fazia sentido agora, mas eu fui cego. Desde aquele momento, tudo parecia girar em torno dessa revelação, e o celular dela, que ainda estava em minhas mãos, só piorava a situação. 

— Léo, já estou saindo, tá? — minha mãe avisou da porta. — Não esquece do lixo!

— Tá, pode deixar — respondi, enquanto colocava o livro de lado e pegava os sacos.

O portão se abriu com um clique, e meu cachorro, como sempre, ficou empolgado, achando que íamos passear. Eu ri.

— Não hoje, Thor. Volta pra dentro.

O som do motor de um carro me tirou do transe. Olhei para frente, e antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, um Jaguar invadiu minha garagem, derrapando pelo chão escorregadio. O carro atingiu em cheio o para-choque do carro de trabalho do meu pai. O barulho ecoou pela rua, quebrando o silêncio da noite.

Minha irmã, Emily, desceu as escadas em pânico.

— O que foi isso?! — ela perguntou, com as mãos na boca, obviamente chocada com o que estava vendo.

Eu dei um passo à frente, ainda processando o que tinha acabado de acontecer. O carro que acabou de destruir o para-choque do meu pai era um Jaguar, daqueles que só vemos em revistas ou em exposições de carros de luxo. Para mim, isso já era estranho o suficiente, mas o que aconteceu em seguida me deixou ainda mais perplexo.

A porta do lado do carona se abriu, e uma garota loira saiu, parecendo incrédula com a situação. Ela colocou as mãos na cabeça e olhou fixamente para o estrago que havia causado.

— Aiden vai surtar! — ela exclamou, claramente falando mais para si mesma do que para qualquer outra pessoa.

O nome Aiden soou familiar, mas não conseguia lembrar de onde. A loira virou-se de volta para o carro e disse algo para quem estava dentro, mas antes que eu pudesse ouvir direito, Emily me puxou pelo braço, visivelmente agitada.

— Leo... — ela sussurrou, com os olhos arregalados. — Eu... acho que conheço essa garota!

Eu a olhei, confuso, enquanto ela corria para mais perto da garagem.

— Jasmine Parker? — Emily perguntou, com uma expressão que misturava descrença e euforia.

A loira parou e virou-se, surpresa por ser reconhecida. Jasmine Parker? De novo, o nome soava familiar, mas de onde? Emily, no entanto, estava surtando.

— Leo, essa é Jasmine Parker! Ela é tipo... a melhor amiga da Zara Monroe! — Emily praticamente gritou, como se fosse a maior revelação do século.

Agora tudo fazia sentido. O Jaguar, o nervosismo, e, claro, a Zara Monroe. Será que...

Antes que eu pudesse concluir o pensamento, a loira, Jasmine, caminhou até o portão, olhou rapidamente para os dois lados, como se estivesse checando se a barra estava limpa, e voltou para o carro. Ela bateu no vidro do motorista e disse:

— Está limpo. Pode sair.

O coração disparou no meu peito. Será que...

Antes que eu pudesse responder, a porta do motorista se abriu, e uma garota desceu. Seus cabelos castanhos reluziam sob a luz fraca da chuva. Meus olhos não acreditavam no que viam, e meu coração parecia disparar. Fiquei paralisado ao ver quem estava à minha frente. Eu a reconheci de imediato. Vários pôsteres dela decoravam o quarto de Emily, e agora ela estava ali, real, na minha garagem.

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