The car "accident"

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Facto interessante: É canon em all for the game que Andrew não tinha a intenção de sair vivo do acidente de carro.
Não era só sobre matar Tilda, era um suicídio.

Mas neste caso e se alguém o tivesse ajudado?
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As aulas hoje foram lentas, mas ainda demoraria para Mary chegar do trabalho, seguiu então caminho até a biblioteca da cidade para procurar livros de alemão para a sua próxima paragem.

Chris atravessou a rua.

Ao longe notou um carro com movimentação estranha, como se não conseguisse manter-se na faixa, quem é que a estas horas da tarde já estava bêbado?

Olhando melhor pelo vidro viu uma mulher claramente alterada ao volante e ao lado um rapaz aproximadamente da sua idade e imediatamente teve um mau pressentimento sobre ele.

Quando se foge da morte por muito tempo é fácil reconhecê-la quando está perto.

Oh se Chris tinha experiência com isso.
E como se ouvisse os seus maus pensamentos algo aconteceu, o rapaz falou alguma coisa, a mulher congelou e então, muito depressa, ele toma o volante das mãos da mulher, Chris dá passos para trás, e o rapaz então vira o volante com tudo.

Queria fechar os olhos, mas era impossível ignorar, os olhos do loiro permaneceram iguais em todo o momento, até que Chris perdeu a visão deles.

O carro virou da rodovia e ele pensou que deveria fazer o que sempre faz, correr. De maneira alguma queria ser associado a estas mortes, mas tendo em conta a situação é capaz de ser considerada um simples acidente de carro. E a pulga de sua curiosidade o atinge, o que levaria aquele garoto a fazer algo assim?

Passou tanto tempo sobrevivendo que a ideia do suicídio é completamente descabida para si.

E por mais que a voz da sua mãe ecoasse na sua cabeça "não é problema seu" "corre" e "nem penses nisso Abram"  Ele sabia, sabia que não seria capaz de ignorar.

Flashs dos olhos mortificados do rapaz marcados em sua mente.

Chris amaldiçoa-se enquanto dá a volta ao carro, a estrada é isolada e os únicos dois carros que passaram não se importaram o suficiente para parar.

Chega então à sua frente, um carro virado ao contrário, Chris vê uma mulher com o corpo sobre o capô do carro e sangue escorre do ferimento em sua cabeça, pescoço quebrado, nem precisa olhar muito, está morta.

Chris agaxou-se e olhou sobre o vidro estilhaçado.

O loiro deveria seguir o mesmo caminho completamente apagado mas Abram sabia melhor, ele viu o peito a mexer fracamente, vivo porém ferido.

O ferimento em seu estômago mais familiar doque deveriam ser para um rapaz se dezasseis anos, mas a situação de Abram era singular.

Chris sabia que se não fosse estancado rápido o rapaz a sua frente morreria com uma hemorragia, mas também sabia que se ajudasse poderia ser envolvido e isso seria arriscar tudo.

Abram sempre foi um Mártir e não pensou uma segunda vez antes de decidir retirar o corpo do rapaz e então abrir a sua mala que continha mais material de enfermagem do que escolar.

Abriu o gaze cortou com a tesoura e ouviu mermurios, surpreendeu-se pelo rapaz ainda conseguir recuperar consciência no estado em que estava.

Para alguém com uma mente suicida tinha um corpo muito determinado a viver.

E quando foi para tirar a blusa do rapaz ouviu-o tremer, não tinha tempo para pensar nisso agora e tirou.

Começou a trabalhar no torço do rapaz rapidamente, os seus movimentos eram repetidos e cirúrgicos feitos por mãos experientes.

Ouviu um tossir, olhou para as feições dele e sua boca movia-se como quem queria formar palavras.

— Shh.. não se esforce – Chris sussurrou sabendo que seria difícil o rapaz absorver estímulos e palavras demasiado longas no seu estado atual.

Passou a faixa presa a volta do seu peito firmemente e pensou em como não o podia devolver ao carro, quando encontrassem a cena seria estranho o rapaz estar com todos os ferimentos tratados.

Incriminatório para ambos.

Pensou até decidir carregar o corpo jovem até um beco mais reservado e garantiu que apagaria qualquer sinal de outro passageiro no carro.

Escondido agora no beco com um corpo desacordado ao seu lado seria a melhor altura para processar e entrar em pânico com o que tinha acabado de fazer.

Demorou-se então pelo corpo e rosto do homem inconsciente ao seu lado.

Saltou-lhe à vista o peso nos bolsos das suas calças, Abram reconheceria a forma de facas a quilómetros de distância. Com que tipo de maluco ele se meteu?

Foi realmente pesado de se arrastar até ali, estava esfarrapado mas para quem tinha acabado de sair de um carro em ruínas estava melhor do que deveria.

Achou graça as sardas em suas bochechas e quando se aproximou sentiu uma dor em seu maxilar. Um soco.

O Rapaz que tinha salvado controceu-se, apoiando-se nos braços deixou-se cair com as costas na parede do beco enquanto suspirava varias vezes.

Nota mental: Nunca mais ajudar ninguém, a ingratidão é uma vadia.
O seu maxilar latejava de dor.

— O que foi – o loiro teve de pausar para respirar – que você fez?

— Hm salvei-te a vida? Denada – Ao ver que o rapaz estava aparentemente bem o suficiente para falar, Chris fez sinal para se levantar. – Estarias morto se não tivesse tratado dessa ferida, tive que tirar sua camisa no processo – disse e jogou-lhe a camisa na cara. – aqui.

Num último ato de bondade, abriu a mochila e tirou uma barra de cereais e estendeu ao garoto.

— quanto da cena você viu? – ele perguntou enquanto estendia a mão até a barra de cereais.

— O suficiente para saber que não foi um acidente. – O loiro moveu as mãos até os bolsos – não há necessidade de meter lâminas à mistura, não irei contar a ninguém e daqui a alguns dias estarei fora da América.

O rapaz fica relutante sobre se engole essa história ou não.

Um silêncio pesado se dá e por algum motivo os pés de Abram não saiam do lugar.

— Porquê? – o Loiro não levantou os olhos do chão ao perguntar. – você viu o que eu fiz.

— Você tinha a intenção de a matar, muito bem não vou questionar, mas suicídio é demasiado patético para eu ignorar. – E ele viu raiva naqueles olhos avelã, pela primeira vez alguma emoção além de apatia.

—Não haja como se soubesse alguma coisa – o loiro cuspio

— De facto não sei.

Andrew deixa-se escorregar ainda mais para o chão.

— Mas se quiser um conselho é melhor usar os níveis de álcool dela como justificativa para dizer que ela te abandonou na rua um tempo antes do acidente acontecer e esconder bem os seus ferimentos.

O rapaz deitado no chão parecia mal mas demasiado hostil para Chris se envolver mais do que já se envolveu.

— Não gosto de ficar em dívida – esclarece o rapaz.

— Talvez um dia a gente se acerte.

Abram abandonou o beco com uma luz vermelha a piscar em sua cabeça.

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- É isso.

-Estava pensando muito nessa parte da história recentemente.

- pensando em explorar a Demisexualidade do Neil.

- votem e comentem❤️🎀

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