22 | Cala a boquinha

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Giullia


Dante dá a partida no carro e ajusta o retrovisor, enquanto eu me ajeito no assento, ainda um pouco atordoada pelo que acabara de acontecer

- liga pra Ella e depois pra sua mãe - Dante diz, já virando a chave de ignição e acelerando um pouco mais do que o necessário.

Já estamos vestidos de novo e eu realmente vou precisar começar a tomar remédio, já que gosto tanto quando ele goza em mim

- pra que? - pergunto, observando-o 

- só liga pra Ella -ele responde, dando uma olhada rápida no retrovisor antes de se concentrar novamente na estrada

Pego meu celular da bolsa, digitando o número de Ella sem hesitação, um número que já sei de cor. Assim que o telefone começa a tocar, ela atende logo na segunda chamada

- oi, espera- digo, ativando o viva-voz e tirando o telefone do ouvido para que Dante possa ouvir também - esta no viva voz

- iai Dante, como está indo o encontro? - Ella pergunta com uma curiosidade bem visível na voz

- isso não é um encontro Ella, da pra parar? - pergunto irritada

- está indo muito bem - Dante responde com um tom sarcástico, e eu o encaro com um olhar que poderia matar - na verdade está péssimo - ele corrige rapidamente, e Ella ri do outro lado da linha.

- ela te ameaçou não é? - Ella pergunta, claramente divertindo-se com a situação

- já tá virando costume, eu preciso de um favor seu

- se estiver ao meu alcance... - Ella responde, já imaginando que está prestes a ouvir algo interessante

- a Giullia vai dormir na sua casa hoje - Dante diz, e eu o olho com uma sobrancelha erguida, perplexa - Caso alguém pergunte, e amanhã de manhã, antes da escola, preciso que leve uma roupa para ela no endereço que ela vai te mandar

- sim senhor - Ella responde, e os dois rimos ao mesmo tempo - tira essa marra toda dela Dante, vai conhecer um outro lado dela que quase ninguém tem acesso e nunca mais vai querer sair

- cala a boca Ella - eu digo, interrompendo a conversa e desligando o telefone abruptamente

- um amor de pessoa - Dante debocha, seu tom cheio de divertimento

- eu queria estar fazendo a mesma coisa com você - eu digo, com um sorriso travesso.

- transando?

- desligando na sua cara - eu respondo, e ele solta uma gargalhada genuína

Voltamos para a pista principal, e agora que a escuridão da noite caiu, as luzes da cidade brilham à nossa volta, como um mar de pontos luminosos

- pra onde esta me levando? - pergunto, tentando decifrar o que ele tem em mente

- minha casa - ele responde, com o olhar fixo na estrada diante dele

- casa dos seus pais? - inquiro, um pouco confusa

- não, a minha própria - ele esclarece, virando brevemente a cabeça para me olhar. Percebo um brilho travesso em seus olhos ao ver a minha expressão inquisitiva. - Se for me matar, me avisa, assim eu te deixo aqui mesmo - ele diz, e embora tente manter uma expressão séria, um sorriso involuntário surge nos meus lábios. Dante sorri também, voltando a atenção para a estrada

Reclino a cabeça contra o vidro da janela, observando as gotas de chuva que deslizam lentamente e me deixando ser envolvida pelo ritmo relaxante da cidade que passa rapidamente. As luzes piscam como pequenas estrelas, e um sentimento de familiaridade se instala em mim. O burburinho da Califórnia é vibrante e lembra um pouco o calor e as praias da cidade onde nasci, mas, para ser honesta, nada se compara à vivacidade do Rio de Janeiro

Meu Parceiro de Química 🧪Onde histórias criam vida. Descubra agora