29 | Olhar

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Giullia

Giro a maçaneta da porta e entro na sala que Dante mencionou. O ambiente é de tamanho médio, todo pintado de preto, com uma mesa grande e uma cadeira robusta. Há alguns armários aéreos alinhados nas paredes e um sofá de canto imenso ocupa um espaço considerável do cômodo. Em uma das paredes, uma televisão de grandes proporções está acompanhada de um sistema de som sofisticado, enquanto na parede oposta à porta há uma janela panorâmica que oferece uma vista impressionante da academia, que parece ainda maior vista de cima

- o que ta...

- ai filho da puta, que susto - exclamo, levando a mão ao peito depois do choque de ver Dante, que havia se aproximado sem eu perceber

Ele ri, fechando a porta atrás de si com um gesto casual. Em poucos passos, ele está parado bem na minha frente, seu olhar fixo no meu

- o que ia dizer? - pergunto, desviando o olhar e observando o movimento da academia lá embaixo, onde algumas pessoas treinam intensamente

- o que ainda está fazendo de roupa? - ele pergunta, e eu não posso evitar uma risada

- Você é realmente muito cara de pau

- Você que estava me secando lá embaixo - ele rebate, um sorriso travesso nos lábios.

- E você não estava me observando também? - retruco, voltando meu olhar para ele

Dante continua a se aproximar, seu sorriso se ampliando. Ele toca nos dois lados da minha cintura com uma suavidade que contrasta com a intensidade de seu olhar. Uma gota de suor escorre de seu peito, e eu sigo com os olhos o caminho da gota até seu abdômen trincado e coberto de tatuagens detalhadas, cada linha e curva visivelmente trabalhada

- e continua me secando, depois ainda diz que eu sou cara de pau

- lembra que eu mandei se fuder hoje de manhã? - digo e olho pros seus lábios que sorriem confirmando

- ver você putinha me deu um tesão do caralho - diz ainda sorrindo

- então vai de novo - digo e um sorriso falso aparece nos meus lábios fazendo o garoto gargalhar

- só se for comigo

- você é impossível - reviro os olhos e percebo que suas mãos ainda estão em mim

- porque está tão estressada hoje? Achei que dar uns socos em um saco cheio de areia ia te ajudar

Então, foi isso que aconteceu? Ele percebeu que estou estressada e decidiu me trazer aqui para... me ajudar? Que piada, é claro que não. Ele não está aqui para me ajudar de verdade; o que ele realmente quer é me comer, e, para minha frustração, está quase conseguindo. Enquanto meus olhos descem e fixam na sua mão ainda repousada na minha cintura, um pensamento intrusivo me atinge

- porque eu? - pergunto, e vejo sua expressão se fechar em uma testa franzida, confuso e sem entender o motivo da minha dúvida

- porque você o que? -ele pergunta de volta, sua expressão misturando confusão e curiosidade. Seus olhos se encontram com os meus, sérios e intensos - isso? - ele solta um dos lados da minha cintura e aponta para nós dois, esperando minha confirmação. Eu apenas aceno com a cabeça - Eu te disse, princesa - ele continua, seu tom agora mais suave e sincero. - Desde o primeiro dia, não consegui tirar os olhos de você. A primeira coisa que notei foram seus olhos. E ver você dançando naquela festa só me deixou ainda mais... - ele faz uma pausa, procurando as palavras certas - interessado em você

Meu Parceiro de Química 🧪Onde histórias criam vida. Descubra agora