Capítulo 02 - Feliz, Alegre e Forte

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04 de Janeiro de 2030
Reino Unido - Cambridge
Freen Sarocha

Já se passaram três dias desde o que Freen imaginou ser a sua grande descoberta, e até então não recebeu nenhum sinal do seu orientador. Apesar de dizer a si mesma todos os dias que deveria esquecer o acontecido e seguir com o projeto, a sua cabeça martelava incontrolavelmente com uma urgência por respostas. Se para o sr. Smith pareceu tão trivial a ponto de dar o silêncio como resposta, por quê para ela pareceu tão extraordinário? Era a pergunta que pairava em seus pensamentos todos os dias.

— O que vai fazer hoje à noite? — Heng pergunta do banco do motorista, tirando a amiga de suas reflexões. Eles estão à caminho da universidade, já que o rapaz tem um cliente por perto.

— Não pensei em nada. — ela dá de ombros — Por quê?

— Poderíamos ir ao The Lab de novo. — ele cantarola animado, tirando a atenção do volante por alguns segundos — Aquela garota que eu te falei me chamou pra sair.

— Ela te chamou pra sair? — Freen zomba — Ela vai pagar o jantar e te deixar em casa também?

— Ei, estamos em 2030, está tudo bem uma mulher ter atitude.

— Está tudo bem, amigo. — ela descansa uma das mãos no peito dramaticamente — No fundo eu sempre soube que você é a passiva.

— Pelo menos eu estou saindo com alguém, no lugar de fazer cosplay de Santa Luzia.

A mulher faz uma careta seguida de um risinho sem graça, estava realmente solteira há muito tempo, mas isso não a incomodava de maneira nenhuma. Antes que pudesse responder a blasfêmia com alguma gracinha, seu aparelho celular toca e ela atende imediatamente.

Srta. Sarocha. — a voz grave chama do outro lado — Espero que não se importe, mas encontrei o seu contato nos registros da universidade. É o sr. Smith.

— Oh, sr. Smith, claro que não me importo. — ela conserta a postura, como se seu orientador pudesse vê-la — Como posso ajudá-lo?

Primeiro peço perdão pela espera, estive em recesso até hoje, e só dirigi atenção ao seu e-mail após resolver os mais administrativos. — ele faz uma pausa como se procurasse o que dizer — E, Freen, eu entendo todas as dúvidas e inseguranças que você encontrou nesse sinal. Nada já visto há mais de um século de radioastronomia pode explicar isso. — a mulher continua em silêncio, incrédula de que estava certa sobre a excepcionalidade do que encontrou — Isso é no mínimo a primeira detecção de um evento astronômico completamente novo, e no máximo...

— Vida extraterrestre. — ela completou ainda insegura. Heng está curioso ao seu lado, fazendo mímica para que ela use o viva voz.

Sim. — ele pigarreia — Eu tomei a liberdade de montar um mini grupo de trabalho com quatro colegas. Posso contar com sua presença?

— C-claro, professor. — ela cutuca o joelho do amigo, no intuito de fazê-lo dirigir mais rápido — Na verdade já estou bem perto da universidade.

Estamos no terceiro andar, sala 305. Por favor se identifique ao chegar, nós orientamos os seguranças sobre a exclusividade do assunto.

— Sim, senhor.

A mulher encerra a chamada com o corpo em chamas, a adrenalina em ser pioneira em uma descoberta tão incrível lhe ferve os ossos e ela não consegue ficar quieta. Assim que seu amigo estaciona, Freen saltita para fora e busca a sua bicicleta no porta malas.

— Nos vemos às 19h! — grita já a caminho do prédio — The Lab parece ótimo!

— Não se esqueça de usar a sua memória de peixe para gravar tudo o que ele descobriu, eu com certeza quero saber!

O que acontece depois?Onde histórias criam vida. Descubra agora