Capítulo 03 - Flor do Medo

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12 de Fevereiro 2030
Cambridge - Reino Unido
Rebecca Patricia

Desde a descoberta do tal sinal misterioso na Universidade de Cambridge, o interesse da família real na instituição aumentou consideravelmente. As reuniões e os investimentos duplicaram e o trabalho de Becky, é claro, triplicou. Agora graças a um sinal que não mudou nada objetivamente na sociedade britânica, as suas viagens são recorrentes e o seu tempo livre é quase zero, ao contrário de Richie que está usando as viagens como desculpa para desbravar as noites fora de Londres.

— Pode me deixar no Museu Fitzwilliam? — o mais novo emerge das escadas prendendo a sua gravata na camisa social.

— O quê? Pra onde está indo? — Becky interroga.

— Acabei de dizer. — ele sorri astuto — Museu Fitzwilliam.

— Você não tem compromissos em Cambridge. — Rebecca insiste — Está saindo com alguém? Irmão, por favor, não arrisque a nossa reputação.

— Becky, ninguém vai me ver, eu-

— Você é o filho da realeza desfilando com uma garota à luz do dia num dos museus mais movimentados do país. — ela interrompe — Peça ela em casamento, ou se livre dessa roupa agora mesmo.

— Becky, mas-

— Decida, Richard. — diz séria — Eu sinto muitíssimo por isso, mas não somos pessoas normais, você não pode ser visto com uma plebeia a tiracolo.

O rapaz começa a folgar a gravata e abre dois botões da camisa social, deixando claro sua escolha. Rebecca acena positivamente com a cabeça e segura por alguns segundos o ombro do irmão, reforçando que isso não é sobre a vida privada deles, e sim, sobre a vida pública de sua família.

— Você volta para o almoço? — ele muda de assunto.

— Dificilmente. — Rebecca respira fundo — Tenho um voo para a Escócia às 13h30.

— Até quando der então. — ele a abraça — Te amo, irmã.

— Te amo, Richie.

A cidade está estranhamente movimentada no dia de hoje, Becky conclui que foi uma boa ideia não dirigir, mas não sabe se está menos estressada escutando as buzinas e gritaria do banco de trás. O chofer, percebendo a inquietação da garota liga o rádio na estação mais famosa.

"É isso mesmo, Michael. Escutamos de fontes seguras que esse sinal é na verdade uma certeza sobre a vida fora da terra, estamos à beira de uma mudança brusca na maneira de viver. Só não sabemos ainda se é positivo ou negativo *risos."

Becky estranha o assunto, por mais que seja recorrente falar sobre isso mas reuniões da universidade e nos encontros do senado, a pesquisa continuava caminhando em sigilo, longe dos olhos e ouvidos da população. Pesquisou no seu aparelho celular uma palavra chave e as notícias se multiplicavam por segundo: "Há quanto tempo o governo esconde vida extraterrestre dos cidadãos?", "Cambridge é pioneira em pesquisa de sinais extraterrestres!", "Os homenzinhos verdes são amigáveis?", "Conheça Freen Sarocha, a aluna de doutorado responsável pela pesquisa mais completa que conhecemos sobre vida fora da terra!"

Rebecca parou de rolar as notícias para baixo, porque a capa dessa era justamente um rosto que não via há mais de um mês, a mulher mais bonita que já se aproximou dela, a que lhe tirou a voz e os reflexos há um mês atrás, o rosto com que sonhou duas ou três vezes agora tinha um nome. Freen Sarocha.

Não perdeu tempo e ligou para um dos membros da mesa de diretores em Cambridge, se identificou e pediu o endereço da moça, recebeu em menos de trinta minutos.

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