23 de outubro de 2030
Bangkok - Tailândia
Rebecca ArmstrongRebecca sente o corpo pesado quando acorda, junto com um incômodo na garganta. Seu corpo está coberto com panos quentes e um sistema com acesso venoso está ligado ao seu antebraço. Ela pisca algumas vezes e tenta identificar o local, mas definitivamente não sabe onde está. Alguém entra pela porta segundos depois.
— Bom dia, vossa alteza. — a mulher tem um sorriso familiar e não aparenta ter mais de 40 anos, está de jaleco e luvas de procedimento quando se aproxima — Estava tentando se matar ontem ou posso ficar despreocupada?
— Quem é você? — Becky diz ainda rouca, enquanto a mulher mais velha troca o soro do seu acesso.
— Sou Kim, mãe daquela mocinha ali. — ela aponta para o outro lado do quarto com a mão livre. — Mas não se preocupe, eu tenho formação acadêmica.
Rebecca segue o seu olhar e encontra Freen deitada em uma poltrona à frente, um dos aparelhos ligados ao seu corpo dispara e Kim se apressa em silencia-lo, mas a princesa sequer percebe, está focada demais na mulher à sua frente. Por um tempo pensou que jamais voltaria a ver Freen pessoalmente ou tocá-la de novo, até agora. A morena estava tão perto, os cabelos escuros cobriam metade do rosto e a sua boca fazia um biquinho fofo porque as bochechas estavam amassadas.
Só depois de admirar o suficiente a mulher que amava, Becky voltou a atenção para Kim e percebeu que havia ignorado a informação de que eram mãe e filha.
— Sawasdee kha*. — ela diz juntando as mãos, mesmo que aquilo cause um pouco de dor. Kim faz o mesmo movimento.
— Posso ser sincera com você? — diz colocando um termômetro axilar na mais nova — Pensei que iria perder minha filha ontem. Ela sempre foi do tipo que sofre em silêncio, sabe?
— Sinto muito. — digo culpada.
— Não é uma repreensão, querida. — ela verifica a temperatura e anota algo no bloquinho que carrega — Freen é a pessoa mais fria e calculista que eu conheço, obrigada por transformá-la em uma manteiga derretida.
Kim sai da sala sem novas palavras. Rebecca continua observando Freen e reparando em cada detalhe do seu lindo rosto, a fim de gravar na memória as suas partes preferidas. Não demora muito até que a mais velha comece a se mexer na poltrona, ela esfrega os olhos amendoados ainda sonolenta e se aproxima da cama quando percebe que Becky está acordada.
— Ei. — as suas olheiras estão fundas de preocupação e as mãos receosamente cobrem a de Rebecca — Como está se sentindo?
— Bem. — é só o que ela consegue responder sem soluçar, as lágrimas já ocultam a cor amarronzada dos seus olhos.
— O que estava fazendo lá? — Freen sussurra apertando suas mãos contra as da mais nova — Você estava desidratada, alcoolizada e os médicos encontraram sinais de estimulantes do sistema nervoso central, não posso deixar de perguntar o que estava tentando fazer.
A princesa desviou o olhar e continuou em silêncio.
— Richie me contou sobre a mãe de vocês. — ela continua dizendo enquanto dá beijos carinhosos e umedecidos pelas lágrimas nas mãos de Rebecca, escondendo o rosto entre elas em seguida — Eu posso suportar que você esteja longe e vem, Becky. Mas não suportaria te perder para sempre. Por favor, não me faça te perder para sempre.
Um pesado choro atinge a mais velha, ela permanece na mesma posição até que Rebecca a puxa para cima, a abraçando carinhosamente. Longos minutos de silencio se passam até que o choro sofrido de Freen se torne um suave ressonar, a mais nova ajeita o seu corpo junto ao dela e usa o lençol para cobri-las. A respiração suave de Freen resvala em seu pescoço o tempo todo, a recordando do quão boa é a sua presença.
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O que acontece depois?
RomansaUma estudante de doutorado da Universidade de Cambridge descobre um sinal evidente de vida fora da terra, após isso, uma sequência de acontecimentos a a levam a se apaixonar pela herdeira do trono britânico. Viver um amor com uma princesa é tão impr...