capitulo 8 -

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O sol mal havia nascido, mas a energia no acampamento Pana Pana já estava a mil. As crianças se reuniam na clareira central, ainda sonolentas, mas animadas com mais um dia de aventuras. O Sr. Campos, sempre o primeiro a se levantar, já estava de pé, com um sorriso que iluminava seu rosto.

— Atenção molecada! — ele gritou, chamando a atenção de todos. — Hoje o bicho vai pegar, aliás, já pegou, no pé do Daniel.

A maioria dos alunos explodiu em gargalhadas, mas Daniel permanecia sentado, com uma expressão de dor e frustração. Ele levantou o pé para mostrar as picadas das formigas que, de alguma forma, tinham invadido seu sapato durante a noite. Era quase certo que alguém tinha aprontado uma pegadinha, mas ninguém se manifestou.

A diretora Olívia, rapidamente interveio:

— Lembrando, crianças! Que o nosso time roxo está vencendo.

Os murmúrios de descontentamento vieram do time laranja, com Maria Joaquina sendo a mais vocal. Ela cruzou os braços e fez uma careta, claramente incomodada com a liderança do time adversário. Paulo, nunca perdendo a oportunidade de provocar, levantou a voz.

— Isso é o que vocês pensam! O placar vai virar, podem apostar!

— Muito bem, pessoal! — Sr Campos disse. — Vamos todos para lados separados e começar a discutir nossas estratégias. Quero ver todo mundo dando o seu melhor!

Os grupos se dispersaram rapidamente, cada um indo para um canto diferente do acampamento.

[...]

O time roxo se reuniu sob a grande árvore, discutindo sobre o que eles iriam fazer já que estavam praticamente derrotados.

— Eu poderia ganhar a corrida na mata, mas com o pé desse jeito, sem chances, cara. — Daniel olhou para os colegas, esperando alguma palavra de apoio.

— Que falta de sorte, cara. Levou a picada justo hoje. — Mário suspirou, coçando a nuca.

Jorge, que até então observava em silêncio, cruzou os braços e se inclinou para frente, com um sorriso debochado no rosto.

— Falta de sorte, Mário? Vocês são muito inocentes, né? — A voz dele era carregada de sarcasmo, fazendo todos olharem em sua direção.

— Do que você está falando, Jorge? — Alícia perguntou, cruzando os braços e inclinando a cabeça para o lado.

— Vocês são muito inocentes. Vai dizer que não imaginam quem foi? — Jorge disse, com uma pitada de mistério na voz.

Todos se entreolharam, e então, quase que em uníssono, falaram:

— Paulo e Koki!

— Estamos certos. Agora, vamos pensar em planos. — Jorge disse, batendo palmas e esfregando as mãos, animado com a perspectiva de uma vingança.

Marcelina, que até então estava em silêncio, deu um passo à frente com uma expressão preocupada. Ela olhou para Jorge, tentando manter a calma.

— Vocês vão zoar o meu irmão? — perguntou, com um tom de súplica na voz.

Alicia revirou os olhos e bufou, impaciente com a preocupação de Marcelina.

— Ai, Marcelina, pelo amor de Deus... — disse, balançando a cabeça e colocando as mãos nos quadris.

— Está bem, mas não peguem pesado. — murmurou, com os olhos fixos no chão.

Antes que pudessem continuar a discussão, a diretora Olívia apareceu. Sua postura era altiva, e ela falava com uma certa arrogância que todos já conheciam bem.

— Time roxo, alinhem-se em fila. Vamos, sem demora! — Sua voz era firme, e ela gesticulou para que todos se organizassem.

Os alunos levantaram-se rapidamente, trocando olhares cúmplices enquanto seguiam a diretora.

[...]

Todos os times estavam reunidos no acampamento, mas o clima era tenso. As discussões e acusações pairavam no ar, e o descontentamento era evidente. O motivo do conflito não era a liderança – ninguém se importava com isso – mas as sabotagens que ocorriam entre os próprios membros.

Mário, visivelmente irritado, foi o primeiro a falar, tentando manter a voz firme.

— Quem pode garantir que o Paulo não sabotou a tirolesa para a Valéria cair? — disse ele, olhando diretamente para Paulo, a indignação clara em seus olhos.

— O que você está dizendo, Mário? Quem fez alguma coisa para a minha Valéria? — Davi olhou ao redor, procurando quem responderia, seus olhos fixos em Paulo. — Isso é sério, Paulo. Se você fez alguma coisa, precisa admitir agora. Não vamos aceitar que alguém se machuque por causa de suas gracinhas.

— Escuta aqui, Davi. Todo mundo desceu na tirolesa e não aconteceu nada com ninguém. — Paulo cruzou os braços, o rosto marcado pela frustração. — É ridículo acusar alguém sem provas. Só porque algo deu errado, não significa que foi culpa minha. Vocês sempre me culpam por tudo, sem nem parar para pensar.

— Aconteceu sim, Paulo! Olha a situação do meu pé! — disse Daniel , exibindo o ferimento. — Alguém fez alguma coisa, e não podemos ignorar isso. Não é só sobre a Valéria. Todos estamos em risco se não resolvermos isso agora.

— Eu só coloquei umas formiguinhas inocentes. Nem foi nada demais. Foi só uma brincadeira! — disse Kokimoto , tentando parecer despreocupado. — Não achei que causaria tanto problema. Foi só para dar um susto, nada mais.

— Nós parecemos muito amigos, mas toda hora tem alguém enganando alguém. — Jorge balançou a cabeça em desaprovação. — É um verdadeiro circo aqui. Como podemos confiar uns nos outros se estamos sempre nos sabotando?

Paulo concordou, mas antes que pudesse responder, Jaime se aproximou, claramente incomodado com a situação.

— Do que você está falando, Paulo? O que você entende de amizade? — disse ele, empurrando Paulo levemente.

— E você, Jaime? O que entende de alguma coisa? — E, antes que alguém pudesse reagir, os dois estavam no chão, envolvidos em uma briga.

Por sorte, o senhor Campos chegou exatamente no momento certo. Com sua autoridade natural, ele separou os dois rapidamente.

— Parem com isso, molecada! Vocês nunca brigaram desse jeito antes — disse ele, com um tom de desaprovação, enquanto todos se entreolhavam. — Eu esperava mais de vocês. Vocês são um time, deveriam se apoiar, não brigar desse jeito.

— Vocês sempre devem brigar por um amigo! Mas jamais com um amigo. Entenderam? — acrescentou ele, olhando para cada um deles. — Se vocês continuarem assim, vão acabar se machucando de verdade. Precisam aprender a resolver seus problemas com diálogo, não com violência.

As palavras do senhor Campos fizeram todos refletirem. Lentamente, os rostos foram se suavizando, e sorrisos começaram a surgir. Num gesto de reconciliação, todos se aproximaram e se abraçaram.

Graça, com seu senso de humor característico, interrompeu o momento.

— Agora vamos todos tomar banho, porque esse cheiro de lama não está ajudando ninguém. Depois teremos fogueira visse! - Graça disse fazendo todos rirem. —

Todos começaram a se dispersar, mas Mário se aproximou discretamente de Marcelina e sussurrou.

— Podemos conversar mais tarde? - Mário diz olhando fixamente para Marcelina. —

Marcelina sorriu, sentindo-se mais leve.

— Claro que podemos. Mas desta vez, sem ninguém para nos interromper. - A garota diz sorrindo —

Mário, num gesto de carinho, deu um selinho em Marcelina, e os dois saíram de mãos dadas, prontos para deixar as tensões para trás e aproveitar o resto do acampamento juntos.

o melhor amigo do meu irmão - Marilina Onde histórias criam vida. Descubra agora