Aos 2 anos de vida, Raianny foi abandonada por seus pais no lixo ao lado de seu irmão (que possuía 2 meses de vida). Desde então, teve uma vida extremamente sofrida com seu irmão.
Conforme crescia com seu irmão mais novo, ela conheceu novas pessoas...
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POV: Raianny
No outro dia, uma segunda-feira, eu acordei de bom humor. Uma coisa bem estranha por ser cedo e ainda no começo de semana, e ainda mais que né... Nenhuma menina fica de bom humor naqueles dias, é impossível.
Na escola não aconteceu nada demais. Eu não falei com a turma dos vizinhos, só dei um oi pra Bel e às vezes acontecia uma troca de olhares com o Janjão, mas nada de mais.
As meninas e os meninos do orfanato até vieram me questionar do porquê eu não ter ido falar com a turma dos vizinhos, eu falei que não tô muito bem relacionada à eles, e eles ficaram mais felizes com isso. Até o Mosca já falou um pouco comigo.
Depois da escola, as meninas foram até aquele terreno onde fica a casinha na árvore dos meninos e começaram a construir uma casinha para elas. Na verdade, uma tentativa de construir. Tava tudo uma merda.
Eu não me envolvi, fiquei só observando elas tentarem construir algo que preste – não construíram nada que preste.
Logo os meninos chegam ali.
Mosca fala algumas coisas que eu não presto atenção, tô muito ocupada agora mexendo no celular.
— O que vocês tão fazendo aqui? — Thiago questiona.
— No nosso terreno. — Binho continua.
— A casinha até pode ser de vocês, mas o terreno não. — Bia cruza os braços após suas palavras.
— É, a gente pode entrar e sair a hora que a gente quiser! — Pata continua.
— O que quê é isso?! — Neco aponta para a "casinha" que as meninas estão "construindo".
— A gente tá construindo uma casinha da árvore também. — Cris responde.
Os meninos trocam olhares e começam a rir.
— Do que vocês tão rindo?! — Maria grita indo até o meio de todos.
— E ainda precisa responder? — Binho aponta pra "casinha".
— Não tá pronta ainda! — Mili fala alto.
— Tá, mas vocês tão construindo no chão? — Rafa pergunta.
Eles riem novamente depois que a Tati responde que sim.
Eles discutem com as meninas mais um pouco sobre isso, eu fico só escutando tudo. Entediante. Mas os meninos logo sobem para a casinha deles, e nós, ou melhor, elas voltam com a construção. Eu fico sentada enquanto mexo no telefone. Mas minha atenção é desviada quando...
— Ora, ora, ora. Então os órfãos invadiram o terreno baldio. — Janjão fala entrando pelo buraco no muro, sendo seguido por Tatu e André.
— Droga, descobriram! Tudo culpa das meninas! — Binho e Thiago reclamam lá de cima.
