XIII

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POV AMÉLIA
10 de Julho de 1927

Sabe quando você está sem nada pra fazer e começa a lembrar de coisas do passado que já aconteceram? Aí do nada vem aquela lembrança vergonhosa que passou e você fica com vergonha de novo, como se tivesse acontecido agora? Louco né?

Para mim, as lembranças costumam ser algo triste. Em vez de apreciá-las, prefiro esquecê-las e fingir que nunca aconteceram. Eu me forço para não pensar nelas, mesmo que sejam coisas que me fazem feliz, porque não quero minhas emoções me afetando de forma alguma

Infelizmente, isso não funciona e sinto que me auto-saboto constantemente. Quando não quero pensar em algo, é justamente quando meu cérebro se fixa nesse pensamento. É como se eu tivesse perdido o controle e não pudesse controlar os pensamentos e sentimentos que invadem minha mente.

Eu não sei como descrever esse sentimento, é tão confuso e complexo. É como se tudo o que eu fizesse não importasse, como se as escolhas que eu faço não fossem boas. Eu me sinto como se não houvesse mais nada que eu pudesse fazer, como se estivesse sem rumo.

Às vezes sinto que não fiz as escolhas corretas na vida e isso influenciou tudo o que eu sou hoje e o que eu serei no futuro. Eu sinto que não sou o suficiente, que não serei próspera e que minha vida não será feliz. E quando isso acontece, eu pergunto a mim mesma: para quê continuar? Por quê seguir essa linha de vida que sempre parece ser tediosa e triste?

As pessoas às vezes pensam que minha vida é boa e feliz só porque eu faço parte da família de Merlins. Eles não sabem como é a minha experiência de vida, como me sinto em relação a tudo o que tenho e o que não tenho.

Eu deveria estar grata? Eu deveria parar de ser tão melancólica, sabendo que há pessoas que sofrem mais do que eu neste mundo? Eu deveria estar feliz por ser tão sortuda e ter nascido numa família tão especial, que me dá tantas oportunidades que a maioria das pessoas não tem?

Evan sentia por mim, não me dei conta que eu tinha coisas que ele não tinha, e que isso o machucava. Estive tão focada em meus próprios problemas que nem parei para pensar na dor dos outros. Não era suficiente o meu apoio para ele. Ele cuidava mais de mim do que eu dele.

Eu comecei a pensar que eu não tinha mais nada a perder já que as pessoas sempre me odiaram. Eu não era a Merlin perfeita, eu era só uma mulher com poderes estranhos a qual as pessoas poderiam ver como uma ameaça. Então, talvez a escolha do meu irmão pode não ser tão terrível como parece.

Eu amo meus poderes e minhas habilidades, é como se eles fossem parte de mim, mas eles assustam as pessoas, as fazem temer o desconhecido e o diferente. Eu sei o que é esse medo, já que eles me veem como um monstro.

...

Eu estava sentada a algum tempo nas escadas que ficavam de frente para a porta de casa, sentindo a presença de Evan. Ele estava parado ali do lado de fora a algum tempo, tentando juntar coragem para entrar e falar comigo. Eu estava ali, parada e sentada, esperando, não sei talvez, alguém me empurrar escada abaixo.

Ele finalmente entrou e eu levantei o olhar para ele. Ele me encarou por um momento antes de falar

- Eu percebi que você estava relutante em aceitar minha ideia. Eu entendo sua preocupação mas, acho que ele pode ser nosso único recurso agora. É verdade que ele é um mago obscuro mas, ele é também um dos magos mais poderosos de todos os tempos e ele tem conhecimento e habilidades que podem ser muito úteis para nós.

- E se ele não ficar do nosso lado? - Foi tudo que consegui dizer

- Grindelwald tem sua própria reputação a proteger e não vai querer ser visto ajudando um bruxo como Baltazar. Acredito que ele pode ser uma ajuda valiosa para nós, mesmo talvez sendo um pouco desagradável.

Eu fiquei em silêncio, olhando para meu irmão ali, era ele sem dúvida, nada de novo ou mudado. Como é possível que eu não tenha percebido que a pessoa com a qual eu convivera quase a minha vida inteira tinha ideias tão diferentes das minhas?

- Venha comigo á Paris para a reunião de seguidores de Grindelwald, você pode só ouvir o que ele tem a dizer e verá a clareza.

Eu ainda não havia tomado nenhuma decisão, minha mente estava em paz, sem pressa de tomar uma conclusão precipitada. Olhei para ele e pensei - Será que devo ouvi-lo mais? Ficar do lado dele? - Ele estava certo de sua decisão e se eu o contrariasse, talvez não nos falaríamos mais e, se numa guerra lutarmos em lados opostos, onde isso acabaria? Em um irmão matando o outro?

Por um lado, eu estava certa de que deveria seguir minhas crenças e não ir contra meus princípios mas, entretanto, havia o lado que me pedia para ficar ao lado do meu irmão, não importa qual. Meu julgamento de certo ou errado não estava funcionando nesse momento e eu não sabia o quê fazer.







...








Queria avisar aos meus seguidores antigos que acabei mudando no nome do irmão de Amy, agora ele se chama Evan, espero que isso não atrapalhe a leitura de vocês.



Bjss, amo vocês.




Bjss, amo vocês

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Impenetrável - Gellert Grindelwald Onde histórias criam vida. Descubra agora