XV

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POV AMÉLIA

- Meus irmãos, minhas irmãs, meus amigos e amigas: a grande dádiva de seus aplausos não é para mim. Não. É para vocês mesmos.

Eu sentia uma sensação estranha de ver o loiro ali

- Dizem que eu odeio Les Non-Magiques. Os Trouxas. Os Não-Maj. Os Sem-Feitiços.

Dava pra ouvir as vaias e assobios de grande parte da plateia.

- Eu não os odeio. Não odeio, pois eu não luto por ódio. Digo que os Trouxas não são inferiores, mas sim diferentes. Não são inúteis, mas de distinto valor. Não são descartáveis, mas têm uma disposição diferente.

Ele andava pelo palco, muito seguro de si, eu só conseguia pensar no ódio que eu tinha por ter que ouvi-lo.

- A magia só floresce em raras almas, é concedida àqueles que vivem pelas coisas superiores. Ah, e que mundo incrível podíamos criar, para toda a humanidade, nós, que vivemos pela liberdade, pela verdade... e pela família!!

Ele olhou diretamente para mim como se soubesse quem eu era e, no mesmo instante, subiu pelo meu corpo um forte calor de puro nervosismo e eu me encolhi discretamente.

- Chegou o momento de partilhar minha visão do futuro que nos aguarda, se não nos rebelamos e assumirmos nosso lugar por direito no mundo.

Uma mulher aparece no palco, ela era alta e magra que tinha uma carranca de superioridade estampada, a mesma que nos encarava minutos atrás, claro não estava totalmente errada, algumas pessoas sabiam que eu estava ali.

Com uma reverência, ela estende um narguilé em formato de crânio a Grindelwald em completo silêncio da plateia quando ele é iluminado pela luz dourada do crânio. Ele traga profundamente pelo tubo. Seus olhos rolam para cima. Ele exala, um gigantesco manto em tecnicolor parece se desenrolar de seus lábios pelo teto alto de pedra, trazendo imagens em movimento - Milhares de pés em marcha, calçando coturnos... explosões, homens correndo com armas... A visão de uma explosão nuclear abala o anfiteatro. É apavorante. A multidão a sente, fica aterrorizada. Gritos, até que a visão esmaece, deixando murmúrios de pânico.

- Outra guerra, não... - Ouço um homem ao lado murmurar

- É isso que combatemos! Este é o inimigo... sua arrogância, seu desejo de poder, sua barbárie. Quanto tempo se passará até que eles voltem suas armas contra nós?

Notei a presença de mais algumas pessoas acima de nós, Aurores, o que indicava que a situação poderia ficar complicada. Evan não se abalou nem um pouco. Talvez seja esse o intuito de Grindelwald?

- Nada façam nada enquanto eu falo disto. Vocês devem permanecer calmos e conter suas emoções... Há Aurores aqui, entre nós.

Se ouviu um arquejar coletivo. Todos se viram para ver os aurores, com eles olhando em volta, em pânico. Eu também estaria se fossem eles, afinal a multidão é hostil para a presença deles e se algo vier a acontecer, eles estão em menor número.

- Não façam nada. Nada de força!!

Sob vaias e assobios crescentes, os Aurores sabem que não têm alternativa senão avançar e se mostrar.

- É verdade que eles mataram muitos de meus seguidores. Eles me prenderam e torturaram em Nova York, eliminaram seus companheiros bruxos e bruxas pelo simples crime de buscar a verdade, de querer a liberdade...

Fico impressionada com a facilidade dele de jogar sujo. Ele está deliberadamente brincando com os sentimentos instáveis de alguns bruxos, me levando a me questionar se talvez justamente por isso alguém resolvesse atacar? Parece que ele realmente quer mais é ver o caos.

- Sua raiva... seu desejo de vingança... é natural.

E então acontece, uma jovem bruxa no meio da multidão, não muito longe de nós, ergueu a varinha, mas o Auror lança a maldição primeiro. Para o horror dos companheiros dela, a jovem bruxa cai imediatamente, morta.

É tudo muito rápido e eu só consigo arregalar meus olhos e agarrar na mão de Evan. Não era pra ser um encontro pacífico? Já começamos a ver resquícios de morte.

Gritos preenchem o auditório. Grindelwald ascende na multidão, que lhe dá passagem. Ele ajoelha e puxa o corpo flácido da jovem bruxa para seus braços. Ele realmente parece preocupado ou é muito bom em fingir

- Desaparatem. Vão embora. Saiam deste lugar e espalhem a mensagem: não somos nós os violentos!

Eles pegam o corpo e desaparatam, assim como a maior parte da multidão. Evan aperta minha mão dando sinais de que vamos ficar e, neste instante, eu começo a ficar mais nervosa do que já estava.

Os Aurores começam a se aproximar do centro onde Grindelwald está, mas ele só se vira e traça um círculo protetor de fogo negro em torno de si. - Protego diabolica - As saídas se fecham logo em seguida.

Alguns bruxos atravessaram o fogo sem nenhuma preocupação mas alguns foram consumidos pelas chamas quando assim fizeram

- Aurores, unam-se a mim neste círculo, jurem a mim sua eterna lealdade, ou morram. Só aqui conhecerão a liberdade, só aqui conhecerão a si próprios!

Ele lança uma muralha de chamas no ar, perseguindo Aurores que tentaram aparatar em fuga.

- Ajam conforme as regras! Sem trapaças, crianças.

Eu estava petrificada em meu lugar, sem querer reagir, estava um pouco em choque, porém, mantinha a cabeça no lugar, quando Evan fez menção de se mexer eu ponderei

- Não faça isso - Eu só conseguia balançar a cabeça em negação

- Ele é a resposta. Ele quer o que nós queremos.

- Você não quer isso, você acha que quer

- Venha comigo - Ele estende a mão para mim suplicando minha companhia

Eu queria ir com meu irmão mas não conseguia, não era certo para mim, minha alma estava dividida. Pelo certo ou pelo errado de que lado eu devo estar?

Balancei a cabeça de um lado para o outro hesitante, Evan me lançou um olhar triste e desceu as escadas em direção ao palco, Grindelwald o abraça como se fosse um filho pródigo, e me olha com atenção, seu olhar me transmitia a vitória que ele sentia por dentro, no fundo ele sabia que eu estava dividida e isso para ele já era uma vitória.

Tudo estava acontecendo tão rápido, eu não conseguia pensar, estava congelada em choque, meu coração batia freneticamente, eu não tinha tempo para escolhas, tinha que fazer alguma coisa logo.

Em completo súbito, um portal se abre do meu lado, minha mente estava tão desesperada que devo ter conjurado um portal sem perceber. Seja como for é mais seguro do que aparatar. Sem olhar para trás, o atravessei sem pensar muito, querendo desesperadamente fugir daquilo tudo.



...



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⏰ Última atualização: Jul 30 ⏰

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Impenetrável - Gellert Grindelwald Onde histórias criam vida. Descubra agora