XIV

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POV AMÉLIA

Aparatamos num cemitério. Eu não estava prestando muita atenção no ambiente, mas pude ver alguns jazigos velhos e algumas esculturas de pedra por todo lado. O lugar estava estranhamente escuro mas, mesmo assim eu conseguia ver algumas coisas.

Evan parecia ser um guia perfeito por aqui, mesmo que eu estivesse brava e triste com ele em particular. Porém, eu pensei que seria melhor seguir ele do que causar mais brigas, então, eu decidi que era hora de ficar quieta e ver para onde ele iria me levar.

Estávamos caminhando lado a lado e apesar de tudo eu estava agarrada em seu braço, tentando encontrar algum conforto. Eu olhava para o chão e nada além dele. Então ele começou a falar, mas eu não estava prestando atenção... De fato, eu não estava prestando atenção em nada ao redor, apenas caminhando com ele e levando muito medo no peito.

Ele seguiu falando e eu ainda não conseguia ouvir nenhuma palavra dele. Talvez eu estivesse com medo, na verdade receio, em estar indo para a cova do leão - uma reunião do grupo de seguidores de Grindelwald que poderia facilmente ser perigosa e nada segura. Mas, eu precisava fazer isso, não havia outra escolha.

Eu e Evan tínhamos um acordo de não ler nossos pensamentos um do outro por questão de privacidade, então decidi seguir ele para essa reunião como a melhor forma de conseguir entender o que se passa na cabeça dele bem como seus motivos para defender Grindelwald.

Eu sei que ficar longe do que se passa no mundo dos bruxos não é uma opção para mim, especialmente considerando a possibilidade de uma guerra que está se avizinhando. É importante que eu saiba o que está acontecendo por fora do meu controle e, acima de tudo, que eu tenha uma compreensão clara do que está em risco.

Uma guerra no mundo bruxo é muito mais perigosa e devastadora do que no mundo trouxa. As criaturas mágicas são capazes de causar destruição em larga escala, o que pode resultar na morte de muitas pessoas, destruição de famílias e extinção de linhagens. Além disso, outras pessoas podem ser caçadas, rastros podem ser escondidos e dinheiro e influência podem ser usados para manipular a verdade.

É, não é tão diferente assim...

Repentinamente, meus pensamentos foram silenciados quando chegamos a um lugar mais iluminado. Parecia uma espécie de mausoléu.

Olhei para Evan e ele colocou a mão no bolso, antes de me entregar um frasco azul. Era a poção polissuco, eu peguei o frasco e o bebi completamente sem hesitar

Quando olhei para Evan, ele já tinha uma aparência completamente diferente - um homem caucasiano alto, robusto, com olhos verdes e cabelos loiros. Não tinha a menor ideia de como eu mesma havia ficado depois de tomar a poção, mas podia sentir que meu cabelo ainda era ruivo, porém mais curto e liso.

- Está pronta?

Eu acenei com a cabeça, me sentindo cada vez mais nervosa, mas confiando nele e em sua decisão. Ele murmurou algo baixo e, em seguida, a parede à nossa frente se abriu, revelando uma escada.

No fim das escadas cujo sentido era de descida, chegamos a um anfiteatro subterrâneo, no qual, logo adiante pudemos ver longas escadarias que iam em direção a um centro como se fosse um palco, representando um amplo espaço sugestivo para a prática de rituais e convenções. As luzes do ambiente eram poucas, mas suficiente para que víssemos bem onde pisávamos e, no centro, as luzes eram um tanto intensificadas por conta de uma entrada de luz estar direcionada justamente á ele. O odor do ambiente era forte, entregando o alto nível de umidade do local e a ausência de luz solar sofrida por tal.

Ao chegar ao lugar fiquei em estado de alerta, tinha muitas pessoas já amontoadas e isso não me passava muita confiança. Evan me guiava pelo meio da multidão e apesar de eu e ele estarmos disfarçados - Afinal ele é um Auror e eu uma Merlin - eu sentia que as pessoas nos encaravam.

E eu não estava totalmente errada, pois enquanto caminhávamos, notei uma mulher nos observando. Não a conhecia, mas quando me virei para encará-la de volta, ela já tinha sumido.

Mais adiante Evan achou um lugar no meio de tudo e nós nos acomodamos. Agora que eu me sentei, pude olhar em volta e ver melhor as pessoas. Havia uma mistura de pessoas, tanto de sangue puro como de pessoas nascidas de bruxos e trouxas.

Olhava para os rosto de todas elas e percebi um certo medo e preocupação nos semblantes de alguns enquanto outros pareciam animados.

Eu estava tentando ser calma, mas estava preocupada ao mesmo tempo. Eu sabia que estava no meio de pessoas ruins, que tinham desejos de vingança e que haviam vindo para ouvir as palavras de um bruxo como Grindelwald. Eu sabia que precisava estar pronta para qualquer coisa que acontecesse, então fiquei atenta e observando com cuidado a situação ao meu redor.

A multidão foi tomada por um silêncio total, quando as luzes se apagaram por um momento. Pouco tempo depois, se acenderam novamente e Grindelwald compareceu no centro do palco. Ele saudou a multidão com braços abertos, enquanto o público aplaudia com ansiedade. Eu não podia evitar revirar os olhos ante a situação.

Seja o que for que ele tem a dizer, não estou interessada em ouvir.


...


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Impenetrável - Gellert Grindelwald Onde histórias criam vida. Descubra agora