〈𝟬𝟳〉 𝙍𝘼𝙏𝘼𝙕𝘼𝙉𝘼

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Nami Lee

Ruas Do Brooklyn, 07:46AM


Certo, eu odeio a vida de um adulto. Não, espera, eu odeio as responsabilidades de um adulto. Meu maior desejo nesse mundo é continuar confortável com as minhas dezenas de edredom sobre mim enquanto me protege da umidade exagerada de Nova York. Essas dezenas de edredons se transformaram em roupas grossas de frio, sinal de que o alarme tocou e o tempo do meu atestado acabou.

Fiquei doente, me entupi de remédio, encomendei uma canja de galinha, desliguei o meu cérebro para o trabalho e descansei, tipo, eu descansei muito mesmo, e esse looping foi me perseguindo durante quatro dias.

Eu estou feliz de respirar esse ar imundo de Nova York sem ranho atrapalhando a minha respiração, de parar de tossir como uma fumante aos sessenta e sete, e de estar com uma febre insuportável que me faz ter alucinações com uma zebra dançando no meu apartamento.

Mas tudo acaba em algum momento e, por causa dessa frase, estou a caminho da delegacia para voltar com a minha rotina chata. Com a pressa para sair de casa, acabei não vendo as horas. Parei no meio da calçada e busquei o meu celular dentro da bolça preta de ombro, nem a pau que eu ia deixá-lo no bolço da calça enquanto estou na rua, aqui é Nova York, ninguém é burro nesse nível.

Após saciar a minha curiosidade, guardei o aparelho, porém, antes voltar a andar, virei a minha cabeça para a vitrine de uma cafeteria que parei em frente. Lembrei que não comi nada de café da manhã, e eu não estou atrasada, ainda dá tempo para comprar uma coisinha.

O sino em cima da porta tocou quando eu entrei no estabelecimento, chamando a atenção de algumas pessoas. O cheiro de café quente inundou o meu olfato, o que me fez suspirar dando graças a Deus que não estou mais sentindo o cheiro de canja de galinha. Apenas lembrar me deu ânsia. Balancei a cabeça para esquecer desses pensamentos, me dirigindo para a fila em seguida.

— Bom dia! O que deseja? — A atendente disse quando finalmente chegou a minha vez.

— Bom dia! Hm... Eu quero um expresso e um croissant de chocolate. — Pedi, mas minhas sobrancelhas se levantaram quando algo me veio à mente. — Espera! Eu quero dois expressos e dois croissant.

↬°❃°↫

Departamento de Investigação da Policia de Nova York, 08:12AM


— Toma. — Estendi a sacola de papel e um copo de café lacrado para ele. — Não quero ficar em dívida.

— Vou aceitar isso como um obrigado, orgulhosa. — Luffy pegou o copo e a sacola e eu revirei os olhos.

— Tanto faz. — Eu já ia me virar, mas sua voz me impediu.

— Espera, quem é essa? — Arqueou uma sobrancelha enquanto olhava por trás de mim.

Franzi a sobrancelha e me virei para onde ele estava olhando, encontrando uma mulher de cabelos lilases presos em um coque baixo sentada em cima da minha mesa, chutando os papeis, que provavelmente tinha informações importantes, com bastante vontade.

Meus olhos se arregalaram em puro terror ao perceber quem era. O que ela está fazendo aqui? Ela nem mora em Nova York. Minhas mãos começaram a suar e mesmo sem o sobretudo, que eu havia tirado, pois aqui dentro estava quente, um calor delirante tomou conta do meu corpo, senti um bolo se formando em minha garganta e uma dor se acomodando em meu estômago. Uma vontade de vomitar veio para mim, e eu fiz de tudo para engolir qualquer coisa que pudesse sair de dentro de mim.

𝗘𝗡𝗗 𝗚𝗔𝗠𝗘 || 𝗟𝘂𝗻𝗮𝗺𝗶Onde histórias criam vida. Descubra agora