Na manhã seguinte, Kyungsoo é encontrado encolhido sob a mesa de madeira da cabana, abraçado ao próprio corpo como se desejasse desaparecer em si mesmo.
Um Baekhyun preocupado e de cabelos desgrenhados é a primeira pessoa que vê quando a porta se abre. Pendurado na maçaneta, esbaforido. Assim que ele lhe estende a mão, com o receio típico de quem toca um animal arisco e ferido, Kyungsoo se agarra aos seus antebraços como se fossem sua tábua da salvação.
Atrás dele, há uma legião de alunos curiosos se empurrando e acotovelando para tentar enxergar sobre os ombros da Sra. Kang, parada na entrada com os braços cruzados, em pose autoritária.
— Você estava aqui mesmo — murmura Baekhyun, com um misto de alívio e frustração. — Procuramos por você em toda parte. Acharam seu broche na floresta, então pensamos... Deixa pra lá. — Ele observa o rosto pálido de Kyungsoo e o suor escorrendo pelas têmporas, umedecendo os cabelos escuros. — Quem fez isso com você? Céus, você parece um cadáver ambulante! Quer que eu te leve pra enfermaria? Como você está se sentindo?
Kyungsoo se sente vazio e quebrado.
Aquela foi a pior noite de sua vida.
Abandonado sozinho entre as quatro paredes estreitas da cabana, sentiu como se revivesse seu pesadelo da noite anterior, diversas e diversas vezes. Os sussurros vinham sobrepostos, repetitivos, como ecos intermináveis. Kyungsoo tentava inutilmente agarrar ambos os lados da cabeça, pressionando as têmporas para fazer as vozes pararem.
Os minutos pareciam séculos lá dentro.
Passou horas esmurrando a porta e as janelas interditadas. Chutando os barcos, golpeando as paredes com os remos. E embora gritasse a plenos pulmões por ajuda, sabia que era em vão, pois seus gritos eram abafados pela chuva torrencial. Quando a tempestade ressoava no telhado, nem ele próprio conseguia se ouvir.
E tempestades lhe traziam as piores memórias.
À medida que o tempo enclausurado avançava, mais difícil respirar se tornava. Cada respiração exigia esforço, sacrifício. Era impossível não pensar naquela noite no verão passado, quando viu Jiho sorrir para ele do alto da ponte da Torre Quebrada, e então se lançar desesperançosamente para um abismo sem volta.
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Herdeiros do Sol
FanfictionKim Jongin é o príncipe rebelde da segunda família mais importante do país e próximo na linha de sucessão ao trono, mas odeia tudo que a realeza representa. Sua lista de transgressões é extensa: vomitar em banheiros públicos, orgias em quartos de ho...