Olhos castanhos o encaram da penumbra.
Ali está Jongin — atônito, angustiado e imóvel —, fazendo companhia às sombras desenhadas no chão. Uma de suas pernas está estendida para a frente na grama, ensaiando uma saída tácita e clandestina. O contato sutil com o gramado, contudo, provoca um farfalhar baixo, mas audível no silêncio perturbador.
O rosto de Kyungsoo vira em sua direção.
— Jongin... — Sua voz é um murmúrio.
Ele se sente desolado, quebrado. Partido em mil pedaços. Como aquela estátua de Davi destroçada na Galeria.
Jongin percorre a distância que os separa, erguendo as mãos em um pedido silencioso de perdão.
— Desculpe — diz ele. — Eu não devia ter visto isso.
Kyungsoo funga e seca as lágrimas com a manga do suéter. Um tecido grosso, mas que não absorve sua tristeza como esperava que fizesse. Sabia que tinha escolhido a roupa errada naquela manhã.
— Não, tudo bem. Eu... — Ele engasga. Sua voz não sai como deveria e as vias aéreas parecem bloqueadas. Vai começar outra vez, ele pensa. A falta de ar, a vertigem e as palpitações aceleradas. — Eu...
Não, por favor, não agora. Não na frente de Jongin.
Jongin o observa, preocupado, as sobrancelhas arqueadas enquanto assiste seu rosto empalidecer e tornar-se frágil como uma folha de papel. Sua visão escurece. O rapaz à sua frente se torna um borrão.
Imediatamente, Jongin se aproxima com três passos longos. Tão perto que seus sapatos se tocam no gramado.
— Ei, olha pra mim, Kyungsoo. Respira — comanda ele, com o timbre mais manso e doce que já o ouviu direcionar a alguém. — Você está tendo uma crise de ansiedade.
Jongin leva as mãos até a altura de seus ombros, mas as deixa pairando no ar.
— Posso te tocar?
— Sim — ofega ele, monossilábico pela falta de oxigênio nos pulmões.
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Herdeiros do Sol
FanficKim Jongin é o príncipe rebelde da segunda família mais importante do país e próximo na linha de sucessão ao trono, mas odeia tudo que a realeza representa. Sua lista de transgressões é extensa: vomitar em banheiros públicos, orgias em quartos de ho...