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—O que aconteceu?

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—O que aconteceu?

Foi o que minha mãe perguntou ao me ver parada na porta de nossa casa em Austin.

Os meus olhos inchados, lábios secos e uma expressão totalmente abatida no rosto, me denunciavam.

Ela pensou que havia acontecido algo com meus avós, mas a tranquilizei antes, e foi assim que se deu início a conversa sobre meu relacionamento com Joe.

De início ela pareceu tão feliz, radiante, até mesmo, alegando saber que desde pequenos éramos apaixonados um no outro.

Mas assim que a conversa tomou o rumo pelo qual eu estava chorando, seus olhos nublaram.

—Ah, meu bebê.—Ela resmungou me abraçando com força.—Não sabia que levaria tanto tempo para vê-la sofrer de amor.

Com a mamãe as conversas nunca foram muito profundas, por isso não me surpreendi quando ela me levou para a cozinha, me encheu com bolos e doces, até que eu abrisse um sorriso largo.

Ela nunca foi boa com as palavras, ao contrário do meu pai, que sempre foi sábio e exigente demais.

—Ele não te merece.—Foi o que disse, com um claro tom irritadiço na voz.—Um bom homem jamais a faria chorar. Entretanto... Talvez ele tenha seus próprios motivos para agir assim.

Uma longa conversa, que acabou em mais comida e mais lágrimas no fim da noite.

Pensei em Joe, pensei nele o tempo inteiro. Pensei em seu cheiro, e o senti na minha própria pele. Pensei em seus lábios, e tive a lembrança deles sobre os meus.

Pensei em cada pequeno detalhe dele.

E me senti horrível. Como se tudo estivesse errado por estarmos distante um do outro.

Mantive meu celular desligado durante os dias que fiquei em Austin, mas das poucas vezes em que olhei, havia mensagens das minhas "amigas" da faculdade perguntando onde eu estava.

Era uma resposta a foto que postei da paisagem do restaurante que eu estava com Joe, nas minhas redes sociais.

Bando de falsas.

E então, no sábado à tarde meus pais estacionam o carro na grama de frente à casa da vovó e do vovô.

Minha primeira ação, é olhar para os vizinhos, mesmo que nada seja visto por ali. Bom, a não ser as vacas no pasto.

—Como você está, Lottinha?—Vovó me pergunta quando percebe minha careta.—Joe veio até aqui atrás de você.

Prendo minha respiração por alguns segundos, até soltá-la com força.

—Estou bem.—Minto sorrindo de lado.—Obrigado por avisar, eu vou tentar falar com ele agora.

Recebo um beijo na testa, e então subo para o meu quarto, ligando meu celular no caminho. Em meu dedo, rodo a aliança algumas vezes, distraidamente como venho fazendo nos últimos dias.

Sob o Céu do TexasOnde histórias criam vida. Descubra agora