Na manhã seguinte, Quíron nos mudou para o chalé 3.
Tinha espaço à vontade para todas as nossas coisas: o chifre do Minotauro, um conjunto de roupas de reserva e uma sacola de artigos de toalete.
Ia me sentar à minha própria mesa de jantar, escolhia todas as minhas atividades, determinava o ―apagar das luzes sempre que tinha vontade e não ouvia mais ninguém, além de Percy.
E me sentia feliz.
Ninguém mencionou o cão infernal, mas tive a sensação de que estavam todos falando sobre isso pelas nossas costas.
O ataque assustara todo mundo. Ele mandou duas mensagens: a primeira, que éramos filhos do Deus do mar; a segunda, que os monstros não mediriam esforços para nos matar.
Podiam ate invadir um acampamento que sempre foi considerado seguro.
Os outros campistas mantinham distância de nós na medida do possível. O chalé 11 estava agitado demais para receber aula de esgrima junto comigo depois do que eu fizera com o pessoal
de Ares no bosque, e assim nossas aulas com Luke passaram a ser particulares.
Ele me exigia mais do que nunca, e não tinha medo de me machucar e as vezes rolava algumas coisas.
- Você vai precisar de todo o treinamento que puder obter - prometeu, enquanto trabalhávamos
com espadas e tochas flamejantes. - Agora vamos tentar de novo aquele golpe de decapitar víboras. Mais cinquenta repetições.
Annabeth ainda me ensinava grego pela manhã, mas parecia distraída. A cada vez que eu dizia alguma coisa, ela fechava a cara, como se eu tivesse acabado de lhe dar um soco.
Depois das aulas, ela ia embora resmungando consigo mesma:
- Missão... Poseidon?... Grande porcaria... Preciso de um plano...
Até Clarisse mantinha distância, embora os olhares venenosos deixassem claro que queriam nos
matar por termos quebrado sua lança mágica.
Queria que ela simplesmente gritasse, me desse um soco ou coisa assim. Era melhor me meter em brigar todos os dias a ser ignorada.
Soube que alguém no acampamento andava ressentido conosco, porque uma noite entrei no nosso chalé e achei um jornal horrível jogado porta adentro, um exemplar do New York Daily News, aberto na página Metrópole.
Levamos quase uma hora para ler a matéria, porque quanto mais ficávamos zangados mais as palavras pareciam flutuar na página.
"MENINO E SUA MÃE AINDA DESAPARECIDOS DEPOIS DE ESTRANHO ACIDENTE
DE CARRO"
Por Ellen Smythe
Sally Jackson e seu filho Percy ainda não foram encontrados uma semana depois de seu misterioso desaparecimento. O carro da família, um Camaro 1978, totalmente queimado, foi
descoberto no último sábado em uma estrada ao norte de Long Island com o teto arrancado e o
eixo dianteiro quebrado. O
carro havia capotado e derrapado por várias centenas de metros antes de explodir.
Mãe e filho tinham ido passar um fim de semana em Montauk, mas saíram às pressas, sob
circunstâncias misteriosas. Pequenos sinais de sangue foram encontrados no carro e perto da
cena do desastre, mas não havia outros indícios dos Jackson desaparecidos. Residentes da área
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Os Olimpianos e o Ladrão de Raios
FanfictionMeu nome é Skyla Jackson. Tenho 12 anos de idade. Até alguns meses atrás, era aluna de um Internato particular para Meninas Problemáticas, o Internato Hackley em Tarrytown, NY. Se eu sou uma garota problemática? Sim. Pode-se dizer isso.