Sem querer, transformei alguém em pó

7 3 0
                                    


Eu poderia partir de qualquer ponto da minha vida curta e infeliz para prová-lo, mas as coisas começaram a ir realmente mal no último mês de maio, quando nossa turma do sexto ano fez uma excursão a Manhattan - trinta e duas garotas alucinadas e três professores em um ônibus escolar amarelo indo para o Metropolitan Museum of Art, a fim de "apreciar" - sinta o meu sarcasmo - velharias gregas e romanas.

Eu sei, parece tortura . Bom, a maior parte das excursões da Hackley era mesmo. Mas Hanna, minha melhor amiga - desde que eu entrei na academia- estava ajudando os professores a guiar essa excursão. A Hanna tem o cabelo loiro e ondulado, olhos castanhos e usava um moletom surrado amarelo que sempre cheirava a alecrim. Talvez você não a achasse legal, mas ela contava histórias e piadas e bom, sempre estava comigo me ajudando. Também tinha uma fascinação louca por mitologia e um ódio admirável de Apolo o deus do sol, e não me pergunte por que, ás vezes ela fala como se conhecesse ele, é deveras estranho.

Eu esperava que desse tudo certo na excursão. Pelo menos tinha esperança de não me meter em encrenca dessa vez.

E cara, como eu estava errada.

Entenda: coisas ruins me acontecem em excursões escolares. Como na minha escola da quinta série, quando fomos para um acampamento juvenil, e eu tive um acidente com uma das barracas que saíram escorregando morro abaixo, detalhe, EU ESTAVA DENTRO DA BARRACA .

E é claro que eu não me auto empurrei da ladeira, O QUE SERIA BEM IDIOTA, mas é claro que fui expulsa, por que de algum jeito sai empurrando barracas junto comigo.

E antes disso, na escola da quarta série, quando fizemos um passeio pelos bastidores do tanque dos tubarões do Mundo Marinho, e eu de, alguma forma, acionei o botão para abrir o aquário das lontras, nossa turma tomou um banho inesperado.

E antes disso... Bem, já dá para você ter uma idéia. Nessa viagem, eu estava determinado a ser boazinha.

Ao longo de todo o caminho para a cidade aguentei Ágata Mohrs, aquela cleptomaníaca de cabelos azuis, acertando a nuca de uma de nossas colegas Chrissy, com pedaços de sanduíche de manteiga de amendoim com pepino. Chrissy era um alvo fácil. Ela era magrela. Chorava quando ficava cansada. E, ainda por cima, era meio sonsa. Tinha um atestado que a dispensava da Educação Física pelo resto da vida, porque tinha algum tipo de problema na coluna. Andava de um jeito encurvada, como se cada passo sua coluna doesse. De qualquer modo, Ágata estava jogando bolinhas de sanduíche que grudavam no cabelo castanho cacheado dela, e ela sabia que eu não podia revidar, porque já estava sendo observada, sob o risco de ser expulsa.

O diretor me ameaçara de morte com uma suspensão ―na escola (ou seja, sem poder assistir às aulas, mas tendo de comparecer à escola e ficar trancada numa sala fazendo tarefas de casa) caso alguma coisa ruim, embaraçosa ou até moderadamente divertida acontecesse durante a excursão.

--- Eu vou matá-la - murmurei. Chrissy tentou me acalmar.

--- Está tudo bem. Gosto de manteiga de amendoim. Ela se esquivou de outro pedaço do lanche de Ágata. -- Agora chega. -- Comecei a levantar, mas Chrissy e Hanna me puxaram de volta para o assento. -- Você já está sendo observada, lembra? - Hanna me lembrou.

-- Sabe que será culpada se acontecer alguma coisa. Chrissy completou.

Quando me lembro daquilo, preferia ter arrancado cada fio de cabelo dela enquanto ela estivesse dormindo.

A suspensão na escola não teria sido nada em comparação com a encrenca que eu estava prestes a me meter.

O sr. Hedge guiou o passeio pelo museu. Ele foi na frente em suas muletas, conduzindo-nos pelas grandes galerias cheias de ecos, passando por estátuas de mármore e caixas de vidro repletas de cerâmica preta e laranja muito velha. Eu ficava alucinado só de pensar que aquelas coisas tinham sobrevividos por dois mil, três mil anos.

Os Olimpianos e o Ladrão de Raios Onde histórias criam vida. Descubra agora