Capítulo 13

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O Retorno e o Lamento

Finalmente, todos atravessam a passagem. Do outro lado, a visão é de um campo de batalha recém-concluído. Máni e seus seguidores deram cabo de todos os inimigos que surgiram. Krieger, o Lobisomem, ainda enxugava o sangue de seu último adversário, que cobria seu corpo em feridas e cicatrizes recentes. Os Lunas guardavam as poucas relíquias que conseguiram recuperar. Todos estavam extremamente debilitados, marcados pelos nove anos de cativeiro.

A missão de resgate de Loki e Máni estava concluída, mas Loki encontrava-se em torpor, preso em um casulo. O deus da Lua, apoiando o corpo fraco de Peter, olhava com compaixão e determinação para os sobreviventes. Outros seguidores ajudavam a tirar os demais Scions dali, carregando-os com cuidado. Uma enorme ponte de lua se formou no horizonte, um caminho etéreo e brilhante que levava à segurança. Eles partiram em direção à Cidade de Prata, nas Terras Incógnitas do deus da Lua.

Enquanto cruzavam a ponte de lua, a cena era digna de um conto épico. A luz prateada refletia nos rostos exaustos, mas determinados dos heróis. Cada passo que davam era um lembrete do sacrifício e da luta que enfrentaram. O peso dos anos de cativeiro começava a se aliviar, mas a sombra da batalha ainda os acompanhava.

Ao chegarem à Cidade de Prata, foram recebidos por elfos especialistas em cura, enviados por Freyr. Esses curandeiros se moveram rapidamente entre os heróis, oferecendo bálsamos e feitiços de restauração. No entanto, apesar da cura física, o lamento ainda permeava o grupo. Jasper e Anna tinham sido deixados para trás, e a ausência deles era um golpe doloroso para todos.

Loki, em seu casulo, cumpriu sua promessa ao trazer um dos filhos de Máni de volta, mas a luta não estava concluída. O sacrifício e a perda ainda ecoavam nos corações dos heróis. Enquanto recebiam cuidados na Cidade de Prata, a promessa de resgatar Jasper e Anna parecia cada vez mais distante, e a esperança de encontrá-los novamente se esvaía. Eles deduziam que seus companheiros estavam perdidos para sempre, uma perda irreparável que pesava em suas almas.

O silêncio da Cidade de Prata era quebrado apenas pelos murmúrios dos curandeiros e pelos suspiros cansados dos heróis. Eles sabiam que, apesar da vitória, a marca da batalha e a dor da perda continuariam a assombrá-los, um lembrete constante do preço que pagaram e das promessas que talvez nunca pudessem cumprir.

O Resgate de Essências

A Cidade de Prata, nas Terras Incógnitas, tornara-se um lugar de reuniões divinas. Vários deles visitaram a cidade para ver seus respectivos Scions, trazendo consigo bênçãos, esperança e a promessa de um futuro melhor. Entre as visitas, uma se destacava pela intensidade e pelo silêncio que a acompanhava: a de Odin, o Pai de Todos, ao leito de Loki.

Ver Loki, o sagaz deus da trapaça e do fogo, naquele estado de torpor, envolto em um casulo, era uma visão dolorosa para qualquer um, mas para Odin era especialmente difícil. O olho que tudo vê, mesmo em sua forma física, possuía uma percepção mística além da compreensão comum. Foi essa percepção que o levou a notar algo incomum nas mãos de Loki. Apertadas em sua mão direita, duas esferas de vidro brilhavam com uma essência pulsante dentro delas.

Odin, com um olhar penetrante, se aproximou e pegou as esferas. O brilho da essência dentro das esferas era inconfundível; tratava-se das essências de Jasper e Anna. Loki, em seu último ato de sagacidade, conseguira preservar as almas dos jovens scions, arrancando-as das garras do pesadelo. O sorriso de Odin era um reflexo de compreensão e orgulho. Loki, mais uma vez, justificava seus títulos épicos e sua reputação como o deus da trapaça.

A compreensão do Pai de Todos se aprofundou quando se lembrou das palavras de Loki sobre as "madeiras da vida". Agora, o enigma fazia sentido. Sem dizer uma palavra, Odin pegou as esferas da mão de Loki e saiu em silêncio. Alguns presentes estranharam a atitude do deus caolho, mas outros não se surpreenderam, pois sabiam da ligação especial entre Odin e Loki, uma conexão forjada por eras de história e mitologia compartilhada. O caminho de Odin o levou até as raízes de Yggdrasil, a Árvore do Mundo. A presença do Pai de Todos, carregando as esferas de vidro, transformou o ambiente ao redor. As raízes da árvore sagrada brilhavam com uma luz dourada e verde, e o poder de Yggdrasil parecia responder à presença divina de Odin. Ele sabia que a única maneira de restaurar Jasper e Anna seria usar o poder das raízes da árvore sagrada.

Com cuidado, Odin colocou as esferas nas raízes pulsantes de Yggdrasil. O brilho das essências começou a se fundir com a energia da árvore, e o processo de restauração iniciou-se. O Pai de Todos observava atentamente, sabendo que o destino dos dois Scions agora dependia da antiga magia da árvore que sustentava os mundos.

Enquanto as essências de Jasper e Anna começavam a se integrar com Yggdrasil, Odin permaneceu em silêncio, sua mente uma mistura de esperanças e memórias. O destino ainda tinha muitos desafios pela frente, mas naquele momento, havia uma chance de restauração, uma promessa de que, mesmo nas sombras mais profundas, a luz da vida e da esperança poderia brilhar novamente.

O Renascimento e a Jornada de Odin

Odin passou 27 dias e 27 noites cuidando do renascimento de Anna e Jasper, seu Scion e a filha de Máni. A tarefa era extenuante e delicada, pois a magia antiga que permeava Yggdrasil era inconstante e imprevisível. A energia da árvore do mundo flutuava entre o caos e a ordem, e Odin precisava canalizar essa força com precisão e cuidado. O Pai de Todos sabia dos riscos, assim como Loki, que havia confiado a ele essa missão impossível. Durante esses dias e noites, Odin não se afastou das raízes de Yggdrasil. 

Ele sussurrava antigas palavras de poder, cânticos que reverberavam através do tecido da existência. As essências de Anna e Jasper brilhavam e pulsavam, lentamente ganhando forma e substância. A antiga magia os envolvia, tecendo seus corpos e almas de volta à vida. A incerteza pairava sobre cada momento, mas Odin não vacilava. Ele compreendia a gravidade da tarefa e a promessa que tinha que cumprir. Finalmente, após o vigésimo sétimo dia, o renascimento estava completo. Anna e Jasper estavam restaurados, suas essências plenamente reintegradas aos seus novos corpos. No entanto, eles ainda estavam confusos e desorientados, suas mentes um turbilhão de memórias fragmentadas e emoções intensas. 

Eles precisariam de tempo e orientação para se adaptar ao mundo novamente. Com cuidado, Odin tomou os dois em suas mãos, sentindo o peso de suas vidas renovadas. Ele sabia para onde precisava ir: o Reino da Rainha Succumbus. Nada dessa jornada específica foi compartilhado com ninguém, exceto Hella, que escutou pelos corvos os passos do Pai de Todos. O destino era um segredo bem guardado, um plano traçado pela sabedoria antiga de Odin.

O caminho até o reino da Rainha Succumbus era longo e árduo, mas Odin estava determinado. Ao chegar, ele foi recebido com a devida reverência. Succumbus, com seu reino de sombras e mistérios, compreendia a importância da presença de Odin e o valor dos jovens que ele trazia. O Pai de Todos sabia que ali, sob a proteção de Succumbus, Anna e Jasper poderiam encontrar a orientação e o tempo necessários para se recuperarem plenamente.

Odin também tinha outro motivo para visitar esse reino. Sua filha, Magda, irmã de Jasper, residia ali. Magda sempre ocupou um lugar especial no coração do velho deus caolho, e ele sabia que sua presença poderia trazer conforto e força a Jasper durante essa transição difícil. A reunião entre pai e filha, assim como a introdução de Anna e Jasper ao Reino de Succumbus, era um momento de profunda importância e emoção.

Enquanto Odin observava os primeiros passos de Anna e Jasper em sua nova vida, ele sentia um misto de alívio e determinação. A jornada estava longe de terminar, e muitos desafios ainda aguardavam. Mas naquele momento, havia esperança e uma promessa renovada de que, mesmo nas sombras mais profundas, a luz da vida poderia sempre ser restaurada.

Fogo e Lua no SonharOnde histórias criam vida. Descubra agora