A filha (não tão) perfeita

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— ELES SÓ PODEM ESTAR BRINCANDO — Vociferou Sr. Granger segurando uma carta em mãos.

Agnes, sentada à mesa do café, olhava para o pai com interesse. Pequena demais para encostar os pés ao chão, balançava as pernas para frente e para trás como uma boa menininha. Tentando esconder o olhar travesso, desde que retirou o envelope oficial de Hogwarts da perna da coruja, colocou contra a luz e leu as palavras “Boletim informativo”, “Punição” e “Hermione Jean Granger”. Depositou a carta em cima da mesa, onde o pai costumava sentar-se e apenas esperou pacientemente, com um sorriso no rosto. Hermione sempre certinha e organizada, teria feito algo de errado pela primeira vez na vida?

— Papai? — Agnes piscou seus grandes olhos castanhos de uma forma que o pai costumava se derreter. Sr. Granger parecia ficar cada vez mais vermelho relendo a carta. Mas cedeu ao olhar para a filha.

— SUA IRMÃ! — Gritou ele de uma forma que Agnes poderia jurar que todos os vizinhos conseguiriam ouvir. — Se achou esperta o suficiente para lutar com um Trasgo! Por sorte, dois garotos a ouviram gritar e foram prestar socorro! — Quanto mais vermelho o pai ficava, mais Agnes elaborava seus planos, era a oportunidade perfeita para mostrar que a irmã não era tão sublime como eles pensavam.

— Isso parece horrível, papai! Eu nunca faria uma coisa dessas! Pobre Hermione, deve ter feito coisas horríveis para se enturmar, vai saber mais o que ela anda fazendo, papai! — O pai aparentou refletir sobre as palavras de Agnes, o que deixou a menina muito orgulhosa de si mesma.

A irmã sempre recebe atenção extra por ser a mais certinha. Mandona e autoritária. Mas, a mais certa e organizada dentre as irmãs. Todos amavam Hermione por ser prestativa e inteligente. Por ser a mais nova, todos olhavam para Agnes como uma criança pequena e imatura, que nunca dizia e nem fazia nada sério. Tudo bem que ela não era a menina mais organizada do mundo, e tinha a paciência mais curta que o pavio de uma vela, mas era determinada como a irmã, e esperta o suficiente para conseguir qualquer coisa que quisesse. Ela mostraria aos pais que era tão boa quanto.


Agnes passava uma boa parte do tempo lendo e relendo as cartas da irmã. Gastava muito energia planejando todos seus passos em Hogwarts. Ela sabia, segundo as informações da irmã, que todos os alunos eram divididos em grupos, ou como chamavam em Hogwarts “casas”, a irmã disse em uma das cartas que cada casa determinava um traço da personalidade de cada aluno. Mas, não especificou como a seleção funcionava, o que fazia a menina se preocupar ainda mais, não apenas com sua casa, como com os alunos. Agnes sabia que deveria escolher bem seus amigos, pois não queria acabar como a irmã, tendo que ir atrás de um trasgo para ser popular. A irmã dava muitos conselhos sobre aulas e os professores, mas poucos sobre a convivência e grupos sociais. De certa forma isso a preocupava, pois não sabia o que esperar dos outros alunos. Não sabendo como se preparar para estas questões, Agnes resolveu fazer o impensável. Iria finalmente escrever para a irmã.

A outra GrangerOnde histórias criam vida. Descubra agora