Agnes seguiu o gigante até os fundos do pequeno pub. Sua mão segurava a da irmã tão apertado quanto podia. Talvez fosse pelo medo de ser deixada para trás, caso não conseguisse atravessar o portal, ou por estar tão ansiosa que poderia desmaiar a qualquer momento. Ela odiava demonstrar qualquer tipo de desconforto, no geral conseguia controlar muito bem suas emoções. Mas tinha que admitir que nessas circunstâncias, qualquer um ficaria em pânico. Principalmente porque não fazia a menor ideia do que a esperava do outro lado do muro.— Faça as honras. — Vociferou Hagrid, esticando o braço em direção ao muro.
Hermione endireitou a postura e empinou o nariz, em uma pose muito mandona e esnobe. Como se tivesse acabado de ganhar uma discussão ou respondido a alguma pergunta com esplendor. Retirando a varinha do bolso da calça, ela bateu a ponta em alguns tijolos em direção anti-horária. Demorou alguns segundos para algo acontecer, segundos que para Agnes pareceram uma eternidade. Os tijolos um a um começaram a se abrir, revelando uma rua cheia de lojas e pessoas. Agnes parou feito pedra admirando a paisagem. A irmã precisou puxá-la pelo braço para que ela se movesse. Assim que os três passaram pela passagem, Agnes notou que os tijolos, pouco a pouco retornaram ao local de origem, como se nunca houvesse um bar ou um portal no local antes.
— Este é o lado norte do Beco diagonal. — Hagrid parecia se divertir com a expressão de Agnes. Que se recompôs segundos depois. Hermione notou que, em qualquer outra circunstância, a irmã ficaria furiosa. — Todas as lojas que você precisa estão desse lado do Beco. Ao final da rua você verá o banco de Gringotes.
— Precisamos passar por lá antes de entrarmos nas lojas. Acho que não temos dinheiro suficiente para nós duas. — Hermione conferia um punhado de moedas de cores variadas.
— O que são essas coisas? — Agnes olhava com curiosidade para a mão da irmã.
— O dinheiro trouxa é diferente do dinheiro bruxo. — Hermione começou a explicar para a irmã, enquanto caminhavam em direção ao banco. Ela mostrou três moedas diferentes para Agnes, que as pegou na mão para olhar melhor. — Esse é um Galeão, tem essa cor porque é feito de ouro. Esse é um Sicle, feito de prata. Esse é um Nuque, feito de bronze. — Agnes rodou as moedas nas mãos.
— O que são esses números?
— É o número de série da moeda. Cada moeda possui um número diferente que pertence ao Duende que fundiu ela.
— Um duende?
— Criaturas horrorosas devo dizer. — Observou Hagrid, visivelmente orgulhoso de Hermione. — Criaturas cruéis e nada confiáveis Aggie. Se é que posso lhe chamar assim.
— Cla - Claro. — Gaguejou a menina, ainda olhando para as moedas.
— Ok. É bem simples na verdade. — Continuou a irmã. — Há 17 Sicles em um Galeão, e 29 Nuques em um Sicle, ou seja, há 493 Nuques em um Galeão.
— Como é que é? — Agnes parecia mais confusa do que no dia em que descobriu que o papai noel, na realidade, era o tio Roger usando uma fantasia com uma barba falsa.
— É melhor eu cuidar do dinheiro por enquanto. — Observou Hermione. Pegando as moedas da mão da irmã mais nova.
— Não se preocupe! Terá muito tempo para se acostumar com esses detalhes. — Riu o gigante, despenteando os cabelos da menina.
Os três continuaram andando até pararem em frente a uma longa escadaria de mármore branco. Agnes elegeu, sem sombra de dúvidas, o Banco de Gringotes, como seu prédio favorito. Toda sua estrutura era feita igualmente do mesmo material da escadaria. Era lindo e interessante. Mas, seu detalhe favorito, era o dragão esculpido ao topo do prédio. Agnes decidiu que os dragões seriam seus animais favoritos de hoje em diante. Principalmente, quando o dragão entalhado ao topo, se mexeu e soprou fagulhas de suas narinas.
— Às vezes ele solta fogo também. — Observou a irmã, dando de ombros. — Venha Aggie, temos menos de duas horas para ver tudo. Além disso, os duendes me assustam.
Agnes não entendia o que a irmã queria dizer, até entrar pelas portas de Gringotes. O prédio era espetacular por dentro, assim como do lado de fora. Havia longos balcões com criaturas estranhas de nariz muito pontudo contando moedas. Alguns pararam para olhar os três passarem. Um frio estranho passou pela espinha de Agnes, fazendo com que ela se espremese mais para perto da irmã. As duas seguiram Hagrid até o final do longo corredor, onde pararam atrás de outros dois bruxos e aguardam, silenciosamente até serem chamados.
— Próximo. — Uma voz esganiçada e rouca chamou, de trás de um balcão. As duas meninas se puseram ao lado do gigante. A irmã segurava uma chave em mãos.
— Boa tarde. — Hermione esboçou um largo sorriso amarelo, que se desfez após uma longa pausa do duende, que a olhava de forma séria e imparcial. — Cofre dos Grangers. — Disse a menina de forma rápida, mostrando a chave.
— Siga-me.
Agnes não sabia o que esperar da aparência de um duende. Ela havia imaginado eles de várias formas e jeitos, mas em nenhuma delas eles eram tão assustadores. Ela sabia que os pés e as mãos eram compridos, que não eram confiáveis e nada amigáveis. Mas, o que mais a assustou, foi quando o duende desceu de sua escada e parou ao seu lado. Agnes notou que eles eram quase do mesmo tamanho.
A menina seguiu seu pequeno grupo até um carrinho de vagões. A irmã havia dito mais cedo que o transporte até o cofre era feito por uma vagonete, como nos parques de diversões. Agnes achou que seria uma piada feita pela irmã, mas olhando para o vagão e observando Hagrid se espremer no banco da frente, ela pensou em diversos outros tipos de transportes que seriam muito mais práticos.
Hermione agarrou nas laterais do carrinho com tanta força que as juntas dos dedos ficaram brancas. Agnes se preparou para o tranco, mas para sua surpresa, o carrinho começou a andar devagar. Olhou para a irmã com desdém, e se encostou no banco de forma confiante e relaxada. O duende a frente, sorriu para a menina. Tentando manter uma postura calma, Agnes sorriu de volta e relaxou um pouco mais no banco. Ela percebeu o duende puxar levemente uma alavanca, ainda sorrindo. Um pouco intrigada, Agnes devolveu novamente o sorriso para o pequeno ser à sua frente.
Mas, logo em seguida, o carrinho começou a pegar uma velocidade incrível e ela se arrependeu amargamente de não ter se segurado em nada. Conforme o carrinho pegou velocidade, as curvas começaram a chegar, jogando todos de um lado para o outro. Hagrid parecia nem notar o chacoalhar, mas as duas meninas ao fundo se debatiam uma contra a outra. Tão abruptamente como começou a pegar velocidade, o carrinho parou de uma só vez em um estreito corredor.
— Cofre da família Granger. — Anunciou o duende sorrindo. Agnes, definitivamente os odiava.
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A outra Granger
FanfictionOs últimos meses foram terríveis para Agnes Granger. Sua irmã mais velha, a qual sempre teve um intenso sentimento de competitividade, foi convidada para estudar em uma escola de magia e bruxaria intitulada "Hogwarts". Foi um susto enorme para seus...