Ten

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Barty - 5 ano

Ele frequentemente pensa que é um merda. E é por isso que ele geralmente age um pouco como um — pelo menos foi o que Regulus em uma de suas conversas terapeutizadas concluiu —. O raciocínio não estava errado, mas se sentiu tão exposto que preferiu fingir que o amigo estava enlouquecendo a ter que dar o braço a torcer sobre isso.

Era por isso que fazia algumas escolhas erradas em sua vida, como quando tinha 11 anos e estava tão irritado com seu pai — eles nunca tiveram uma relação cordial, mas depois que o garoto foi pra sonserina tudo terminou de desandar — que decidiu sumir com todos os documentos de seu escritório, ele acidentalmente acabou com 4 projetos de leis recém aprovados que ainda não tinham nenhuma cópia. O castigo que recebeu foi praticamente uma benção, Bartolomeu Crouch agora passava todo o tempo em seu escritório no Ministério, ele geralmente só aparecia depois do jantar quando o filho estava em casa. Ou então quando tinha 14 anos e havia começado a sair com uma garota 1 ano mais velha, ela realmente gostava dele, Barty não entendeu bem o porque, então resolveu partir o coração dela.

Ele era assim, impulsivo. E era por isso que estava em meio ao fogo cruzado depois da conversa estranha que teve com Regulus a algumas noites. Quer dizer, ele não pensou sempre que Evan era um pouco especial? Foi por isso que o acolheu em sua própria casa, era por isso que o protegia como um lobo em sua matilha e o queria por perto, sempre quis.

Nada havia mudado ao mesmo tempo em que tudo trocou de lugar. Ele preferia que tivesse acontecido com Regulus, tudo seria muito mais simples. Se fosse com Black tinha um por que, ele poderia justificar pelos amassos e carinho interminável. Mas com Evan não era assim.

Ele não costumava tocá-lo com frequência, salva as vezes em que se deitava em seu colo ou segurava seus ombros. Barty já havia dividido a cama com o amigo de cabelos negros e até mesmo com Pandora mais de uma dezena de vezes, mas nunca com Rosier, ele sempre foi muito reservado em seu espaço pessoal. Então ele sinceramente não sabe como ou porque, mas tinha plena consciência que o queria, e muito.

Foi por chegar a essa conclusão que decidiu que não poderia tê-lo. Evan nunca teria uma amizade como Regulus e Barty tinham, as coisas nunca ficariam iguais se ele tentasse algo e fosse rejeitado, ou pior, se não fosse e depois ocasionalmente tudo acabasse. Ele o perderia para sempre, e esse era um risco que não estava disposto a correr.

— Bem, eu vou fazer isso. — murmurou para si mesmo, os olhos castanhos esverdeados fixos no livro de transfiguração em sua frente. Minerva perderia toda sua admiração se visse seu sonserino favorito viajando em meio ao seu monólogo.

— Fazer o que? — a voz baixa e doce do loiro soou em seu ouvido. Seu coração patético deu um salto, que Merlin o ajudasse, ele teria uma missão difícil ali.

— Nada, anjo, nada. — respondeu taciturno.

Ele não olhou para outra coisa que não fosse McGonagall o restante da aula.

(....)

Ignorar seu sentimentos recém descobertos era mais difícil do que ele poderia ter imaginado, ainda mais quando tais sentimentos são destinados a um de seus melhores amigos, o qual passa o dia e a noite todo juntos. Era um inferno.

Tudo o fazia ir a Evan. Se algo engraçado acontecia, era a risada do loiro que ouvia; se tinha uma nova fofoca circulando nos corredores, era ele quem estava sempre pronto para comentar; se precisava de ajuda em uma tarefa, era Rosier quem se dispunha — Regulus andava muito ocupado com grifinórios irritantes, aquele traíra. Ele estava praticamente em uma missão impossível ali, e o pior, sequer tinha vontade de ir atrás de outra pessoa, sua cabeça doía só de pensar em se relacionar com alguém, em ir a encontros, fingir interesse e todas essas baboseiras. Ninguém seria tão doce e arisco.

Obsessed - JegulusOnde histórias criam vida. Descubra agora