INVICTUS I

53. Ascension

CAPÍTULO CINQUENTA E TRÊS
Ascensão

Tom estava sentado no terraço do The Tobacconist, uma pequena loja no Beco Horizontal que por acaso ficava do outro lado da rua do apartamento de Hermione. Estava bem frio lá fora, então Tom vestiu uma capa pesada, luvas de couro e botas pretas de pele de dragão. Para completar, ele lançou um feitiço de aquecimento em si mesmo. Ele estava sentado com um pé balançando para fora do terraço e a outra perna dobrada com o braço jogado sobre o joelho. A noite estava clara e proporcionava uma visão desobstruída do céu, que parecia um vasto cobertor de safira permitindo vislumbres da luz brilhante do Olimpo do outro lado. As estrelas brilhavam como joias no firmamento, e Tom usou sua experiência no campo da adivinhação para discernir o que elas falavam com ele. Suas sobrancelhas se ergueram bruscamente, enquanto o alinhamento particular das constelações contava uma história agourenta de separação e angústia. Tom esperava estar lendo errado. Ele não era um vidente, nem era o adivinho mais habilidoso.

Ele tirou os cigarros da capa e acendeu um.

Seus olhos se voltaram para a cabine telefônica na calçada. Ele ficou no banquete conversando com os sangue puros bem depois que Hermione saiu, e mesmo assim ela ainda não estava em casa. Ele decidiu que daria mais trinta minutos antes de ir procurá-la. Estava irritando seus nervos significativamente que sua bruxa tivesse sido ousada o suficiente para fugir com Dufresne depois que ele a informou de suas intenções. Ela sabia que ele a estava esperando. Ele pensou com alguma irritação que ela provavelmente tinha feito isso de propósito, só para irritá-lo.

Tom tinha uma energia escura percorrendo sua pessoa e ele podia senti-la implorando para ser liberada. Ele estalou o pescoço em uma tentativa de aliviar sua tensão.

Foi então que Tom os avistou. Hermione e Gaspard aparataram à vista do outro lado da rua da cabine telefônica vermelha brilhante. Ele não conseguiu ouvir o que foi dito, mas Dufresne se inclinou e deu um abraço demorado em Hermione antes que ela entrasse na cabine telefônica e discasse.

Depois que Hermione se foi, o auror ficou olhando para a cabine telefônica por um momento em contemplação. Depois de vários minutos, ele passou a mão no rosto e se virou, aparatando para longe.

Tom estava frustrado e aliviado. Frustrado por ela ter estado com o auror esse tempo todo, mas aliviado pelo velho ter mantido as mãos para si.

Tom levou o cigarro aos lábios e inalou profundamente, deixando a fumaça saturar seus pulmões como incenso sagrado, esgotando o oxigênio de suas células. Então, ele exalou como uma prece. 

Tom se deleitou com a tensão crescendo dentro de seus músculos, o precursor do movimento futuro, como se ele fosse uma cobra enrolada para atacar. Ele observou a luz acender na janela do quarto dela.

Tom retirou seu pergaminho de suas vestes, junto com uma caneta-tinteiro trouxa que Hermione lhe dera. Ele as achou muito mais convenientes do que penas e decidiu que concordava com a avaliação de Hermione sobre as invenções trouxas e o valor que elas poderiam trazer ao mundo bruxo. Tom era bastante prático, quando se tratava disso, e conseguia reconhecer quando um argumento adequado tinha sido feito.

Ele rabiscou uma mensagem no pergaminho e o colocou ao lado dele enquanto jogava as cinzas do cigarro.

• • •

Hermione estava completamente exausta enquanto tomava seu elixir noturno, depois escovou os dentes e lavou o rosto. Ela nem se deu ao trabalho de tirar os grampos do cabelo, que estava trançado e enrolado em um coque elegante. Ela o deixou assim e vestiu uma das camisas de Tom, abotoando-a. Ele havia deixado algumas delas em seu apartamento nos últimos meses e ela descobriu que eram sua peça de roupa favorita para dormir. Ela estava um pouco envergonhada com o quanto de conforto ela obtinha ao usá-las. Ela não havia lavado esta em particular ainda, porque ainda cheirava a ele.