19: or nah.

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[22/02/25]

Muito se fala sobre estereótipos e características chaves de garotas gostosas; batom vermelho, hiperfoco em gêneros e subgêneros como fantasia e darkromance, vinho, etc, etc, etc. No entanto, pouco se fala sobre o estereótipo número um, aquele no topo da pirâmide: toda garota gostosa de respeito tem uma playlist no Spotify com músicas de garotas gostosas, tais músicas, que se alguém além dela ouvir por acidente, é capaz de denunciar a garota por justa causa.

Eu tenho uma playlist apocalíptica dessas, que escuto toda vez que minha autoestima resolve me sabotar, ou quando estou prestes a agir com impulsividade, como agora.

Eu não sei quem tem menos juízo: Hunter e Mencía me dando uns conselhos tortos ou eu que sigo. O fato é: estou seguindo.

Tomei um banho de quase uma hora e meia, aquele banho que lava a alma. Há alguns muitos meses atrás, quando eu era corna e não sabia, saí para comprar lingerie quando planejava ter minha primeira vez com meu ex, acontece que duas delas eu nunca cheguei a usar com ele, então vou usar com seu irmão.

Apesar de não demonizar quem usa, eu não curto essa ideia de lingerie excessivamente sexy (pornografica, numa linguagem mais vulgar), ou fantasias, essas palhaçadas todas. Então o meu sexy, pode não ser o sexy de outra mulher, mas eu particularmente estou toda envergonhada de ter que aparecer assim na frente de alguém. Pior ainda na frente do garoto que eu sou louca.

É um conjunto de calcinha e sutiã vinho, com um fundo vermelho bem brilhante, não literalmente brilhante, mas um vermelho sangue, bastante escuro. Não sei que tecido é esse, definitivamente não é renda, mas é algo que me deixa mais nua que vestida e quando me pus em frente ao espelho quase caí para trás de tanto susto. Eu estou linda, admito, mas ao mesmo tempo tão... sexualizada.

Apenas tento colocar em minha cabeça que está tudo bem estar assim, eu não sou mais uma garotinha, eu tenho 19 anos, sou uma adulta, com uma vida de adulta e responsabilidades de uma adulta. Ficar presa no passado e pensar que crescemos como irmãos não vai mudar a realidade dos fatos. Também tento lembrar que não estou fazendo isso só por ele, para agradar ele, ou tentar melhorar nossa relação. Estou fazendo o que estou fazendo porque eu quero, porque eu posso, porque eu sou uma pessoa de carne, com desejos carnais e sentir desejo não tem que ser motivo de vergonha, embora eu sinta, e sinta muita.

Coloco uma camisa por cima, que inclusive é do Jaden, e fico esperando ele chegar. Ele devia me buscar para que fossemos a festa dos veteranos, mas nossa festa acontecerá no quarto.

Os minutos de espera foram torturantes, meu coração batia tão rápido que achei que a qualquer momento eu cairia dura. As mãos suam frio, quando ouço batidas na porta, me levanto, suspiro fundo tentando ser corajosa e repito um mantra em minha cabeça: eu sou a porra de um símbolo sexual.

Abro a porta.

— Ainda não está pronta? – Walton me pergunta, notando que estou de qualquer jeito.

— Não vamos a festa. – Respondo.

— Não? Você está bem?

No momento do impulso, levo as mãos para a barra da camisa e puxo para cima.

E lá se vai o adendo de Hunter ao pedir para que eu fosse menos materialista e puxasse assunto antes.

Jaden arregala os olhos e me empurra para dentro do quarto, fechando a porta.

— Você perdeu a porra da cabeça? Alguém pode ter te visto!

— Foi reflexo. – Aperto os lábios, segurando a vontade de rir. Troco o lado do meu cabelo em seguida.

𝘸𝘢𝘪𝘵𝘪𝘯𝘨 𝘳𝘰𝘰𝘮 - 𝘫𝘢𝘥𝘦𝘯 𝘸𝘢𝘭𝘵𝘰𝘯.Onde histórias criam vida. Descubra agora