32- forever young.

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3 anos depois...

[09/12/2029] Domingo.

É louca a forma com que mudamos nosso pensamento ao longo dos anos.

Quando eu era criança, meu sonho era crescer logo para estar na TV, ter meu namorado dos sonhos e poder conhecer o sabor de uma cerveja. Agora que sou adulta, no auge dos meus 24 anos, se me perguntassem novamente qual o meu maior sonho, eu diria: voltar a ter 5.

Acredito que nada nesse mundo é maior que o meu medo de envelhecer; pouco a pouco ir falhando a memória, a coloração dos meus cabelos, a maciez e firmeza da minha pele, o meu sorriso, a minha dicção, a minha saúde, a minha agilidade, perder pessoas que amo — até o mesmo acontecer comigo. —

Mas a vida adulta chega para todo mundo mais cedo ou mais tarde e eu não poderia estar mais orgulhosa da mulher que me tornei.

Estou morando sozinha. Anteriormente dividia o apartamento com a Mencía, mas infelizmente ela acabou trancando o curso e voltando para a Espanha, hoje é uma das minhas maiores saudades. Comecei a estagiar no meu quarto período da universidade num jornal pequeno da cidade, acabou se tornando meu emprego fixo por algum tempo, mas no início desse ano precisei me demitir pois os horários pararam de bater com os da faculdade. E hoje... hoje estou me formando.

Vestida de vermelho quase que da cabeça aos pés, com o cabelo tão lindo que custo a acreditar que é meu e na companhia de pessoas incríveis que foram o pilar para que eu chegasse até aqui.

Estou sentada em frente ao auditório repleto por todos os professores por quem passei, além do coordenador do meu curso e da presença de todos os meus colegas.

O evento está lindo, mesas separadas para cada família se reunir, stands com nossas fotos e uma pequena biografia, tudo do jeito que eu sempre sonhei.

A chamada para o recebimento do diploma chega em minha inicial, me deixando nervosa por saber que logo serei eu, mas o carinho reconfortante em minha mão me deixa confiante, o carinho da pessoa que eu mais amo no mundo.

— S/n Bianchi De La Riva. 

Olho para Jaden que apenas sorri sutilmente, extremamente calmo.

— Você consegue fazer isso. – Ele diz.

Ele está certo. Não só consigo, como fiz.

Me levantei, subi aquelas escadas, apertei as mãos de todos os meus professores até receber meu diploma. Aperto a mão do meu coordenador e apenas respiro fundo antes dele me ceder o microfone.

— Eu sabia que em algum momento esse dia ia chegar de novo, o dia em que eu estaria na presença de muitas pessoas, com um microfone a minha frente, mas se eu dissesse que não estou tremendo estaria mentindo pra vocês.

As pessoas riem.

— Peço perdão de antemão se eu enrolar muito, um microfone a minha frente é o mesmo que ceder uma arma a um criminoso, eu tenho fama de discursar por horas, ainda bem que a minha profissão me permite fazer isso.

Abaixo o olhar para retomar o ar.

— Eu acho que... antes de qualquer um, eu preciso agradecer a Deus, por ter me fortalecido dia após dia e ter me capacitado, por se mostrar presente em minha vida em inúmeros momentos, mas especialmente em minha vida acadêmica. Também devo o mundo aos meus pais, que são as pessoas que me amaram antes que eu mesma pudesse me amar. Agradeço obviamente a essa equipe pedagógica incrível que me ensinou tudo o que eu sei sobre comunicação. – Aponto para meus professores. — Aos meus amigos, por acreditarem em mim. Ao meu namorado por ser... meu namorado.

𝘸𝘢𝘪𝘵𝘪𝘯𝘨 𝘳𝘰𝘰𝘮 - 𝘫𝘢𝘥𝘦𝘯 𝘸𝘢𝘭𝘵𝘰𝘯.Onde histórias criam vida. Descubra agora