A agenda com a rotina do quarto dizia a qual sala de aula Kate deveria ir, mas como Mia tinha chegado um dia antes, soube guiá-la exatamente até o local. Elas entraram em uma sala de aula como as outras, mas uma versão muito menor. Havia uma lousa branca, um armário no canto e a mesa do professor de frente para seis carteiras de estudante divididas em duas fileiras. Kate sentou-se na que ficava bem em frente à do professor, e Mia à sua esquerda, escorada na janela.
O professor chegou exatamente ao soar do sinal, que já começava a irritar as garotas, mesmo que soubessem que aquilo seria frequente e diário. Ele apoiou sobre a mesa alguns cadernos e um copo de isopor com café e sentou-se em seguida.
— Olá, bom dia — disse, sem muito ânimo. — Bem, parece que nosso papo vai ter que acabar, não é Mia?
O professor riu, assim como Mia. Kate olhou para a amiga sem entender o que aquilo queria dizer.
— Ele sabia que você chegaria hoje, então não passou nenhum conteúdo ontem, para nós duas iniciarmos juntas — ela explicou. — Ficamos só conversando.
— Mas agora vamos estudar, meninas — o professor folheava um dos cadernos, o de capa branca, e parou ao encontrar a folha que procurava. — Kate Bennett. Clonagem, certo?
— Isso mesmo — Kate respondeu, ajeitando-se na cadeira.
— E o que você clona? Pessoas, objetos, você mesma...?
— Só eu mesma, senhor.
— Ah, pare com isso. Não sou a diretora Houston. Meu nome é Alec.
Kate nunca tivera um professor que não exigisse ser chamado de senhor. E foi só quando Alec disse seu nome que ela reparou o quanto ele era jovem, com seu cabelo preto bagunçando caindo em cachos sobre o rosto e a pele sem nenhuma linha de expressão. Ela até chegou a se perguntar se ele também tinha o poder da juventude eterna.
— Vocês chegaram um pouco atrasadas no ano letivo — Alec se levantou e pegou um canetão para escrever no quadro. — Então vamos dar uma olhada no conteúdo que vocês precisam recuperar, mas não vai ser tanta coisa, espero. Vai ser um panorama geral simples de acompanhar.
Ele escreveu uma data no quadro: 1882. Em seguida virou-se de frente para a classe mais uma vez e começou a falar:
— Vocês não têm cadernos? — as garotas responderam com um aceno de cabeça que não. O professor Alec abriu uma gaveta de sua mesa e tirou dois cadernos e duas canetas de lá e as entregou para suas alunas. — Agora, vamos começar. O que vocês sabem sobre metahumanos?
Mia levantou a mão. Com permissão do professor, perguntou:
— É assim que nos chamam?
— Coloquialmente, sim. Biologicamente falando, somos considerados uma subespécie de Homo sapiens, chamada de Homo sapiens vortexia. Daí que vem o nome do instituto.
— E o que é essa data? — questionou Kate, apontando para o quadro.
— É a data de registro do nascimento do primeiro Homo sapiens vortexia — Alec bateu com o canetão no quadro onde havia escrito a data. — Há 142 anos, Émile Fournier nasceu em uma cidadezinha rural no interior da França. A mãe do garoto faleceu durante o parto e sua infância pareceu ter sido normal como a das outras crianças.
As duas alunas não disseram nada, mas ambas sentiram um incômodo no peito. Elas também tinham perdido suas mães durante o parto, assim como o menino Émile.
— A diferença dele para as outras crianças era de que seu desenvolvimento físico e intelectual parecia estar acontecendo mais depressa. Começou a falar aos sete meses e aos dez meses já conseguia correr. Aprendeu a ler e escrever com três anos de idade e aos seis já realizava operações matemáticas mais complexas que apenas adição e subtração.
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Instituto Vortexia - Subversão
FantasiaQuando pessoas com poderes mágicos começaram a nascer ao redor do mundo, o Instituto Vortexia foi criado para evitar o colapso de uma sociedade que não sabia como lidar com essas pessoas especiais. Cem anos depois, o instituto permanece aberto, rece...