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— Muito bem, sem enrolação por aqui. Vamos ao que interessa porque eu sei que você já está de saco cheio dessa pulseira.

Kate observou atônita enquanto o guarda vestido roupas brancas veio em sua direção e, com o auxílio de um aparelho magnético em formato de bastão, tocou em seu bracelete de bronze que se abriu e pôde ser retirado. Ela então percebeu o quão desconfortável era usar aquilo o tempo todo, e sentiu os ombros relaxarem pelo alívio de ele ter sido removido.

— Vamos lá, garota, começar isso logo — a professora disse com rigidez novamente. Kate chegava a se assustar quando ela falava, como se estivesse gritando com alguém.

A professora vestia roupas como as do exército com estampa camuflada, mas na paleta de cores do instituto, com branco e bege em tons claros e escuros. Tinha um coque de cabelos grisalhos no topo da cabeça e linhas de expressão que demonstravam uma boa idade, e uma cicatriz de um corte profundo atravessando seu olho esquerdo. Ela parecia ter muita experiência de vida.

— Sou a Sargento Ripley, para a sua informação — ela se apresentou. Sua voz era áspera e ela andava lentamente de um lado para o outro como se estivesse falando com um batalhão. — De onde eu vim, ninguém pega leve com ninguém, então não espere que as aulas sejam um morango. Vamos trabalhar seu poder e eu não quero ver corpo mole nas minhas aulas, entendeu?

— Sim, senhora — Kate ajeitou sua postura quase que involuntariamente, temendo que pudesse ser chamada a atenção por isso.

Ela estava um pouco decepcionada pelo fato de as aulas serem individuais, pois gostaria de passar pelo aprendizado junto com Mia. Mas quando a professora apareceu e começou a falar, logo sua decepção foi deixada de lado. Ela não queria pisar na bola em sua primeira aula com a Sargento.

— Vamos logo com isso, então. Me mostre o que você sabe fazer.

Kate sentiu um frio na barriga e fechou os olhos. Ela não sabia exatamente como fazer as clones aparecerem, todas as vezes em que isso acontecia eram de maneira acidental. Ela se concentrou e puxou no fundo da mente as memórias das vezes em que suas clones surgiram. Apertou as mãos, sentindo algumas gotículas de suor se formando em sua testa, e então respirou fundo. Em seguida, abriu os olhos com confiança e olhou para os lados, procurando sua cópia.

Não havia nenhuma clone ali.

Kate sorriu envergonhada para a Sargento, que permanecia de braços cruzados a observando. Ela sentiu-se muito constrangida por ter feito tanto esforço para não acabar não obtendo resultado algum.

— Calma — disse instintivamente, fechando os olhos outra vez.

— Estou bem calma — a Sargento replicou.

Kate respirou fundo pela segunda vez e repetiu o processo de se concentrar nas memórias. Ela esfregava os dedos na palma da mão tentando controlar a ansiedade, e o suor começou a escorrer em sua testa.

De repente, ela sentiu um arrepio percorrendo seu corpo, como se estivesse muito frio. Ela sentiu-se tonta por alguns segundos e então o arrepio cessou e ela retomou o controle de seu corpo. Quando abriu os olhos, havia uma segunda Kate ao seu lado, que sorriu e acenou para ela. Kate retribuiu o gesto.

A Sargento se aproximou da clone, afastando a Kate original com uma das mãos. Ela testou a pulsação da cópia e tirou uma lanterna de exame do bolso, que usou para testar a dilatação de sua pupila. Quando obteve os sinais vitais de um ser humano vivo e funcional, devolveu a lanterna para o bolso e começou a perguntar:

— Qual o seu nome?

— Kate — a clone respondeu com prontidão.

— Qual o meu nome?

Instituto Vortexia - SubversãoOnde histórias criam vida. Descubra agora