Capítulo 12

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Com as decisões tomadas e a determinação crescente, Emily liderou o grupo na exploração dos mistérios que rodeavam a casa de Mia. Adam e eu seguimos cautelosamente, nossos sentidos alertas para qualquer movimento ou som fora do comum. Mia, hesitante mas determinada, nos guiava pelos corredores escuros e pelas salas silenciosas, cada uma delas carregada com a sensação de presenças além da nossa compreensão.

Enquanto explorávamos, os murmúrios que Mia mencionara pareciam ganhar intensidade, ecoando pelas paredes como uma conversa distante e ininteligível. Às vezes, sombras se moviam rapidamente no canto de nossos olhos, mas ao tentarmos focar nelas, desapareciam sem deixar vestígios. Era como se estivéssemos cercados por uma névoa de histórias não contadas e presenças que apenas Mia parecia perceber claramente.

—"Aqui é onde minha mãe costumava passar a maior parte do tempo", disse Mia em um sussurro, parando diante de uma porta entreaberta. "Ela dizia que era o lugar onde as vozes eram mais fortes."

Emily assentiu, olhando para Adam e para mim com um gesto que indicava para nos prepararmos. Com um movimento decidido, ela empurrou a porta e entramos na sala, iluminada apenas pelas velas que Mia trouxera consigo.

A atmosfera era pesada e carregada de uma energia que fez nossos pelos se eriçarem. Os móveis antigos e empoeirados pareciam testemunhas silenciosas de muitas histórias passadas, enquanto sombras dançavam nas paredes como se tivessem vida própria. Mia foi até um pequeno altar improvisado no canto da sala, onde velas queimavam lentamente ao lado de fotografias antigas e objetos pessoais.

—"É aqui que ela costumava se comunicar com eles", disse Mia, seus olhos fixos no altar com uma mistura de reverência e medo.

Adam se aproximou, examinando os objetos com interesse. 

-"Você sabe como ela fazia isso?"

Mia balançou a cabeça lentamente. 

-"Ela nunca me ensinou, mas eu vi. Às vezes, ela apenas sentava aqui, como se estivesse ouvindo algo que eu não podia ouvir."

Enquanto Mia falava, uma corrente de ar frio varreu a sala, fazendo as velas tremerem em seus suportes. Um murmúrio baixo encheu o ar, uma cacofonia de vozes sussurrando palavras que mal podíamos distinguir.

—"O que elas estão dizendo?" perguntou Mark, sua voz um sussurro tenso.

Mia franziu a testa, como se estivesse se concentrando para entender as vozes. 

-"Elas... elas querem que nós saibamos. Que entendamos."

—"Entender o quê?" perguntou Emily, sua expressão séria enquanto olhava ao redor da sala, tentando captar qualquer sinal do que estava acontecendo.

Mia olhou para cada um de nós, seus olhos cheios de uma mistura de medo e determinação. -"Que elas estão presas aqui. Não conseguem seguir em frente. Minha mãe costumava dizer que elas precisavam de alguém para ajudá-las a encontrar paz."

O peso da revelação pairou sobre nós enquanto absorvíamos a magnitude do que Mia estava compartilhando. Estávamos diante de algo além de nossa compreensão, algo que não podíamos ignorar ou escapar. As vozes continuavam, agora mais urgentes e desesperadas, como se estivessem implorando por nossa ajuda.

—"O que podemos fazer para ajudá-las?" perguntou Adam, sua voz suave e cheia de compaixão.

Eu achava Adam engraçado, enquanto ele era cheio de coragem e determinação perto dos outros ele parecia derreter como manteiga perto das crianças mais novas. Ele era incrível...

Mia olhou para ele com gratidão, seus olhos úmidos refletindo a luz das velas. 

-"Minha mãe disse que precisamos entender suas histórias. Que só quando ouvirmos e entendermos o que elas têm a dizer, poderemos ajudá-las a encontrar o descanso."

Emily assentiu, sua mente trabalhando rapidamente para encontrar uma maneira de seguir adiante. 

-"Então precisamos ouvir. Precisamos estar dispostos a enfrentar o que quer que seja que elas têm para nos contar."

Conforme a noite avançava, permanecemos na sala, ouvindo as vozes, tentando discernir as histórias entrelaçadas com as sombras que dançavam ao nosso redor. Era uma jornada de compaixão e coragem, enfrentando não apenas as ameaças visíveis, mas também os mistérios ocultos que moldavam aquele lugar singular no deserto.

E assim, enquanto o fogo crepitava e as velas lançavam suas sombras inquietas pelas paredes, continuamos nossa vigília na casa de Mia, prontos para confrontar os segredos que se escondiam nas profundezas de suas paredes envelhecidas e nas histórias sussurradas pelas vozes do além.

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