Além das Algemas

Capítulo 13

Enquanto a manhã banhava a casa de Mia com uma luz tímida e esperançosa, Sarah se encontrava mais próxima de Adam do que jamais imaginara. Durante a noite, enquanto exploravam os cantos escuros e desconhecidos da casa, ela notou como Adam lutava para manter sua compostura apesar das visíveis dificuldades físicas.

Adam, com seu habitual semblante tranquilo, escondia habilmente as dores que o assombravam. Sarah percebeu os curativos discretos escondidos sob a manga de sua camisa, e ocasionalmente notava uma leve manqueira em seu passo, um indício sutil de que ele não estava completamente ileso.

Durante uma pausa nos momentos de exploração, quando todos descansavam brevemente na sala principal, Sarah encontrou-se ao lado de Adam, observando as velas dançarem suas sombras nas paredes envelhecidas. Ele parecia perdido em pensamentos, sua expressão um misto de determinação e dor contida.

—"Você deveria descansar um pouco", sugeriu Sarah suavemente, desviando o olhar das velas para ele.

Adam sorriu levemente, reconhecendo sua preocupação.

-"Estou bem, Sarah. Não se preocupe comigo."

Mas Sarah sabia que não podia ignorar as evidências diante dela. 

-"Adam, você está machucado. Deixe-me ajudar de alguma forma."

Adam hesitou por um momento, seus olhos azuis encontrando os dela com uma mistura de gratidão e relutância. Ele a observou dos pés a cabeça, e a analisou por alguns minutos. Ele não estava acostumado a ser o centro das atenções, preferindo sempre cuidar dos outros em vez de ser cuidado. No entanto, a oferta de Sarah era genuína, e ele sabia que não podia continuar escondendo suas dificuldades por muito mais tempo.

—"Está bem", concordou ele finalmente, sua voz um sussurro. "Talvez um breve descanso não seja uma má ideia."

Sarah assentiu, guiando-o gentilmente para um assento mais confortável na sala. Ela observou atentamente enquanto ele se acomodava com cuidado, uma leve tensão evidente em seu rosto quando ele tentou ajustar a posição para aliviar o desconforto.

Enquanto Sarah observava Adam, uma nova onda de admiração e preocupação se apoderava dela. Era incrível como ele conseguia manter-se firme e focado, mesmo carregando seus próprios fardos físicos. Ela se perguntava quais outras batalhas ele enfrentara antes de se juntar ao grupo, quanta dor ele havia suportado em silêncio.

—"Você já passou por muitas coisas, não é?", perguntou Sarah suavemente, buscando iniciar uma conversa que pudesse aliviar a tensão palpável.

Adam olhou para ela, seus olhos azuis revelando uma profundidade que Sarah raramente via neles. "Algumas", respondeu ele vagamente, sem entrar em detalhes.

Sarah não queria pressioná-lo. Ela sabia o valor de manter certas partes de sua vida privada, especialmente em um mundo tão incerto quanto o deles. No entanto, ela sentia uma necessidade crescente de entender melhor Adam, de conhecer o homem por trás da máscara de serenidade que ele usava tão habilmente.

Ela recordava vividamente o tempo que passaram juntos no laboratório, onde foram submetidos a experimentos. Sarah conseguiu fugir, mas Adam acabou ficando para trás, o grupo não o conhecia e eu não tinha nem ideia de onde ele estava. Os tormentos que Adam sofreu desde então eram evidentes agora em seus curativos e na forma como ele se movia com dificuldade.

Enquanto o dia avançava o grupo descansava e comia, Sarah encontrou-se ao lado de Adam mais vezes do que antes. Ela o ajudava a navegar pelos cantos escuros e perigosos da casa, oferecendo apoio silencioso sempre que ele precisava.

À medida que exploravam os cômodos abandonados, Sarah notava como Adam lutava para manter o ritmo. Sua respiração tornava-se um pouco mais pesada, e ele ocasionalmente apoiava-se em móveis próximos para descansar por breves momentos. As vezes não tinha móvel perto e ele tinha de se segurar nela, todas as vezes que isso acontecia eu ficava vermelha igual a um tomate e olhava para o outro lado. Era uma visão que Sarah achava difícil de suportar, ver alguém tão forte e determinado ser tão vulnerável.

—"Está bem?", perguntou ela baixinho, enquanto se aproximavam de uma porta de madeira velha que rangia ao menor toque.

Adam assentiu, embora fosse claro que estava sendo cauteloso com cada passo. "Estou bem. Vamos continuar."

Sarah admirava sua determinação, sua vontade inabalável de seguir em frente apesar das dificuldades físicas que enfrentava. Ela começava a perceber que havia mais em Adam do que sua aparência tranquila e habilidades notáveis. Havia uma coragem silenciosa, uma força interior que ele mostrava apenas em momentos de extrema necessidade.

Enquanto exploravam o que parecia ser um antigo quarto abandonado, Sarah encontrou-se pensando em Adam mais do que era confortável admitir. Ela admirava sua compaixão e habilidade de liderança, sua capacidade de manter todos unidos mesmo nas situações mais adversas. Mas havia algo mais, algo que ela não conseguia ignorar.

Durante uma pausa para recuperar o fôlego, Adam olhou para Sarah com um sorriso cansado.

-"Obrigado por estar ao meu lado, Sarah. Sua presença torna tudo mais suportável."

Sarah sentiu um calor sutil espalhar-se por seu peito, uma mistura de gratidão e apreciação por Adam. Ela sabia que estava se aproximando dele mais do que imaginara possível em tão pouco tempo, mas não podia negar a atração crescente que sentia por ele, não apenas por sua coragem física, mas pela compaixão e força que ele demonstrava em momentos de vulnerabilidade.

Enquanto a luz do sol começava a diminuir, lançando sombras longas e distorcidas pela sala, Sarah olhou para Adam com uma nova apreciação. Ela sabia que, enquanto enfrentavam os mistérios sombrios da casa de Mia, ela também estava enfrentando os próprios mistérios de seu coração.

E assim, enquanto o grupo se preparava para enfrentar os desafios que ainda estavam por vir, Sarah sabia que tinha encontrado em Adam não apenas um aliado essencial, mas alguém que poderia eventualmente significar muito mais para ela.