Capítulo 9

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Enquanto avançávamos pelas estradas silenciosas e irregulares do sul, a tensão da jornada parecia pesar cada vez mais. Os dias eram marcados pela constante vigilância e pelos desafios do ambiente hostil que nos cercava. Certa tarde, durante uma parada para descanso e planejamento, algo inesperado aconteceu.

Ao longe, entre as sombras das árvores, avistei um vulto humano se movendo com dificuldade. Reconheci imediatamente o rosto pálido e angustiado do garoto que havia conhecido no laboratório. Sem hesitar, corri na direção dele, meu coração batendo mais rápido à medida que me aproximava. Ele estava pálido e suado, apoiando-se contra uma árvore para manter-se de pé.

Seu rosto estava marcado por cortes profundos e hematomas escuros. Cada respiração parecia ser um esforço árduo, seus olhos transmitiam dor e cansaço. Emily e os outros se juntaram a nós, avaliando os ferimentos do garoto. A situação era ainda mais grave do que eu imaginava.

—"O que aconteceu com você?" perguntei, minha voz um sussurro carregado de preocupação.

Ele tentou sorrir, mas o gesto foi contorcido pela dor que o consumia.

—"Eles... me pegaram, eu tentei fugir mas...", murmurou ele com dificuldade. "Não... não consegui resistir..."

Nick e Mark examinaram os ferimentos do garoto, suas expressões endurecendo com cada nova descoberta. Era evidente que ele tinha sido brutalmente maltratado desde nossa fuga do laboratório. Hematomas escuros marcavam seu rosto e braços, e suas roupas estavam rasgadas e manchadas de sangue.

—"Precisamos fazer algo", disse Mark, sua voz carregada de frustração. "Não podemos simplesmente deixá-lo aqui."

Com cuidado, ajudamos o garoto a se sentar mais confortavelmente, colocamos algumas bandagens e curativos em seus ferimentos, enquanto discutíamos as opções limitadas que tínhamos diante de nós. A proximidade dos perseguidores representava um perigo iminente para todos nós, e agora tínhamos um ferido grave em nosso meio.

À luz do entardecer, enquanto o céu se tingia de tons laranja e vermelho, reunimos o grupo para discutir nossas opções. O garoto, ainda fraco mas determinado, compartilhou informações cruciais sobre a localização dos captores e os métodos que usavam para rastrear fugitivos como nós.

—"Eles têm recursos ilimitados", explicou ele, sua voz fraca mas firme. "E não vão desistir até nos capturarem."

A noite trouxe consigo uma decisão difícil: continuar nossa rota planejada, arriscando um confronto iminente, ou desviar para caminhos menos previsíveis, sabendo que cada decisão poderia determinar nosso destino.

Enquanto ponderávamos nossas opções, o garoto se aproximou de mim com um olhar de gratidão misturado com pesar.

—"Sinto muito por tudo isso", disse ele, sua voz vacilante. "Se não fosse pelo laboratório..."Balancei a cabeça, compartilhando sua dor silenciosa.

—"Não é sua culpa" respondi.

Quando a conversa do grupo chegou a um impasse e os outros se afastaram para buscar suprimentos, encontrei-me sozinha com o garoto. Ele me encarou com curiosidade e um pouco de esperança em seus olhos cansados.

-"você parece conseguir falar novamente..."ele murmurou" como?".

-"Eu não sei bem, com o tempo minha voz voltou a funcionar..." eu respondi

-"Ah entendo" ele disse" você nunca disse seu nome..." ele riu baixinho, e gemeu de dor ao faze-lo.

-"É Sarah" falei por fim.

-"Adam" ele disse "sabe...as vezes parece que você sabe mais do que está revelando", comentou ele, sua voz fraca mas observadora.

Respirei fundo, decidindo confiar nele.

—"Eu posso fazer algo... estranho", comecei, escolhendo minhas palavras com cuidado. "Eu posso criar bolas de luz."

Os olhos dele se arregalaram ligeiramente, surpresos com minha revelação.

—"Bolas de luz? Como assim?"

Incerta de como explicar, concentrei-me novamente, e uma esfera brilhante de luz começou a formar-se entre minhas mãos, emitindo um brilho suave e reconfortante que iluminou nosso pequeno espaço na floresta.

—"Assim", murmurei, observando o brilho da esfera e o olhar maravilhado do garoto.

Ele ficou fascinado, seus olhos acompanhando cada movimento da luz.

—"Isso é incrível", disse ele, um sorriso pequeno surgindo em seu rosto cansado. "Você é incrível."

Eu sorri timidamente em resposta, um peso se levantando de meus ombros ao compartilhar meu segredo com alguém além de mim mesma.

-"Só por favor não conte a ninguém" eu disse cautelosa" tenho medo de eles me acharem um monstro".

-"Tudo bem, cada coisa no seu tempo" disse ele adormecendo ao meu lado.

Fiquei feliz, ele realmente era confiável...descansei os olhos e deitei ao seu lado pensando na dificuldade e no caminho que enfrentaríamos amanhã. Eu tive dificuldade para dormir, mas, quando escutei passos e vi meus amigos se aproximando adormeci rápido, pensando na segurança que suas presenças me traziam.

Enquanto a noite avançava nos preparávamos para o confronto iminente com nossos perseguidores, o garoto se tornou mais do que apenas um companheiro de fuga. Unidos pela determinação de sobreviver e pela esperança de um futuro além das sombras do passado, continuávamos avançando, cada passo nos aproximando do desconhecido que nos aguardava.

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